Contribuintes noruegueses lucram 213 mil milhões à boleia das gigantes tecnológicas
O gigantesco fundo soberano norueguês ganhou 13% em 2024, à conta da exposição ao mercado acionistas, particularmente às grandes tecnológicas que ocupam 9 das 10 principais posições do seu portefólio.
O Fundo Soberano da Noruega, o maior do mundo com ativos sob gestão de 1,7 biliões de euros, registou em 2024 uma rendibilidade de 13%, que se traduziram em ganhos de cerca de 213 mil milhões de euros, o equivalente a 81% do PIB de Portugal.
“O fundo obteve rendimentos muito bons em 2024, em resultado de um mercado de ações muito forte. As ações tecnológicas americanas, em particular, tiveram um desempenho muito bom”, refere Trond Grande, CEO do Norges Bank Investment Management (NBIM), entidade responsável pela gestão do fundo soberano, em comunicado.
Apesar deste desempenho, o fundo ficou ligeiramente aquém do seu índice de referência, com uma diferença de 0,45 pontos percentuais. No entanto, este desvio não ofusca os resultados alcançados desde a sua fundação, em janeiro de 1998, que se traduz numa rendibilidade anualizada de 6,3%, se traduz num desempenho 0,25 pontos percentuais acima do seu benchmark fixado pelo Ministério das Finanças.
A puxar pelo desempenho do fundo soberano em 2024 estiveram, uma vez mais, as ações, que pesam 71,5% dos ativos da carteira do fundo norueguês. “Foi um ano muito, muito forte para as ações”, referiu Trond Grande, no decorrer da apresentação dos resultados do fundo esta manhã.
Destaque particularmente para as grandes tecnológicas mundiais, como a Apple, Microsoft, Nvidia, Alphabet, Amazon e Meta que figuram entre as seis maiores posições do fundo com uma exposição agregada de 201 mil milhões de euros, que dominaram os mercados em 2024 com fortes valorizações, contribuindo significativamente para o desempenho global do fundo no ano passado.
Analisando mais detalhadamente os resultados por classe de ativos, o fundo revela que a carteira de ações brilhou com um retorno de 18%, enquanto os investimentos em rendimento fixo apresentaram um modesto ganho de 1%. Por outro lado, os investimentos em bens imobiliários não cotados sofreram uma ligeira perda de 1%, e as infraestruturas de energias renováveis não cotadas registaram um declínio mais acentuado de 10%.
Exposição do maior fundo soberano a Portugal
O Fundo Soberano da Noruega, oficialmente conhecido como Fundo de Pensões do Governo Global (GPFG) tem como objetivo principal gerir as receitas excedentes provenientes da exploração de petróleo e gás natural da Noruega, visando assegurar a prosperidade das gerações futuras.
A sua criação foi motivada pela necessidade de diversificar a economia norueguesa e garantir a sustentabilidade das finanças públicas a longo prazo, daí que conte com mais de 11 mil investimentos espalhados por 70 países. Um desses países é Portugal.
De acordo com a carteira mais recente do GPFG, o fundo tem posições acionistas em dez empresas cotadas na bolsa nacional, com destaque para os 5,6% do capital da EDP e 1,39% da Galp Energia. Estas duas posições representam 78,1% do investimento total de 1.138 milhões de euros que o fundo norueguês detinha na bolsa portuguesa no final do ano passado, que corresponde a apenas 0,1% do total dos seus investimentos em ações mundialmente.
O desempenho do Fundo Soberano da Noruega em 2024 reafirma a sua posição como um dos investidores institucionais mais influentes do mundo, mas também destaca a importância crescente do setor tecnológico na economia global.
Mas a exposição do fundo soberano norueguês a Portugal não se limita ao mercado acionista. Inclui também 560 milhões de euros investidos em obrigações de entidades nacionais, como seja uma posição de 134 milhões de euros aplicados em títulos de dívida do Novobanco e de 216 milhões em obrigações do Tesouro, até 14,5 milhões em obrigações da Região Autónoma dos Açores.
Estes números revelam uma estratégia de investimento cuidadosamente ponderada em Portugal, combinando participações em empresas líderes com investimentos em dívida soberana e corporativa. Embora representem uma fração pequena do portefólio global do GPFG, estes investimentos são significativos para o mercado português, proporcionando liquidez e confiança importantes.
O desempenho do Fundo Soberano da Noruega em 2024 reafirma a sua posição como um dos investidores institucionais mais influentes do mundo, mas também destaca a importância crescente do setor tecnológico na economia global e a importância de uma estratégia de investimento devidamente orientada para o longo prazo.
A capacidade do fundo de capitalizar as tendências de mercado, mantendo simultaneamente uma carteira diversificada, demonstra uma gestão astuta e uma visão de longo prazo.
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