“Andamos a batalhar há décadas pela criação de um fundo para catástrofes”

Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade, fala dos grandes desafios que se colocam ao setor, juntando a questão sísmica à demografia e às alterações climáticas.

O tema da criação de um fundo que pudesse cobrir os danos de um grande sismo parece ser consensual há muito em Portugal, mas teima em não sair do papel. Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade — a maior seguradora portuguesa — insiste na necessidade, mas diz que “falta o poder político olhar para o problema, considerá-lo verdadeiramente grave e criarmos o alinhamento que precisamos ter para criar esse mecanismo”.

Em entrevista ao ECO, Rogério Campos Henriques fala ainda do défice de proteção de riscos que existe em Portugal e foca dois dos que considera ser os maiores desafios para o setor e para a sociedade: a demografia e as alterações climáticas.

O responsável é um dos candidatos ao Prémio CEO dos IRGAwards, iniciativa da Deloitte que tem o ECO como parceiro e cujos resultados serão conhecidos a 22 de maio.

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Como é que se concilia ser uma empresa com uma origem tão antiga, com mais de mais de 200 anos, com a necessidade da empresa ser ela própria uma agente de mudança, uma agente de evolução? Como é que se agarra numa coisa com tanto tempo, com origem num setor tradicional e se faz este caminho?

Bom, é verdade que os seguros tendem a ser considerados um setor mais tradicional e, aliás, eu até diria que até há alguns anos as pessoas olhavam para os seguros e consideravam-nos, de facto, um setor que ia sempre atrás. Nestas vagas de inovação e de transformação tecnológica, considerava-se que os seguros iam sempre atrás. Mas também é verdade que se nós olharmos para a tal natureza de longo prazo, só é possível ter esta sobrevivência, esta longevidade, do ponto de vista do negócio, se nós tivermos capacidade de adaptação à realidade. E foi isso que foi sempre acontecendo ao longo dos séculos, no nosso caso, ao longo dos séculos. É verdade que essa dinâmica existe. Eu diria que nos últimos dez anos, sobretudo, a Fidelidade, mas não só a Fidelidade, o setor como um todo tem feito um caminho de grande inovação e de grande transformação tecnológica e, portanto, se podíamos dizer que se calhar há dez, 15 anos atrás se olhava para os seguros como estando mais atrás, hoje em dia, em muitas áreas, a indústria seguradora e a Fidelidade têm feito um caminho de forma a estar na linha da frente do que melhor se faz em tudo o que tem a ver com inovação, transformação digital, tecnologia e por aí fora. Em algumas coisas somos uma referência.

Como é que isto se fez? Naturalmente se fez porque houve, do ponto de vista da empresa, uma visão clara, estratégica, de que fazia sentido estarmos na linha da frente. E fazemos não só porque estamos de alguma forma preocupados com o futuro da Fidelidade, mas porque temos esta visão de que nós temos um papel proactivo na sociedade. E, portanto, se a sociedade enfrenta desafios importantíssimos como as questões demográficas, as questões da sustentabilidade, as questões do protection gap, nós temos que estar lá, temos que estar preparados e na linha da frente da solução destes problemas.

Isso significa transformarmos o nosso negócio. Transformarmos a nós próprios para sermos capazes de criar as respostas que as pessoas precisam de ter. É esta a dinâmica. Há aqui uma vontade clara, uma visão estratégica muito clara de que esse é o nosso papel e, portanto, temos que trabalhar nessa lógica.

Hoje em dia em Portugal somos 3400 pessoas, mas nos últimos dez anos contratámos 2600. Significa que houve aqui uma renovação enorme.

Rogério Campos Henriques

CEO da Fidelidade

Curiosamente, sempre mantendo aquele claim orgulhoso dos dois séculos, que é um ativo valioso também em termos de marca, não é?

Claramente. Faz parte um pouco do nosso DNA, não há dúvida nenhuma. Aliás, quando nós aqui há uns anos atrás repensámos até os valores da empresa e fizemos um processo de auscultação interna, eu na altura fiquei muito satisfeito porque do que saiu desse processo de auscultação interna dos nossos colaboradores nós não tínhamos que mudar quase nada. Porque as pessoas reviam-se muito naqueles valores, nós revíamo-nos muito naquilo que as pessoas estavam a dizer.

