Exportações de componentes automóveis travaram 4,5% em 2024 e “o futuro próximo não é animador”
Apesar da queda abaixo do esperado em dezembro, fábricas portuguesas perderam 560 milhões de euros durante o ano passado. Líder do setor diz que terão de “ajustar atividade e capacidade de produção".
As exportações de componentes automóveis atingiram os 11.785 milhões de euros durante o ano passado, o que significa uma quebra de 4,5% relativamente a 2023. Apesar da perda de 560 milhões face ao valor recorde no ano anterior, ressalva a associação do setor (AFIA) que continuam a representar quase 15% das vendas portuguesas de bens transacionáveis ao exterior.
A sofrer com a travagem brusca das encomendas sobretudo por parte das construtoras automóveis alemãs, francesas e espanholas – as vendas para o mercado europeu recuaram 5,1% em termos homólogos em 2024 –, as fornecedoras nacionais salientam, ainda assim, que a queda no último mês do ano (-4,5%) abaixo do projetado poderá indicar uma “alteração do mix de produção na Europa e o reforço de outros destinos”.
No total do ano passado, a Europa absorveu 88,5% das exportações do setor, figurando Espanha (quota de 28,3%), Alemanha (23,4%) e França (8,4%) no pódio dos destinos. Todos estes países encolheram as compras a Portugal, contribuindo para o primeiro recuo desde a pandemia neste indicador.
Fora do Velho Continente, a associação setorial destaca os EUA (4,9% do total) e Marrocos, que ainda ocupa a 11.ª posição na lista de clientes (quota de 2,1%), mas que em 2024 aumentou em 26,1% as compras às fábricas nacionais.
Perspetivando 2025, José Couto, presidente da AFIA, reconhece que “os dados para o futuro próximo não são animadores”. “A redução das vendas de veículos no mercado europeu, juntamente com os sinais de queda, informados pelos clientes, que temos vindo a registar, deixam antever tempos ainda mais conturbados para o setor automóvel, o que fará com que, provavelmente, as empresas tenham de ajustar a atividade e a capacidade de produção que existe neste momento no nosso país”, acrescenta.
Em comunicado, a associação sediada em Matosinhos defende que, apesar da contração verificada no ano passado e de os dados para este ano anteciparem uma nova recessão, este setor “continua a ser estratégico para a economia portuguesa”. A evolução dos próximos meses, assinala ainda, dependerá da recuperação da indústria automóvel europeia, da estabilização das cadeias de abastecimento e das políticas comerciais globais, como as tarifas que estão a ser impostas pelos EUA.
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