Rui Rio não tem jeito
Todos já sabiam, mas têm vergonha de o dizer: Rui Rio não nasceu e não tem jeito para isto.
Ninguém no seu juízo normal teria grandes expectativas sobre a liderança de Rui Rio. Um homem sem mundo, provinciano no seu âmago, cheio de complexos interiores e com uma visão curta do que é um país. Para fazer discursos populistas contra a comunicação social e a Justiça qualquer um no facebook os pode fazer, só isso não basta para liderar um grande partido.
O seu estado mental ficou expresso no desdém com que se pronuncia sobre Lisboa: a Corte, na sua linguagem sem pruridos comunicacionais mas também com pouco sentido e oportunidade. Aliás, cabe-me deixar a sugestão dos jornalistas procurarem ver quantos dias passou na São Caetano e na capital de Portugal. É que todos conhecemos o seu horror para sair do Porto, de onde não consegue tirar a família e impondo uma quase segunda sede nacional do PSD na Invicta para ali poder despachar sem ter de se deslocar.
É natural que para liderar se tenha de conhecer o território, contactar com as populações mais humildes e com os empreendedores que insistem em levar a economia para a frente, a criar riqueza e emprego, apesar de terem um inimigo que os rouba diariamente que se chama Estado. Porém, todos sabemos que as grandes decisões ocorrem em Lisboa, onde certos restaurantes mandam muito mais que os holofotes das televisões que seguem Rio pelo País à espera que ele diga alguma coisa interessante, algo quase impossível.
A sua liderança tem sido tão paupérrima como a exibição da nossa Selecção contra Marrocos, mas com uma diferença: há muito talento na Rússia, capitaneado por Cristiano Ronaldo, que a qualquer momento se pode soltar, enquanto no PSD suspeita-se, ou melhor, confirma-se que há um vazio de ideias e uma ausência de brilhantismo confrangedor. Rio não consegue capitalizar a descida do PS nas sondagens porque tem um general perdido no seu labirinto de dúvidas e incertezas.
Por isso quando vai ao grupo parlamentar e ninguém o aplaude com convicção isso é a prova de que sabem que estão a ir a jogo para perder, sem saber muito bem se Rio vai mesmo alinhar numa Grande Coligação como acontece no berço das suas ideias que é a Alemanha. Já esqueceu as setas que são a matriz fundacional do PPD/PSD, de resto sobra uma comunicação medíocre e uma estratégia imperceptível porque não existe. O partido arrisca-se a viver um Outono do Patriarca, como no livro de Garcia Márquez, sem que o seu presidente ocupe algum dia o poder, que foi o que prometeu nas últimas primárias. Todos já sabiam, mas têm vergonha de o dizer: Rui Rio não nasceu e não tem jeito para isto.
O autor escreve segundo a antiga ortografia
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