IA: inovação ou preocupação para os payrollers?

Não podemos assegurar que o futuro com a inteligência artificial será melhor, mas podemos afirmar com certeza que será diferente.

Longe vai o tempo em que a Inteligência Artificial ocupava o imaginário de cientistas e aficionados. Atualmente o hype que existe em torno da IA é observado em todo o lado. Apesar do entusiasmo evidente e contagiante por esta tecnologia e pelo seu potencial, é crucial não negligenciar os riscos e preocupações associados.

Tem sido fascinante observar como a IA está a impactar positiva e generalizadamente quase todos os setores da economia bem como diversos aspetos da vida das pessoas. A procura por maior produtividade, eficiência operacional, redução de custos e melhoria da experiência dos seus utilizadores têm levado as organizações a realizar investimentos significativos nesta tecnologia.

Dentro das organizações, os benefícios obtidos pelas áreas de recursos humanos com o uso de IA, têm sido notórios e muito interessantes. Desde as equipas de recrutamento e seleção que conseguem analisar CVs e perfis em larga escala num tempo mais reduzido, às equipas de gestão de talento e avaliação de desempenho que conseguem, pela análise baseada em grandes volumes de dados, identificar padrões e tendências bem como criar planos de carreira e preparar feedbacks contínuos personalizados, entre muitos outros usos.

Em relação aos profissionais de processamento salarial (por simplificação, doravante designados por payrollers), estes têm demonstrado elevados níveis de satisfação com a integração de IA nas suas mais diversas tarefas. Numa área onde a eficiência e a precisão são fundamentais, a IA começa a ganhar o seu espaço e a tornar-se uma ferramenta indispensável.

Mas recuemos no tempo. Há uns anos, observou-se o aumento progressivo da complexidade do processamento salarial, resultante das constantes evoluções legislativas, das mudanças globais no mercado de trabalho e da maior exigência dos colaboradores. Com os avanços tecnológicos, tornou-se imperativo que os payrollers adotassem novas metodologias de trabalho com o objetivo de obter maior eficiência, mitigando o erro humano e garantindo a conformidade. Nessa altura, com várias ferramentas ao seu dispor, a automação começou a ganhar bastante relevância no dia a dia destes profissionais, libertando-os das tarefas de menor valor acrescentado para se dedicarem às mais importantes, interessantes e desafiadoras.

A incorporação de inteligência artificial nos mais diversos produtos e serviços tem crescido de forma expressiva nos últimos anos. Entrámos numa era de revolução tecnológica sem precedentes. Os fornecedores de software e serviços de IA têm-se destacado como os principais contribuidores, dedicando-se ao desenvolvimento contínuo de funcionalidades inovadoras em inteligência artificial.

Embora a IA seja vista como uma grande oportunidade para melhorar a vida humana, paira no ar algum receio que esta tecnologia venha a contribuir para a eliminação de muitos postos de trabalho. Muito provavelmente existem profissões que irão desaparecer, mas muitas outras irão surgir. Certamente, os profissionais que não se adaptarem a esta tecnologia, correm o risco de serem substituídos por aqueles que estiverem preparados para as novas exigências do mercado.

A adoção da inteligência artificial nas organizações deve ser conduzida de forma estratégica, ética e segura, assegurando que o capital humano esteja devidamente preparado para a mudança. A capacitação das pessoas nesta tecnologia ganha particular relevância, pois permitirá prepará-las para assumirem novas funções, enfrentarem desafios emergentes e impulsionarem a inovação. É importante destacar que muitas empresas em Portugal dispõem hoje de uma nova fonte de financiamento para investir na formação dos seus colaboradores. As contribuições efetuadas e não utilizadas no Fundo de Compensação do Trabalho (FCT) podem ser redirecionadas, até o final de 2026, para custear a formação e qualificação certificada dos colaboradores.

Contudo, as organizações têm expressado algumas preocupações em relação a esta tecnologia. A sustentabilidade, devido ao aumento do consumo energético, e os riscos associados à cibersegurança são duas delas. Com o envelhecimento da população e a consequente redução da força de trabalho, a inteligência artificial emerge como uma ferramenta poderosa, ao oferecer soluções inovadoras para desafios complexos e a potenciar as capacidades humanas. Torna-se assim um recurso valioso para contrabalançar a crise demográfica enfrentada por vários territórios, incluindo o nosso.

À medida que esta tecnologia continua a evoluir, vão surgindo cada vez mais funcionalidades nos sistemas de gestão de recursos humanos. Chatbots de RH para apoio aos colaboradores que conseguem trabalhar em jornada contínua (24/7/365), algoritmos de IA e machine learning que executam automações operacionais baseadas no comportamento do utilizador, detetam anomalias, previnem erros, constroem análises preditivas e recomendações proativas, não esquecendo os assistentes virtuais que permitem apoiar na interpretação de dados, resolver questões em tempo real e gerar insights relevantes para a gestão são algumas das funcionalidades que, continuamente, vão sendo desenvolvidas ou melhoradas.

A inteligência artificial está, indiscutivelmente, a transformar o dia-a-dia do trabalho dos payrollers, criando uma nova era de eficiência e inovação. Apesar de ainda estar em desenvolvimento, as aplicações dessa tecnologia já evidenciam um potencial extraordinário para transformar a execução e a gestão das atividades do payroll. Para estes profissionais, a IA não se resume a uma simples ferramenta, ela pode impactar de forma disruptiva, ser decisiva para enfrentar os desafios do seu trabalho e elevar a sua experiência para todos os stakeholders da função.

Não podemos assegurar que o futuro com a inteligência artificial será melhor, mas podemos afirmar com certeza que será diferente.

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