Como os locais: De volta a Bali

  • ECO
  • 29 Março 2018

Quando se descobre que o paraíso existe na terra, o mais certo é nunca mais querer de lá sair. É esse o encantamento que Bali exerce sobre quem lá vai. E Dirse Marques não é exceção.

Vive há um ano naquela que é designada como a Ilha dos Deuses e sente-se tão bem que não pensa sair de lá tão depressa. Aliás, Dirse Marques, 46 anos, teve a certeza que iria gostar de morar em Bali sem nunca lá ter ido. Isso mesmo conta-nos em entrevista concedida por e-mail: “Sinto-me aqui perfeitamente em casa. Quando eu e o meu marido ponderámos vir viver para cá, fui perentória: Não preciso de ir a Bali de férias para perceber se gosto ou não, tenho a certeza que vou gostar.” E a verdade, assume agora, é que as coisas se passaram mesmo assim: “Sinto-me lindamente aqui, identifico-me muito com a energia mágica que esta ilha tem.”

A energia a que Dirse Marques se refere é normalmente apontada por toda a gente que vai a este ilha e província da Indonésia Porque, de facto, o destino encerra em si tudo o que compõe o paraíso sonhado por muitos: paisagens verdejantes, praias de água cristalina, templos magníficos e um povo simpático e acolhedor. Por tudo isto, o destino reúne todos os argumentos para atrair ocidentais de todo o mundo, incluindo muitos portugueses que para ali se mudam definitivamente. Na maior parte dos casos, é o trabalho que os chama de início, mas depois é a tal magia que os faz ficar. Dirse Marques relata-nos que foram precisamente razões profissionais que a levaram a Bali: “Fiquei sem emprego em Portugal e, ao fim de algum tempo de procura, percebi que com a minha idade já era considerada velha para o mercado de trabalho, pelo que se tornou muito difícil voltar a trabalhar.”

Intuição certa

Entre as impressões mais intensas que a ilha lhe provocou inicialmente destaca “o ar muito quente e húmido, quase irrespirável”. “Mesmo tendo nascido em Angola não me recordava nem estava habituada a esta sensação térmica tão evidente”, diz.

De todas as vantagens que existem em viver em bali – e são muitas – considera que a principal é “sem dúvida a qualidade de vida”. Constata diariamente que “aqui é muito mais fácil e acessível ter um estilo de vida saudável, praticar ioga, fazer retiros espirituais ou seguir uma boa alimentação e desfrutar de atividades ao ar livre”. Além disso, observa entre os amigos com filhos, que “lhes sobra tempo para estarem juntos depois da escola”.

Qualidade de vida é também, nas suas palavras, “poder, todos os dias, presenciar uma cultura muito diferente da nossa e que visivelmente tem muito a ensinar. É ter o privilégio de viver num sítio onde o povo é de uma grande simplicidade, vulnerabilidade e autenticidade, desafiando-me a pôr em causa todos os valores com que fui criada e aos quais estava habituada”, resume. Entende ainda que nós, ocidentais, “temos muito a aprender com naturais de Bali, na medida em que conseguem viver felizes com o pouco que têm, ou seja, para eles é muito mais importante o ser do que o ter”.

Espiritualidade sempre presente

A espiritualidade é tão natural para os balineses como respirar. Tal resultará do facto de a maior parte da população ser de origem hindu, o que também confere à ilha a riqueza cultural que a caracteriza e a torna única. Aliás, o nome Bali deriva de Wali, uma palavra em sânscrito que significa sacrifício oferecido a deus, adoração ou culto. “E isto é facilmente presenciado a todo o momento e em qualquer lugar, pois o povo venera muito os seus deuses”, explica.

Um dos exemplos mais marcantes da espiritualidade balinesa é o ritual associado às comemorações do Ano Novo hindu e do Nyepi Day, ou Dia do Silêncio, que este ano será a 17 de março. Dirse Marques destaca-o como um dos rituais mais bonitos que já viu: “O Nyepi Day é celebrado em Bali ao longo das 24 horas que assinalam o início do novo ano hindu”, refere, acrescentando que “a este dia antecede uma outra celebração onde se passeiam e queimam os Ogoh-ogohs, que são bonecos gigantes que simbolizam monstros, numa cerimónia que passa em procissão pelos bairros, com homens que carregam e balanceiam as pesadas estruturas”. O objetivo é “afastar e assustar os maus espíritos, pelo que a procissão é também muito barulhenta”, pormenoriza. Segundo a tradição, “estes Ogoh-ogohs representam as piores calamidades que podem acontecer durante o ano que está prestes a começar. No final da procissão, já de noite, esses monstros são queimados em fogueiras com chamas muito altas, numa cerimónia que afasta todas as influências do mal para o ano novo que virá”.

“A partir das seis da manhã toda a ilha fica em silêncio”, diz, sublinhando que, para os hindus balineses, “este é um dia de silêncio absoluto, com meditação, orações e jejum”. “Aos estrangeiros pedem que respeitem o ritual, permanecendo no interior dos hotéis. Este é o único país do mundo onde até o aeroporto para”. O silêncio explica-se também com recurso à lenda: “Quando os Ogohs Ogohs são queimados os espíritos maus abandonam a ilha, sendo que o silêncio serve para enganá-los, levando-os a acreditar que a ilha está deserta e, por isso, os maus espíritos voam para longe. Qualquer barulho ou luz pode fazê-los voltar atrás e, com eles, virá um ano de desgraças.”

A não perder em Bali

Além do Ano Novo hindu referido anteriormente, Dirse Marques partilha as seguintes sugestões:

  • Provar comida tradicional – Mie Goreng (noodles fritos) e Nasi Goreng (arroz frito).
  • Visitar os templos hindus – Entre os mais famosos o destaque vai para
    • Tanah Lot (construído sobre uma superfície rochosa no mar) e
    • Pura Tirta Empul ou Templo da Água, onde as pessoas fazem um ritual de purificação, sendo que a água vem de uma fonte considerada sagrada. Visitar ainda o
    • Templo do Uluwato, no sul de Bali e também à beira-mar. É famoso por proporcionar um inesquecível pôr-do-sol e pelas tradicionais danças do fogo.
  • Praia – As famosas praias de Bali são inevitáveis (e inesquecíveis), bem como as inúmeras atividades que proporcionam, nomeadamente, prática de surf ou mergulho.

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