Bataglia trama Ricardo Salgado e amigo de Sócrates
O ex- presidente da Escom diz que Salgado lhe pediu um favor: utilizar uma conta sua na Suiça para fazer chegar 12 milhões de euros a Santos Silva.
Hélder Bataglia, ex- presidente da Escom, terá garantido ao Ministério Público que Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, lhe pediu o favor de transferir 12 milhões de euros para Carlos Santos Silva, o amigo de José Sócrates. A informação é avançada pela edição deste sábado do jornal Expresso.
Segundo revela aquela publicação a revelação terá sido feita por Bataglia, no início de janeiro, a Jorge Rosário Teixeira, o procurador que coordena a investigação a Sócrates, a “Operação Marquês”. Terá sido com base no interrogatório de dez horas a Bataglia que Ricardo Salgado terá sido chamado e constituído arguido no processo.
O Expresso avança mesmo que o depoimento do ex-homem forte da Escom “reforça os indícios de culpabilidade do ex-primeiro-ministro”.
As declarações de Bataglia terão ido no sentido de que o motivo para a alegada corrupção a Sócrates tem a ver com a sucessivas intervenções do ex-primeiro-ministro na Portugal Telecom, nomeadamente o chumbo à OPA da Sonae, em 2007, e à venda da Vivo e a compra da Oi.
Segundo o Expresso, o Ministério Público (MP) acredita que os alegados pagamentos a Sócrates começaram em 2007 através de um primo, José Paulo Pinto de Sousa.
Ainda de acordo com Bataglia, Ricardo Salgado chamou-o à sede do Banco Espírito Santo para saber se ele lhe podia fazer um favor: transferir de um conta do empresários luso-angolano na UBS, na Suíça, a quantia de 12 milhões de euros para Carlos Santos Silva. Salgado terá, na altura, perguntado a Bataglia se sabia quem era Santos Silva, ao que o empresário luso angolano terá respondido que sim, mas não questionou o motivo da transferência. Em troca Bataglia terá pedido para si uma verba de 3 milhões de euros, como prémio pelo facto de ter obtido a licença bancária para o BES Angola (BESA), meia dúzia de anos antes.
Os 12 mihões acabaram transferidos em seis tranches entre abril de 2008 e maio de 2009. O dinheiro terá sido recebido na conta da Bataglia atavés da ES Enterprises.
Bataglia terá ainda afirmado que estava combinado que as transferências para a sua conta e as saídas não podiam coincidir no tempo e terão sido feitos através de contratos feitos em offshores, sobretudo no Panamá. Outro dos esquemas foi o recurso a umas das contas na UBS de Joaquim Barroca, do grupo Lena, com quem Santos Silva trabalhava e de quem era amigo. O ex- presidente da Escom diz mesmo que foi alertado pelo seu gestor de conta na UBS- Michel Canals, com quem viria pouco tempo depois a criar a gestora de fortunas, Akoya, que está no epicentro do processo “Monte Branco” de que estaria a transferir dinheiro para uma conta de Barroca e não de Santos Silva.
Esta informação vem de encontro às declarações decJoaquim Barroca, quando foi ouvido pelo Ministério Público, disse desconhecer os movimentos bancários da sua conta tendo mesmo apontado o dedo a Santos Silva.
Contactado pelo Expresso, o advogado de Ricardo Salgado, Francisco Proença de Carvalho afirma que “qualquer tese nesse sentido é completamente falsa e recentemente inventada por motivos que deviam ser investigados”.
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