A Europa a duas velocidades liderada pela Península ibérica
Agravam-se as dificuldades nas maiores economias da Zona Euro. A da Península Ibérica é exceção, impulsionada pelo emprego alimentado pela imigração, pelo turismo e pelo investimento estrangeiro.
Estamos no ano de 2024 depois de Cristo. As maiores economias da Europa são gradualmente ‘ocupadas’ pela recessão, mas há uma região que permanece resiliente, ‘povoada por irredutíveis ibéricos que ainda resistem’.
Agravam-se as dificuldades nas maiores economias da Zona Euro, com a Alemanha a enfrentar uma crise política após a demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, pelo chanceler Olaf Scholz, levando ao colapso da coligação governamental e à possibilidade de eleições antecipadas. O país depara-se com uma recessão pelo segundo ano consecutivo, tendo a taxa de desemprego subido desde abril de 2022 de 5% para 6,1% em outubro passado, penalizada pela guerra na Ucrânia, aumento dos custos energéticos, e perda de competitividade industrial. Além disso, a concorrência crescente da China no setor automóvel e a desaceleração da economia chinesa têm enfraquecido as exportações germânicas.
A economia francesa cresce pouco acima de 1% e o mercado de trabalho mantém-se estagnado, com a taxa de desemprego à volta de 7,3% nos últimos dois anos. Ademais, este frágil crescimento tem sido alicerçado por défices orçamentais ‘insustentáveis’. As contas públicas agudizam-se e o governo antecipa um saldo negativo orçamental de 6,1% em 2024. A dívida pública gaulesa aproxima-se do máximo de 114,9% do PIB nominal em 2020, ditado pela pandemia.
A economia da Península Ibérica é exceção e tem convergido com a Zona Euro, impulsionada pelo aumento do emprego alimentado pela imigração em massa de países da América Latina, África e Ásia, procurando segurança e oportunidades de trabalho. São igualmente atraídos, em muitos casos, pelo mesmo idioma. Também o turismo, em alta após a pandemia e favorecido pela deslocalização de parte do turismo do leste europeu, tem sido um importante motor económico para Portugal e Espanha, gerando um círculo virtuoso de mais emprego, produção, receitas fiscais e parafiscais, maior rendimento disponível e aumento do investimento e do consumo. O crescente investimento estrangeiro também tem fortalecido a economia espanhola.
O número de pessoas empregadas em Espanha atingiu um recorde de 21,8 milhões no terceiro trimestre, tendo a taxa de desemprego caído para 11,2%, o nível mais baixo desde o terceiro trimestre de 2008. A economia espanhola cresceu 3,4% em termos homólogos no terceiro trimestre, liderando a Zona Euro e as principais economias avançadas em 2024, superando os EUA, com uma previsão do FMI de 2,9%, bem acima da média da Zona Euro. Portugal acompanha de perto este desempenho, dada a forte relação comercial com o país vizinho, que absorve cerca de um quarto das exportações portuguesas. Portugal também tem beneficiado do aumento do emprego, que cresceu 14% desde 2013, contando agora com mais de cinco milhões de pessoas empregadas, além do impulso proporcionado pelo turismo.
Além disso, as contas públicas do nosso país têm melhorado muito nos últimos dois anos, estreitando o spread da yield portuguesa face à alemã para apenas 40 pontos base, o número mais baixo desde junho de 2008.
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