Preços sobem. E as comissões da banca? Ainda mais

O custo global associado à utilização de uma conta bancária aumentou 5% num ano, segundo uma análise do ECO. Saiba porquê. E também como minimizar ou contornar esses custos.

Ainda o ano passado não tinha terminado já os portugueses sabiam que os preços de muitos bens que consomem iriam sofrer um agravamento em 2017. É o que acontece, por exemplo, com o preço da eletricidade que sobe em média 1,2%, este ano, para os clientes do mercado regulado, ou dos transportes cujo custo se agrava em 1,5%. Um dos encargos que muitas vezes os portugueses tendem a não acompanhar a evolução são as comissões bancárias. E o certo é que este tipo de custos se têm vindo a agravar a um nível bastante superior ao do custo de vida. Só no último ano, os encargos base associados à utilização de uma conta bancária encareceram, em média, mais de 5%, superando largamente a taxa de inflação que se ficou nos 0,6%, em 2016.

Esta conclusão é possível de tirar a partir da comparação dos preçário dos bancos em vigor, face aos preços que se aplicavam há um ano. Nesta análise foram tidos em conta oito dos maiores bancos a operar em Portugal e um cenário base que considera um conjunto de despesas habitualmente associadas à movimentação de uma conta bancária. Foi assumido o perfil de um cliente bancário que dispõe de um saldo mensal de dois mil euros, de um cartão de débito e de um de crédito, que realiza três transferências online mensais para outros bancos e utiliza um cheque por mês.

Tendo em conta esse cenário, o custo total associado a este tipo de utilização atinge hoje 128,59 euros, em média. Isto assumindo que o cliente não beneficia de vantagens como as habitualmente associadas a uma conta ordenado, por exemplo (isenção da comissão de manutenção de conta e da anuidade do cartão de débito). Este valor representa um encarecimento de 5% face aos custos dos mesmos serviços, mas prestados há um ano. O aumento registado ao longo do último ano resulta, em grande medida, do encarecimento dos custos do cartão e débito, mas também dos cheques, um meio de pagamento que tem vindo a ser cada vez menos utilizado pelos clientes bancários. Mas cerca de metade dos custos anuais resultam do pagamento da comissão de manutenção de conta.

Encargos anuais e evolução face há um ano

comissoes-01
Fonte: Preçários de oito dos maiores bancos| Cálculos dos encargos anuais, tendo em conta o cenário de um cliente que dispõe de um saldo médio mensal de dois mil euros, cartão de débito, cartão de crédito, três transferências online mensais e a requisição de 12 cheques por ano pela internet.

No último ano, a anuidade dos cartões de débito subiu, em média, quase 20% para um valor médio de 16 euros. Há um ano, o custo rondava os 13,50 euros. Já o custo da requisição de cheques cresceu, em média, 16%. O custo de um único cheque requisitado pela internet ronda os 40 cêntimos, em média. Entre o universo de comissões bancárias considerado, a anuidade dos cartões de crédito foi a única que não sofreu alterações. A anuidade dos cartões de crédito clássicos do universo de oito bancos considerados mantém-se, em média, nos 16 euros. Já a comissão de manutenção de conta registaram um agravamento de 1,7%, rondando os 60 euros, em média.

Tendência? É para continuar

O encarecimento das comissões bancárias intensificou-se no seguimento da crise financeira, com os bancos a identificarem aí uma via para aumentarem as receitas para compensar a quebra de proveitos resultante da descida acentuada das taxas de juro, que em muitos casos se encontram negativas, pesando nas suas margens financeiras. De acordo com uma análise recente da DECO, entre 2009 e 2015, as comissões cobradas pelos bancos subiram cerca de 10% ao ano.

E todos sinais apontam apenas num sentido: as comissões bancárias vão continuar a crescer. Tanto os bancos, como a própria associação que os representa — a APB — têm assumido que esse será o caminho, já que as comissões são uma via relevante para os lucros do setor financeiro.

Como escapar?

Apesar de não ser possível escapar-lhes na totalidade, há formas de conseguir pelo menos minimizar os encargos com as comissões associadas à movimentação de uma conta bancária. As contas base podem ser uma via de o conseguir. Estas contas foram lançadas há dois anos, no seguimento de uma recomendação do Banco de Portugal que pretendia que os bancos disponibilizassem um conjunto de serviços bancários básicos, mediante o pagamento de uma única mensalidade.

Estas contas incluem serviços como a manutenção de conta, cartão de débito, acesso ao homebanking, transferências bancárias e a possibilidade de efetuar até três levantamentos ao balcão. O custo anual associado a estas contas oscila entre um mínimo de zero euros e um máximo em torno de 120 euros, consoante os bancos. Outra solução bastante económica são as contas de serviços mínimos bancários, mas cujo acesso é bastante restrito. O custo anual está limitado a um teto de 1% do salário mínimo nacional, ou seja, 5,57 euros por ano, de acordo com o salário mínimo em 2017.

Mas há mais formas de limitar os encargos com este tipo de condições:

  • Comparar a oferta

Deve olhar para a oferta dos bancos e analisar a que disponibiliza as melhores condições em termos de valores. Para tal, consulte os preçários dos bancos que pode encontrar nos respetivos sites ou no Portal do Cliente Bancário.

  • Ter conta à medida

Para quê pagar mais para ter acesso a um conjunto de serviços que superam as suas necessidades. Avalie os seus hábitos e escolha a solução que melhor lhes corresponde. Por exemplo, haverá necessidade de pagar por um pacote de serviços, se ao domiciliar o ordenado não pagar comissão de manutenção.

  • Concentre-se num banco

Ter todos os produtos numa única instituição implica menores custos. Além de poupar nos serviços, poderá ter melhores condições, por exemplo, nas taxas de juro dos depósitos ou dos créditos. Existem ainda bancos que reduzem os valores cobrados em comissões de manutenção a quem tem saldos médios ou património financeiro a partir de determinado limite. Se for possível cumprir esse requisito, pode existir isenção de despesas de manutenção.

  • Ir pelo homebanking

Optar pela banca online é mais barato do que se deslocar ao balcão ou ao telefone. Ainda assim deve ter atenção que cada vez menos bancos isentam, por exemplo, as transferências pela internet. Mas transferências entre bancos são grátis quando efetuadas através do multibanco. Se o seu banco cobra comissão por transferências online, opte pelo multibanco. Privilegiar os meios de pagamento eletrónicos pode constituir uma boa alternativa para evitar o pagamento de despesas com cheques.

  • Usar os bancos online

Os bancos que operam apenas na internet não cobram comissões de manutenção de conta. É o que acontece com o ActivoBank, o Best e o BiG.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Preços sobem. E as comissões da banca? Ainda mais

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião