Tarifas de Trump aceleram sell-off nas bolsas mundiais. Dólar e dívida ganham
O anúncio de tarifas sobre o Canadá, México e China, e a expetativa de novas taxas aduaneiras sobre a Europa, estão a atirar as ações para o vermelho e a acelerar a procura por ativos de refúgio.
Uma semana depois do fenómeno DeepSeek ter atirado as gigantes tecnológicas da Inteligência Artificial (IA) para o vermelho e roubado um bilião do seu valor de mercado, as bolsas vivem mais uma segunda-feira “negra”. O anúncio pelos EUA de tarifas aduaneiras de 25% sobre o Canadá e o México e de 10% sobre a China acelerou um novo sell-off nos mercados, com as bolsas europeias a corrigirem após terem fixado um novo recorde na semana passada e os futuros nos EUA a apontarem para uma abertura negativa, arrastadas pelas big tech, com os investidores a procurarem refúgio no dólar e na dívida.
O índice europeu Stoxx 600 segue a desvalorizar perto de 1,5%, arrastado pelas fortes quedas protagonizadas pelo setor automóvel, um dos setores mais afetados pelas tarifas, e pelas tecnológicas. O índice para o automóvel segue a desvalorizar 3,5%, com empresas como a Porsche, BMW, Volkswagen, Mercedes-Benz e Stellantis a negociarem com quedas entre 3,4% e 6,7%.
O índice tecnológico destaca-se também com uma descida de 2,3%, com a ASML Holding a liderar as quedas, com um recuo de 3,1%.
Já os futuros nos EUA estão a apontar para uma abertura negativa, com o índice de referência S&P 500 a negociar com uma desvalorização próxima de 1,5%. À imagem do que acontece na Europa, as fabricantes automóveis e as gigantes tecnológicas são as mais penalizadas.
A Nvidia, que na semana passada afundou perto de 17% e perdeu quase 600 mil milhões de dólares em capitalização bolsista apenas numa sessão, numa primeira reação à concorrência chinesa na IA, está novamente sob pressão. A gigante de Wall Street perde mais de 3% no mercado de futuros. Outras gigantes como a Apple e a Microsoft também negoceiam com quedas de 2%.
No setor automóvel, a Ford cai mais de 4% e a General Motors tomba 6,7%.
Enquanto as bolsas seguem a negociar no vermelho, o dólar soma ganhos, seguindo em máximos de dois anos face ao euro. A aliviar estão também as yields das obrigações europeias, com os investidores a procurarem refúgio nestes ativos.
Tarifas vão manter ações sob pressão
As ações estão a reagir às novas tarifas anunciadas por Trump, que vão ter impacto sobre 1,3 biliões de bens, ou mais de 40% das importações dos EUA. O presidente norte-americano já reconheceu que as taxas aduaneiras — espera-se que anuncie em breve tarifas sobre a Europa — também tenham impacto nos consumidores americanos.
Os analistas acreditam que a imposição de novas tarifas vai pressionar os resultados e as ações. O Goldman Sachs estima que se as taxas aduaneiras forem sustentadas, poderão reduzir a previsão de crescimento do lucro por ação (PER) do S&P 500 em cerca de 2% a 3%, enquanto o Morgan Stanley também prevê que as ações dos EUA fiquem sob pressão.
Chris Beauchamp, analista-chefe da IG, nota que “as novas tarifas agressivas de Donald Trump sobre o México, o Canadá e a China apanharam os mercados desprevenidos, forçando os analistas a rever rapidamente as suas previsões económicas”. O especialista realça que o Goldman Sachs prevê que as medidas anunciadas por Trump poderão reduzir o PIB em 0,4% e aumentar a inflação em 0,7%, enquanto o Morgan Stanley estima “um impacto ainda mais severo, com potencial para reduzir o PIB dos EUA até 1,1%”.
Já os analistas do UBS consideram que o tema das tarifas deverá pressionar os mercados “e contribuir para a volatilidade, pelo menos até que os investidores obtenham maior clareza sobre o caminho e destino da política comercial dos EUA”.
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