Exclusivo Builtrix expande para Espanha e aponta mira aos Países Baixos e Reino Unido
Startup que desenvolveu solução que usa IA para monitorizar gastos de energia em edifícios, permitindo a sua otimização, prepara ainda uma ronda de capital.

A Builtrix, startup portuguesa que usa inteligência artificial (IA) para ajudar empresas a reduzir custos energéticos e alcançar metas ESG, prepara-se para expandir a operação para Espanha no terceiro trimestre e para os Países Baixos e o Reino Unido em 2026. Pretende levantar até dois milhões de euros para alimentar a expansão internacional.
No mercado externo, a empresa já tem clientes em Itália, Suíça e França. Agora prepara-se para dar o salto para Espanha. “A expansão internacional é uma prioridade estratégica da Builtrix para 2025. Além dos projetos internacionais já desenvolvidos, vamos começar por Espanha no 3.º trimestre de 2025, onde identificamos uma forte convergência nos regulamentos ESG e desafios semelhantes em eficiência energética e conformidade — especialmente nos setores imobiliário e hoteleiro. Espanha é uma extensão natural das nossas operações, tanto geograficamente como estrategicamente”, adianta Javad Hatami, cofundador e CEO da Builtrix.
No mercado espanhol, onde estão a “intensificar os esforços comerciais”, a Builtrix espera “angariar os primeiros três a cinco clientes até ao final de 2025, principalmente nos setores imobiliário e hoteleiro, impulsionados por exigências regulatórias e pressão dos investidores”, estima o CEO. “Com base no nosso modelo de preços e nas conversas iniciais, prevemos que Espanha possa representar 15% a 20% da nossa receita anual dentro de dois anos“, estima.
Até 2027, esperamos duplicar a nossa base de clientes internacionais e gerar 40–50% da receita fora de Portugal.
Depois de Espanha, vários outros mercados europeus estão identificados e já com data. “Em 2026, pretendemos expandir para os Países Baixos e o Reino Unido, com o objetivo de escalar posteriormente para o Norte da Europa. Estes são mercados com pressão crescente em ESG e onde existe procura por soluções digitais para descarbonizar portefólios imobiliários”, revela.
“Estes mercados têm elevada maturidade digital, o que se alinha com o nosso modelo ‘sem hardware‘. Até 2027, esperamos duplicar a nossa base de clientes internacionais e gerar 40–50% da receita fora de Portugal”, aponta.
“A nossa ambição a longo prazo é tornar-nos a plataforma líder de inteligência energética para ESG em edifícios no Sul e Oeste da Europa — com forte presença nos setores do retalho, hotelaria e investimento imobiliário”, aponta.
Nesta fase, a expansão assenta em “parcerias locais”, não passando pela abertura de sucursais físicas. “Acreditamos num crescimento inteligente. Em vez de abrir escritórios em cada país, estamos a construir parcerias locais com consultores energéticos, especialistas ESG e empresas de gestão de edifícios com experiência e redes nos setores alvo. Isso permite-nos entregar expertise local com menor custo operacional”, justifica.
“A médio prazo, caso atinjam massa crítica num mercado — especialmente em Espanha — podemos considerar estabelecer uma presença local, com um responsável comercial ou uma equipa satélite. Mas, por agora, o nosso foco está num crescimento ágil e eficiente em termos de capital, que nos permita validar cada mercado com o mínimo de fricção possível”, admite.
Por agora, a equipa em Portugal continuará a liderar as operações centrais — incluindo produto, suporte e sucesso do cliente.
Ronda para alimentar expansão
Para alimentar este plano de expansão, a startup está a preparar uma nova ronda de investimento. “A entrada em novos mercados — especialmente Espanha e Países Baixos — requer investimento em vendas, parcerias, adaptação ao mercado e conformidade regulatória”, justifica o CEO.
