Os desafios do idadismo
Superar o idadismo requer um esforço consciente das organizações. Promover políticas de recursos humanos que valorizem a diversidade etária e incentivem a colaboração intergeracional é essencial.
O envelhecimento populacional é uma das tendências mais marcantes deste século. Em Portugal, prevê-se que um terço da população terá mais de 65 anos até 2050, o que levanta questões cruciais sobre a coexistência de várias gerações no mercado de trabalho. Essa convivência intergeracional pode ser uma fonte de riqueza, mas também de tensão, em especial quando estereótipos e preconceitos relacionados com a idade se manifestam — o idadismo.
O idadismo refere-se à discriminação com base na idade, e pode afetar tanto trabalhadores mais velhos quanto mais jovens. No contexto laboral, este preconceito é bidirecional: enquanto uns são considerados “demasiado velhos” para determinadas funções, outros são vistos como “demasiado jovens” e, portanto, inexperientes. Segundo o estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), o idadismo pode gerar consequências graves no ambiente de trabalho, como a deterioração das relações interpessoais, queda na produtividade e impactos diretos no bem-estar dos trabalhadores, afetando a saúde física e mental.
Este estudo da FFMS, revela que o idadismo não apenas prejudica os alvos da discriminação, mas também as organizações que não promovem uma cultura de inclusão. O preconceito etário muitas vezes resulta em comportamentos discriminatórios subtis, que, por serem amplamente aceites socialmente, tornam-se difíceis de combater. A discriminação pode manifestar-se em práticas de gestão de recursos humanos, como a falta de oportunidades de promoção e desenvolvimento para pessoas mais velhas ou a exclusão de jovens em posições de liderança.
Um dos grandes desafios é a existência de alguns estereótipos e expectativas sobre como uma pessoa “deve” comportar-se com base na sua idade. Estes estereótipos perpetuam-se nas empresas, limitando o potencial de inovação que surge da diversidade etária. Jovens são muitas vezes estigmatizados por falta de experiência, enquanto os mais velhos são vistos como resistentes à mudança, apesar de sua vasta experiência e conhecimento acumulado.
Superar o idadismo requer um esforço consciente das organizações. Promover políticas de recursos humanos que valorizem a diversidade etária e incentivem a colaboração intergeracional é essencial. Estas iniciativas não só beneficiam os trabalhadores, proporcionando um ambiente de trabalho mais inclusivo e justo, como também favorecem as empresas, que conseguem tirar proveito do melhor de todas as gerações.
Portugal, como uma das nações mais envelhecidas da Europa, enfrenta um caminho desafiador. O futuro da força laboral depende da nossa capacidade de ultrapassar preconceitos e criar um ambiente de trabalho onde a idade não defina o valor ou as oportunidades de uma pessoa.
Os pontos de vista e opiniões aqui expressos são os meus e não representam nem refletem necessariamente os pontos de vista e opiniões da KPMG Portugal.
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