E, curiosamente, havia ali uma conjugação interessante, que era a importância da experiência, do expertise, o tal lastro histórico, que nós temos e somos uma referência em Portugal nessa matéria, mas por outro lado conciliar isso com a dinâmica de inovação, em que queremos estar sistematicamente na linha da frente do que melhor se faz no setor e é engraçado fazer esta transposição.

Nos últimos dez anos, a Fidelidade fez uma transformação do negócio e da organização muitíssimo grande. Hoje em dia em Portugal somos 3.400 pessoas, mas nos últimos dez anos contratámos 2.600. Significa que houve aqui uma renovação enorme e uma das nossas grandes preocupações — e isso é muito inerente ao nosso negócio — é nós estarmos sempre a conciliar a experiência das pessoas que estão, que percebem mais do negócio, que estão connosco há mais tempo, com a criatividade, a energia, o know-how, às vezes em áreas novas, das pessoas que chegam. E é da conciliação destas duas variáveis que eu acho que nós podemos dizer que vem muito do nosso sucesso, vamos ter sempre esta dinâmica muito presente.

Como é que a Fidelidade, e a indústria seguradora, pode responder a dois dos desafios que o preocupam bastante: as alterações climáticas e também a questão da demografia?

Sinceramente, do nosso ponto de vista, são as duas grandes questões do nosso tempo. A questão climática é, e muitas vezes dizemos isto, uma questão existencial. Nós estamos a discutir a nossa existência, a nossa sobrevivência a longo prazo. E, portanto, muitas vezes até dizemos que é a batalha dos nossos tempos, hoje em dia. Temos muito para fazer nessa matéria. Isto acaba por ser uma dinâmica recente, mas as seguradoras têm hoje em dia uma visão sobre o mundo em que nós percebemos que, por um lado, somos muito afetados pelas questões climáticas, que já estão aí, as alterações climáticas nós já estamos a vivê-las todos os dias, basta falar na tempestade Martim que aconteceu há pouco tempo. E se olharmos para trás, a frequência e a severidade de eventos deste género não existia da mesma maneira há poucos anos.

Portanto, está a acontecer. Por outro lado, nós também entendemos que podemos ter um papel a ajudar a sociedade a fazer este caminho. E de duas formas diferentes. Por um lado, a reduzir as emissões. Nós não só reduzimos as nossas, aliás quando fazemos o cálculo das emissões que são inerentes ao setor segurador, só para aí entre 3 a 5% é que são as nossas emissões diretas. Nós, de certa forma, somos responsabilizados pelas emissões dos nossos investimentos e pelas emissões dos nossos clientes nos seguros que vendemos. Temos uma visão muitíssimo abrangente. Achamos que podemos fazer a diferença, apoiar os nossos clientes, da forma como eles atuam, para reduzir as suas emissões, porque isso vai nos beneficiar-nos no cálculo das nossas emissões e nos investimentos na forma como nós incentivamos as empresas e as famílias a tomarem as decisões mais corretas.

Portanto, há uma atuação muito proactiva. Por outro lado, há uma dinâmica que ainda não está assim tão interiorizada, eu acho, que é o papel que nós também podemos ter na adaptação às alterações climáticas. Vamos ser realistas, elas estão aí. E nós, por muito que consigamos reduzir as emissões, vamos ter as próximas décadas de fortíssimas alterações climáticas. Vamos ter que lidar com isso, e as seguradoras podem, de facto, ajudar, como eu dizia, os clientes, as famílias e as empresas a fazer este caminho e a adaptarem-se melhor, quer com incentivos, quer criando estímulos para que as pessoas possam ter as atuações mais corretas. E nós queremos ter esse papel. Portanto, é uma preocupação enorme que queremos ter e achamos que podemos ter uma atuação proactiva.

