Investidores acertaram nas intercalares. Agora há margem para ganhos em Wall Street?
As eleições intercalares deixaram os republicanos em maioria no Senado, e os democratas na Câmara. Este resultado era o esperado nos mercados. As reações dos investidores devem ser contidas.
Os resultados das eleições intercalares nos Estados Unidos não surpreenderam. Os republicanos conseguiram manter o controlo sobre o Senado, mas os democratas ganharam a maioria na Câmara dos Representantes, algo que, de resto, os investidores há muito antecipavam. Confirmadas as expectativas, como é que os mercados vão evoluir a partir daqui?
Este resultado acaba por ser neutro, com os dois partidos a contar com vitórias e derrotas, ao corresponder às expectativas dos analistas. Apesar do partido de Trump perder a Câmara, o líder norte-americano classifica os resultados das intercalares como um “tremendo sucesso”. As bolsas que já arrancaram a sessão respiram um pouco de alívio, com as praças europeias a registar ganhos moderados. Nas praças norte-americanas, as negociações nos últimos dias já tinham sido em antecipação deste resultado, e por isso não são esperadas grandes reações.
Mesmo sem trazer surpresas, a mudança de controlo da Câmara para os democratas pode representar riscos ou oportunidades para vários setores, já que têm agora poder para travar algumas das propostas de Trump. No entanto, a divisão do Congresso dificulta a aprovação de projetos que impliquem alterações profundas. Os investidores e analistas não esperam mudanças nas políticas financeiras e no plano económico de Trump, que influenciam mais as suas decisões, particularmente a reforma fiscal que levou a um grande corte nos impostos.
O mês de outubro foi brutal para Wall Street, tendo perdido cerca de dois biliões de dólares, e ganhos motivados pelas eleições eram essenciais para uma estabilização. Os mercados precisam de recuperar, e digerir os resultados das eleições vai fazer parte desta estabilização, diz Larry Fink, da BlackRock, à CNN (acesso livre/conteúdo em inglês). Nas últimas 18 eleições, as ações recuperaram das quebras de outubro até ao final do ano.
Outubro tem a reputação de ser um dos mais voláteis na bolsa, com várias apresentações de resultados e decisões importantes tanto a nível interno como internacional. Em 2016, a vitória de Trump nas eleições presidenciais surpreendeu os investidores, levando os mercados a registar ganhos bastante elevados, nomeadamente nos setores que iriam ser alvo de regulação mais apertadas caso a oponente, Hillary Clinton, saísse vencedora.
Os acontecimentos que mais têm afetado os mercados deverão continuar a ser as principais fontes de preocupação para os investidores. Entre eles, os avanços e recuos relativamente à guerra comercial com a China. Também as previsões económicas e as decisões tomadas pela Fed, bem como as declarações do Presidente sobre elas, mexem muito com os títulos em Nova Iorque.
Sem uma grande recuperação à vista, já que as intercalares não surpreenderam, os focos de tensão podem assumir lugar de destaque junto dos investidores. Contudo, elimina-se um fator que é inimigo dos mercados: a incerteza. Com menos uma dúvida na cabeça, “os mercados vão ter um melhor desempenho”, aponta um investidor à Bloomberg (acesso condicionado/conteúdo em inglês).
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