Bruxelas estima impacto das tarifas de até 0,6% do PIB na União Europeia até 2027

  • Lusa
  • 11 Abril 2025

Numa das primeiras previsões de Bruxelas sobre as atuais tensões comerciais transatlânticas, baseadas na taxa de 25%, Comissão Europeia prevê que impacto económico seria cinco vezes pior nos EUA.

A Comissão Europeia estima um impacto económico de até 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia por novos direitos aduaneiros norte-americanos permanentes, que seria cinco vezes pior nos Estados Unidos pela ‘guerra’ tarifária iniciada pelo país.

“De acordo com as nossas últimas simulações de modelos sobre o impacto dos direitos aduaneiros nos Estados Unidos, o PIB norte-americano seria reduzido entre 0,8 a 1,4% até 2027, enquanto o impacto negativo na UE seria menor, de cerca de 0,2% do PIB”, começou por dizer esta sexta-feira o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, em Varsóvia, na Polónia.

Falando no final da reunião informal dos ministros das Finanças do euro e antes do encontro esta tarde dos governantes europeus da tutela, Valdis Dombrovskis acrescentou: “Se os direitos aduaneiros forem considerados permanentes ou se forem tomadas novas contramedidas, as consequências económicas seriam mais negativas, podendo atingir 3,1% a 3,3% para os Estados Unidos e 0,5% a 0,6% para a UE e 1,2% para o PIB mundial”.

Ao mesmo tempo, “o comércio mundial diminuiria 7,7% em três anos”, destacou, numa das primeiras previsões de Bruxelas sobre as atuais tensões comerciais transatlânticas, baseadas na taxa de 25%.

Valdis Dombrovskis salvaguardou, porém, que “estas simulações não têm em conta a perda adicional de confiança dos investidores e das empresas na economia dos Estados Unidos, o que poderia aumentar o impacto negativo no PIB”.

Além disso, “dada a extraordinária incerteza e a rápida mudança das suas decisões, as nossas simulações de modelo não podem ser totalmente precisas, mas mostram a tendência geral de que as tarifas são prejudiciais para a economia e para a prosperidade”, adiantou.

Bruxelas avisa EUA que retaliará se não houver “soluções mutuamente aceitáveis”

O comissário europeu avisou também que a UE avançará com um primeiro conjunto de direitos aduaneiros se, na atual pausa nas tarifas dos Estados Unidos, os dois blocos não chegarem a “soluções construtivas e mutuamente aceitáveis”.

“Do lado da UE, estamos dispostos a trabalhar connosco e a encontrar soluções construtivas, soluções mutuamente aceitáveis e, para tal, também suspendemos por 90 dias o nosso primeiro conjunto de direitos aduaneiros. Mas, obviamente, também estamos a passar a mensagem de que, se não virmos movimento do lado dos Estados Unidos e vontade de se afastar deste tipo de política, não hesitaremos a defender a nossa economia, ajudaremos a defender as nossas empresas”, avisou Valdis Dombrovskis.

Em declarações à chegada à reunião informal dos ministros das Finanças do euro, em Varsóvia, o responsável apontou que “o tema mais urgente” em cima da mesa está relacionado com “as tarifas de Trump [Presidente norte-americano] e as suas implicações macroeconómicas, bem como a resposta da UE para, de certa forma, minimizar o contributo económico negativo”.

“Em todo o caso, vemos o efeito macroeconómico negativo na economia da UE e dos Estados Unidos. E, na verdade, na economia norte-americana, os efeitos negativos são maiores do que na UE, uma vez que os Estados Unidos estão a aplicar amplamente essas tarifas”, observou, sem quantificar.

Valdis Dombrovskis admitiu tratar-se de uma “situação muito volátil e incerta” e reforçou que a UE está “pronta para defender os seus interesses económicos e as suas empresas, se for necessário, se não vir qualquer movimento por parte dos Estados Unidos”.

Numa entrevista publicada no jornal britânico Financial Times, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, admitiu taxas às empresas digitais norte-americanas, caso não se consiga chegar a um acordo nestes 90 dias que reduza a vaga de tarifas de Donald Trump contra a Europa.

Os ministros das Finanças da zona euro discutem esta sexta-feira o impacto económico das novas tarifas aduaneiras dos Estados Unidos, num contexto de alívio após o anúncio norte-americano de suspensão temporária, pausa também adotada pelo bloco comunitário.

Realizada em Varsóvia pela presidência do Conselho da UE assumida pela Polónia, a reunião informal do Eurogrupo — dos ministros do euro — acontece num momento de acentuadas tensões comerciais após anúncios de Donald Trump, de taxas de 25% ao aço, alumínio e automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas entretanto suspensas por 90 dias.

 

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