Rogério Henriques, CEO da Fidelidade, em entrevista ao ECOLuís Francisco Ribeiro/ECO

Nesta questão das alterações climáticas, há aquele ponto óbvio, não é? Vamos ter mais desastres, vamos ter mais custos, vamos ter mais necessidade de cobertura, vamos ter que ter mais necessidade de análise de risco perante situações de gravidade maior. Tudo isso para uma atividade seguradora é o core, não é?

Nós analisamos o risco, nós gerimos o risco, não é? E a verdade é que estes riscos são dinâmicos e, portanto, como se está a ver, nós estamos consistentemente a trabalhar nesta atualização deste entendimento dos riscos. Posso dizer que do ponto de vista climático nós estamos neste momento a trabalhar num conjunto de informações que nos permitem em cada ponto geográfico do país perceber quais é que são os riscos climáticos a que existe mais exposição e menos exposição. E iremos depois partilhar com os nossos clientes, a sociedade civil, esta informação. Porque isto é informação importante, para as pessoas poderem atuar.

Nós muitas vezes ouvimos dizer que as pessoas andam a construir em zonas de leito de cheia, por exemplo. Não faz sentido. Hoje em dia começa a haver informação que podemos cruzar com várias fontes e criar um registo nacional, que é informação muito útil para depois podermos ajudar as pessoas a tomar decisões corretas. Temos é que depois ter a clarividência de o fazer, mas vamos trabalhar nesse tema e em consistentemente atualizar, porque isto está consistentemente a mudar.

É uma dinâmica de facto muitíssimo grande. Portanto, vamos claramente fazer isso e vamos ser muito proativos na parte do aconselhamento, da preparação, na tal adaptação aos eventos que vão surgir, porque vão ser mais frequentes e mais severos. Isso é uma dinâmica óbvia.

Estamos neste momento a trabalhar num conjunto de informações que nos permitem em cada ponto geográfico do país perceber quais é que são os riscos climáticos a que existe mais exposição

Rogério Campos Henriques

CEO da Fidelidade

Indo à demografia, traz inúmeros desafios, desde segurança social, por exemplo, mas não só. Dentro do que é a demografia e o problema que nós temos do envelhecimento da população, o segmento sénior, em sentido lato, é um daqueles que precisa de ser mais trabalhado, mais explorado na ótica seguradora? Faz sentido haver produtos globais para séniores, que incluam desde a proteção da saúde mas também soluções de reforma, que englobe várias coisas, tendo em atenção que este é um mercado que está a crescer e vai continuar a crescer cada vez mais?

O tema da demografia é muito amplo, claro. É muito, muito amplo e nós acabamos por, tipicamente, abordá-lo sobre a temática da longevidade. E longevidade, para nós, não tem só a ver com séniores. Longevidade começa no momento em que se nasce, ou até antes. E, portanto, isso significa que nós temos que ser capazes, na indústria, de trazer e de criar soluções que existem, que sejam mais atrativas, mais flexíveis e que, de facto, as pessoas adotem. Porque muitas vezes o desafio está aí, a indústria seguradora muitas vezes tem soluções que protegem as pessoas de alguma forma, mas existe aquilo que chamamos o protection gap e na longevidade o protection gap é enorme. Eu não queria fugir do tema de discutir só os séniores porque os séniores são uma questão, mas nós temos que preparar a nossa longevidade, todos nós que não somos tão séniores. Há um trabalho a fazer, do nosso ponto de vista, de sensibilização da sociedade, de todos nós, para o que isso significa, para o que a longevidade vai significar.

E nós temos que nos perguntar se, de facto, nós hoje em dia, cada uma, cada um de nós, está a fazer o que deve. Será que estamos a preservar a nossa saúde de forma correta? Será que estamos a adotar estilos de vida saudáveis? Será que estamos a poupar o suficiente para a reforma? E será que quando poupamos investimos adequadamente esse capital? Será que estamos a pensar nas necessidades que vamos ter daqui a dez ou 15 ou 20 anos, do ponto de vista até de assistência nas nossas casas? Há uma panóplia de questões que tem que ser pensada coletivamente. E nós, na indústria, sabemos que não vamos ter todas as soluções. Mas sabemos que temos que criar soluções que sejam inovadoras, flexíveis, com um preço razoável, para que as pessoas possam adotá-las e que permitam ganhar escala para complementar as soluções públicas. No tema da segurança social, as soluções puramente públicas não vão conseguir dar conta do recado. Nós, por outro lado, na indústria seguradora, temos um papel importantíssimo porque podemos estar, e no caso da Fidelidade isso é muito evidente, na área da saúde, na área da poupança, da reforma, na área da assistência.