Estamos a planear uma ronda seed+ ou pré-série A no segundo semestre de 2025, com um objetivo de 1,5 milhões a 2 milhões de euros”, adianta. Para isso, já estão em “conversações iniciais com impact-driven VC e investidores estratégicos nas áreas de energia, SaaS e proptech“, acrescenta.
“O nosso foco não está apenas no capital, mas sim em capital inteligente — parceiros que compreendam a oportunidade de longo prazo na descarbonização dos edifícios e na infraestrutura digital para ESG”, ressalva.
Estamos a planear uma ronda seed+ ou pré-série A no segundo semestre de 2025, com um objetivo de 1,5 milhões a 2 milhões de euros. (..) Para isso, já estão em “conversações iniciais com impact-driven VC e investidores estratégicos nas áreas de energia, SaaS e proptech.
Essa futura injeção de capital — a que se junta ao meio milhão já angariado pela empresa no mercado — servirá para “expandir os esforços comerciais em Espanha”, “construir parcerias estratégicas nos Países Baixos e Reino Unido”, melhorar funcionalidades da plataforma, bem como “reforçar as equipas técnicas e de serviço ao cliente em Portugal”.
“A ronda também nos ajudará a acelerar a posição da Builtrix como a principal plataforma de inteligência energética para edifícios, especialmente nos setores do imobiliário, hotelaria e retalho — setores que enfrentam uma pressão real em termos de ESG e descarbonização”, diz.
A liderar o projeto europeu WeForming — iniciativa que envolve seis países, estando a realizar pilotos em “edifícios comerciais, residenciais e públicos (incluindo um demonstrador em Portugal, que envolve um grande centro comercial em Viseu com geração interna e armazenamento de energia)” —, a startup desenvolveu uma plataforma que se integra com fornecedores de energia e sistemas dos edifícios para recolher automaticamente dados de eletricidade, gás e água, permitindo detetar ineficiências, acompanhar o desempenho ao longo do tempo e definir metas de descarbonização.
Em simultâneo, ajuda os clientes a “prepararem-se para a nova vaga de relatórios de sustentabilidade (como o CSRD na UE), estruturando os dados em conformidade com os protocolos GEE e os padrões europeus. Isso reduz riscos legais e aumenta a confiança dos investidores”, descreve o CEO.
Uma solução que tem tido adesão do setor imobiliário, hoteleiro, retalhista ou administração pública. O HF Hotels, Grupo Visabeira, Montebelo Hotels & Resorts, Município de Cascais, Details Hotels & Resorts, “além de conhecidas lojas de conveniência e retalho localizadas nas autoestradas portuguesas” são alguns dos clientes em carteira.
“Em todo o país, gerimos mais de 200 contadores e localizações ativas”, diz. No total, a plataforma já “monitorizou mais de 1.000 edifícios e contadores em toda a Europa, cobrindo mais de três milhões de metros quadrados, com um valor estimado de ativos de 10 mil milhões de euros“. E já ajudou a “gerir emissões de mais de 1,2 milhões de toneladas métricas de CO2, dando aos nossos clientes a visibilidade necessária para cumprir exigências regulatórias e metas de sustentabilidade”.
Reforço de equipa
Fundada em 2020 e hoje com uma equipa de seis pessoas, a trabalhar num modelo híbrido, que combina trabalho no escritório com flexibilidade remota, em particular para equipas de produto, a startup tem planos para reforçar o número de trabalhadores.
“Planeamos expandir a equipa em 2025 como parte da estratégia internacional”, diz o CEO. A startup quer reforçar na área de desenvolvimento de negócios & vendas (Espanha e Sul da Europa), com perfis “com experiência em SaaS B2B ou soluções de sustentabilidade, de preferência com ligações aos setores imobiliário, hoteleiro ou retalhista” e em que a fluência em espanhol é “prioritária”; procura ainda analistas de energia & ESG, engenheiros de software & integração de dados e para apoio ao cliente e onboarding.
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