Da falência da Venezuela aos protestos no Chile: os cisnes negros que ameaçam as matérias-primas
O Barclays identificou um conjunto de eventos que poderão provocar o caos nos mercados das matérias primas, incluindo a bancarrota da Venezuela, os protestos no Chile e a guerra comercial com a China.
Se não aconteceu, pode acontecer. O Barclays considera que os mercados das matérias-primas (petróleo, metais, produtos agrícolas) enfrentam um ano de 2017 de enormes desafios, tendo em conta uma lista de possíveis ameaças com enorme potencial disruptivo. Quais os cisnes negros que podem provocar o caos nas commodities?
As matérias-primas registaram em 2016 a primeira valorização anual desde 2010, perante a recuperação do mercado energético e acontecimentos inesperados pelos investidores como a eleição de Trump ou o voto do Reino Unido para sair da União Europeia. Para os analistas do banco britânico, em 2017, fatores políticos vão continuar a ter a mesma importância que fatores económicos na evolução dos preços das matérias-primas.
“As novas políticas de populismo de protecionismo comercial têm potencial para perturbar a oferta global e as assunções de oferta para as várias commodities“, explicam a equipa de research do Barclays. “Vemos riscos de distorções em alta para 2017, baseado na elevada probabilidade de risco de disrupção”.
"As novas políticas de populismo de protecionismo comercial têm potencial para perturbar a oferta global e as assunções de oferta para as várias commodities. Vemos riscos de distorções em alta para 2017, baseado na elevada probabilidade de risco de disrupção.”
O banco elencou mais de uma dúzia de cisnes negros, dividindo-os entre ameaças à oferta, como a redução da produção de petróleo na Venezuela após um cenário de incumprimento, e ameaças à procura, como um abrandamento inesperado da economia chinesa. Também há ameaças identificadas no transporte de matérias-primas, perante riscos nas rotas comerciais que são vitais na comercialização de commodities, como o Mar do Sul da China.
Trump é também ele próprio um cisne negro. O Barclays alerta para uma eventual escalada das tensões entre os EUA e o Irão com o desejo do Presidente eleito de reverter o acordo nuclear assinado recentemente por Teerão, um entendimento assinado com seis potências mundiais incluindo os EUA e que permitiu o levantamento das sanções económicas àquele país asiático.
“Não deverá ser uma surpresa que a promessa de Trump para desmantelar o acordo nuclear com o Irão surge como um dos principais riscos bullish (para valorização) para os mercados petrolíferos este ano. Mas pensamos que a abordagem de Trump será mais moderada em relação à retórica que utilizou na sua campanha”, diz o banco britânico.
Ainda no mercado do petróleo, depois de o barril ter registado um avanço de 50% em 2016, os preços podem voltar a disparar com um eventual default da Venezuela. Um incumprimento venezuelano pode restringir o financiamento à empresa Petroleos de Venezuela, criando constrangimentos à atividade da petrolífera. E isso afetará a produção.
Mas o maior receio do Barclays vem da China, um dos principais consumidores mundiais de matérias-primas. Por um lado, um abrandamento inesperado da economia chinesa vai deprimir a procura. Por outro, uma guerra comercial poderá emergir com a possibilidade de os EUA implementarem uma taxa sobre as importações chinesas. “O maior cisne negro para a procura de matérias-primas tem a ver com um inesperado recuo de qualquer uma das principais economias consumidoras. Nomeadamente, os investidores vão continuar atentos à economia chinesa”, diz o Barclays.
Entre outros cisnes negros estão potenciais tumultos no Chile depois das eleições gerais que o país vai realizar em 2017, o que pode afetar a produção de cobre.
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