É uma das nossas grandes prioridades estratégicas para os próximos anos. É de facto este tema da longevidade, mas que tem que passar por produtos, por distribuição, por comunicação, por criar uma dinâmica em que as pessoas ganham sensibilidade para a questão e em que nós criamos os instrumentos, que aliás não devem ser só criados pelas seguradoras. Há aqui uma visão integrada de parceria com outro tipo de identidades que prestam serviços e até com o Estado, para criar os incentivos e os estímulos.

Até começando pela educação, não é?

Até começando pela educação. Criarmos os estímulos para que, coletivamente, nós possamos estar mais preparados para esta realidade, que é uma realidade insofismável e que vamos ter que viver. Agora, é um desafio enorme. Nós, na Fidelidade, estamos a vê-lo como um dos nossos grandes desafios. E é muito curioso, estávamos a falar aqui de duas coisas, o tema climático, por um lado, e o tema da demografia, por outro. E é muito interessante como, no caso da questão climática, nós às vezes ainda achamos que há aqui uma incerteza, pode acontecer, pode não acontecer. No caso da demografia não há incerteza nenhuma, nós estamos a ver o que vai acontecer e é curioso como uma coisa que é basicamente matemática, nós sabemos o percurso que vamos ter, nós não estamos a atuar com a celeridade e com a intensidade, coletivamente, que deveríamos ter para um problema que nós sabemos que vai acontecer. Há um trabalho enorme a fazer.

Quando falamos de protection gap, no fundo, do que estamos a falar são riscos que têm potencial de ser avaliados e de ser cobertos, e não são cobertos, porque ou as pessoas não procuram os seguros, ou os produtos não estão adequados. Esse protection gap existe mais por uma questão de custo, ou uma questão de falta de informação, desconhecimento por parte dos potenciais clientes, que não sabem que o produto existe ou acham que não é para si?

Isto é um tema clássico nos seguros, e vamos ser realistas, não é um tema português. A Humanidade tende sempre a subestimar os riscos. Essa é que é a grande verdade. E, portanto, o que depois acontece é que em algumas sociedades que têm um pouco mais de sofisticação, mais cultura de risco, as pessoas estão mais protegidas e, portanto, o protection gap é menor.

Em Portugal, tipicamente, e quando olhamos a nível europeu, nós estamos um bocadinho mais abaixo na tabela e temos um protection gap mais assinalável em múltiplas dimensões.

E isso existe, temos que ser realistas, porque de facto nós subestimamos tradicionalmente os nossos riscos, somos humanos. Por um lado, muitas vezes não existe formação nestas áreas, e nós muitas vezes falamos dos temas de literacia financeira, onde também estamos na parte de baixo da tabela. Mas se fôssemos discutir a literacia do risco, estaríamos então também muito abaixo na tabela. Falta-nos essa capacidade. Temos que investir muito na educação, temos que investir muito na comunicação e em criar esta cultura de risco. Também temos que investir, em alguns casos, em criar soluções que sejam mais affordable, para que as pessoas as possam ter. Mas também posso dizer que nós, hoje em dia, na indústria, vemos em muitas situações soluções que são perfeitamente flexíveis e até baratas e não têm adoção, porque existe de facto aqui um problema de falta de cultura de risco.

Muitas vezes as pessoas têm a tentação de pensar que quem tem menos meios económicos é quem se calhar deveria ter menos proteção, quando é justamente o contrário. Porque a verdade é que quem tem menos capacidade económica é quem deve investir mais na sua proteção porque não tem a rede para suprir uma dificuldade maior. Muitas vezes há soluções que são muito baratas que as pessoas podem ter, que lhes acrescentam uma rede de proteção e que as pessoas decidem não ter ou não conhecem.

