Valores para 2024

Portugal precisa de um novo ano que aplique os valores essenciais do ser português aos novos tempos, ajudando a tornar o nosso país num exemplo para os outros povos.

O regresso da liberdade em Portugal faz em 2024 meio século. Com ela veio também o início da democratização e o combate contra todas as formas de autoritarismo totalitário e colectivista que ameaçaram instalar-se em Portugal. Esse combate foi ganho em 25 de Novembro de 1975 e consolidado na década de 1980, com o fim do intervencionismo militar, consagrado na revisão da Constituição que extinguiu o Conselho da Revolução, com o julgamento dos crimes dos terroristas das FP-25 e com a adesão às Comunidades Europeias e a implementação de uma economia de mercado descentralizada.

Os valores especiais em 2024 são assim, em primeiro lugar, os do estabelecimento e consolidação de Portugal como um país democrático, plural e livre. Esta lembrança é muito importante porque as ameaças colectivistas e autoritárias continuam presentes. Basta lembrar que operacionais das FP-25, com as mãos sujas de sangue das mortes que provocaram, ainda há pouco tempo integravam listas candidatas a eleições do PS e do Bloco. Esperamos que no próximo 10 de Março isso já não aconteça.

A defesa das instituições democráticas e do Estado de direito, do pluralismo e das liberdades fundamentais de expressão e de associação, bem como do prestígio das instituições constitucionais que expressam a soberania de Portugal, como o parlamento, os tribunais, a lei, os direitos e garantias fundamentais, incluindo a separação de poderes, as Forças de Segurança e as Forças Armadas, tudo isto é parte dos valores a destacar em 2024.

Há também outros que merecem ser valorizados. A defesa dos valores nacionais da História e da cultura portuguesa, do trabalho, da família, da propriedade e da liberdade como condição essencial para o enriquecimento e para o desenvolvimento da sociedade e dos portugueses.

São valores muito importante que andam a par com os do desenvolvimento económico e social, em que uma visão democrata-cristã e conservadora-liberal contrasta com a abordagem estritamente liberal que privilegia a eficiência da acumulação de riqueza em prejuízo do acesso ao rendimento que garanta o equilíbrio da sociedade, com a socialista que dá primazia ao intervencionismo estatal e à igualdade de rendimentos, desvaloriza a criação de riqueza e despreza a caridade, e com a libertária que restringe fortemente o papel do Estado e os seus mecanismos de intervenção.

Uma visão que recusa o socialismo igualitário que promove a pobreza e potencia os abusos de poder político, e o liberalismo sem limites que promove a riqueza, mas potencia os abusos de poder económico, porque na sua aplicação “purista” ambos retiram “valor” à comunidade, tornando-se por isso indesejáveis.

A defesa destes valores não poderia ser mais oportuna do que agora, em que se assiste a um ataque ao Estado social com o descalabro nos serviços da saúde, à propriedade privada através da legalização da ocupação de habitações, ao dinamismo económico com a limitação do alojamento local e a tentativa de interferência em empresas como os CTT, à família e ao trabalho com o retrocesso que se verifica na educação, e à própria essência da vida e da pessoa humana pela imposição da ideologia do “género”.

Tudo isto é incitado por sectores com aversão pela História e cultura de Portugal, que secundarizam o desenvolvimento e a criação de riqueza em prol de utopias destrutivas do que constitui o ser português.

Portugal precisa que 2024 faça ressurgir os valores da esperança baseada numa visão centrada na preocupação com o Homem, com a valorização da família e das comunidades locais que fazem a ligação entre as pessoas, a nação e o Mundo, e com o dinamismo do mérito e do esforço criador de cada um de nós, tudo na promoção do Bem Comum.

Precisa ainda da afirmação de uma cultura de responsabilidade e de autonomia, de uma atitude positiva face à iniciativa e ao aproveitamento de oportunidades, e face ao risco e à recompensa para quem o assume. É a integração desta cultura no interesse soberano de Portugal que nos permitirá crescer mais depressa e caminhar para o nível de vida dos países mais desenvolvidos.

A generalização de uma cultura de responsabilidade e de uma atitude positiva face aos desafios permitirá lançar as bases para iniciar uma busca conjunta por novas formas de desenvolvimento e novas fontes de crescimento que sejam muito mais do que copiar outros países, com mais recursos, e que deem a todos a liberdade para acederem a mais riqueza e mais propriedade.

Esta valorização de uma cultura empreendedora deve ser feita a passo com a da educação, a “rocha” onde assenta o presente e o futuro de uma sociedade. A sua importância é ainda maior num país com uma trajectória de estagnação, como em Portugal, em que a preocupação dos últimos anos não foi haver maiores salários para todos, mas haver igualdade salarial, mesmo que na pobreza, como se verificou com a aproximação entre salário mínimo e salário médio.

Todos são valores que partem de um modelo de desenvolvimento assente no humanismo personalista em que o que conta é a situação concreta de cada comunidade e as diferenças individuais que constituem a dignidade e a liberdade de cada mulher e de cada homem.

Um modelo que aposta na melhor organização da sociedade, no aumento da produtividade enquanto fonte de criação de riqueza material e que dê a todas as famílias acesso a bem estar, complementando-o com um desenvolvimento sustentável que prepare a sociedade para os desafios de médio e longo prazo, quer os que são específicos de Portugal quer os que são comuns à comunidade internacional.

Portugal precisa de um novo ano que aplique os valores essenciais do ser português aos novos tempos, ajudando a tornar o nosso país num exemplo para os outros povos. Um Portugal mais autónomo e mais aberto, que assume a sua identidade enquanto se vira para o exterior, e não um país igual aos outros, sem personalidade própria, sem autonomia e sem valorizar o que constitui a sua essência.

São estes os valores desejados para 2024. Um muito bom ano para todos.

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