Os portugueses têm uma tentação sempre, acho que é histórico, é cultural, de que o Estado há de resolver

Rogério Campos Henriques

CEO da Fidelidade

Se eu não sei que eu tenho esse risco ou não sei avaliar devidamente esse risco, também não vou à procura de uma solução. Vem daí desta cultura de risco e de avaliação.

Os portugueses têm uma tentação sempre, acho que é histórico, é cultural, de que o Estado há de resolver. Acho que há aqui um caminho a fazer. Para ser sincero, eu acho que nós temos feito, coletivamente, um caminho muito positivo, mas temos muito pela frente, porque nós estamos consistentemente a falar disso. Quando nós falamos de coisas como as casas em Portugal, há uma percentagem enorme que não tem seguro de espécie nenhuma. Há uma percentagem ainda muito maior que tem um seguro de incêndio, que é o que é obrigatório por lei, mas que nem toda a gente cumpre. Mas depois não tem seguro de recheio.

E nem vou falar do tema da proteção sísmica, que é um tema que é muito caro à indústria seguradora, mas que os últimos cálculos apontam para que só 19% das casas em Portugal é que tenham proteção sísmica. Isso dá-nos uma noção do problema que poderíamos ter no dia em que tivermos um sismo verdadeiramente grave. E, portanto, volta a ser uma dinâmica de, coletivamente, nós termos as soluções. Aliás, no caso dos seguros, nós andamos a batalhar há décadas pela criação de um fundo para catástrofes e ainda não conseguimos que, do ponto de vista político, chamemos assim, exista a capacidade de implementar uma solução que já existe noutros países e que, de facto, fornece a rede de segurança que é preciso ter.

Uma coisa curiosa, nós lembramo-nos todos daquelas cheias de Valência. Em Espanha, foi, de facto, o consórcio, que é o mecanismo que existe em Espanha, que serve para as catástrofes e, portanto, que apoia nas catástrofes, que suportou grande parte dos custos relacionados com aquele evento. E nós, em Portugal, não tínhamos isso. Aliás, se calhar pensaríamos que o Estado iria resolver.

Se formos por aí, a Fidelidade nasce não muito depois do grande terramoto…

É verdade. Em 1808. Exatamente.

Não foi assim tanto tempo depois. E nós há décadas discutimos a questão do fundo sísmico, depois pode ser fundo sísmico, pode ser um fundo mais alargado para fenómenos naturais, mas o que é que falta? É que não há quem diga que não é preciso…

Acho que falta o poder político olhar para o problema, considerá-lo verdadeiramente grave e criarmos o alinhamento que precisamos ter para criar esse mecanismo. Muitas vezes no protection gap fala-se muito dos custos. Há sempre um custo e aqui também há. Há um conjunto de seguros obrigatórios em Portugal que é mais restrito que noutros países. E, portanto, a partir do momento em que, do ponto de vista legal, se impõe que tenha que existir determinado tipo de coberturas de risco, isso faz com que, de facto, se dissemine mais essa proteção. E isso nota-se muito em Portugal quando comparamos com outras realidades. Muitas vezes o tornar um seguro também mais mandatório tem valor, porque faz com que em média o seguro seja mais barato. Porque elimina os custos daquilo que chamamos de seleção adversa, que é só faz seguros quem acha que vai ter um problema. Portanto, há aqui uma dinâmica, quando falamos de protection gap, claramente de sensibilização, de comunicação, de educação, e há também uma dinâmica, em alguns casos, de criar mecanismos legais que estimulem a que esse gap de proteção evolua.

Basta ver outro tema, que falámos há bocadinho do déficit de proteção, até no tema da longevidade, quando nós comparamos a realidade portuguesa com outros países, os estímulos à poupança para a reforma não têm nada a ver. Nós temos a experiência de ter operações noutros países e é muitíssimo diferente. Quando olhamos para a situação de um alemão ou de um suíço que tem um estímulo enorme em ter produtos de poupança para a reforma e comparamos com a realidade portuguesa, temos muita diferença. Esta dinâmica também é importante para reforçar os mecanismos de poupança para o futuro.

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