Investimentos sustentáveis estão aí. Analistas especializados chegam este ano

Tendência vem dos EUA, mas tem cada vez mais força na Europa. Os critérios de investimento sustentável poderão tornar-se obrigatórios e, já em junho, haverá analistas portugueses especializados.

O investimento socialmente responsável (ISR) é a mais recente tendência nos mercados financeiros. Já em fase de consolidação internacionalmente, começa a dar os primeiros passos em Portugal. Para não ficarem para trás, tanto a portuguesa Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM) como a Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF) estão a apostar neste segmento.

“A APAF, que é responsável pelas principais atribuições de certificações a analistas, tem adotado novas linhas de atuação face à modernização e inovação”, afirmou o presidente da associação, Manuel Puerta da Costa, em declarações ao ECO. Em linha com esse objetivo, anunciou que a APAF irá lançar ainda este ano uma nova certificação especializada em investimento socialmente responsável.

Atualmente, a associação é responsável pela atribuição, em Portugal, dos certificados CEFA — Certified European Financial Analyst e CIIA — Certified International Investment Analysts. O objetivo da associação é que no segundo semestre, haja uma nova categoria com o lançamento do certificado CESGA — Certified Environmental Social Governance Analyst.

Há dois exames anualmente (em junho e dezembro) e a APAF tenciona lançar os materiais de estudo em abril para que o primeiro exame para CESGA possa acontecer ainda em junho. “A certificação irá manter-se a mesma, mas haverá uma nova. Esta preocupação de melhorar o programa de certificação veio sobretudo com as prioridades da União Europeia”, disse Manuel Puerta da Costa.

Julgo que o tema vai ser central nos próximos anos. Não é algo que os gestores de ativos ou os analistas possam ignorar“, afirmou, sublinhando que 25% da gestão de ativos é atualmente feita com critérios ISR. O investimento responsável é uma abordagem à gestão de ativos que incorpora fatores ambientais, sociais e de governo das sociais na tomada de decisões, com vista a uma melhor gestão de risco, maior sustentabilidade e retornos de longo prazo.

Sustentabilidade nos investimentos será obrigatória

“É verdade que os EUA têm maior importância e também é verdade que o norte da Europa tem mais peso que o sul da Europa, mas os decisores políticos estão focados em impulsionar e passará a ser obrigatório. São critérios que têm impacto na vida de todos, no planeta e as instituições europeias vão acabar por obrigar todos a adotá-los. É inevitável que esta tendência venha a dominar os próximos anos“, sublinhou.

A Comissão Europeia publicou, no início de janeiro, as primeiras regras para a incorporação de critérios de investimento com preferências ambientais, sociais e de governance. A regulação é, para já, ainda uma sugestão, mas desde março do ano passado que as instituições europeias defendem que estes critérios deverão tornar-se obrigatórios.

Em Portugal, o regulador dos mercados também elegeu a promoção da integração de princípios de sustentabilidade no mercado de capitais português como um dos objetivos para este ano.

“Em 2019 analisaremos a eventual necessidade de aperfeiçoar a regulação e as práticas de supervisão com vista a promover a integração de princípios ambientais, sociais e de bom governo das sociedades. Teremos sempre como objetivo procurar oportunidades de desenvolvimento para o mercado nacional e contribuir para preparar o mercado nacional para uma tendência que marcará profundamente os próximos anos”, anunciou a CMVM, na apresentação de objetivos para 2019, na semana passada.

Ainda este ano, o regulador pretende lançar uma consulta pública sobre finanças sustentáveis, avaliar a necessidade e oportunidade de integração de elementos de sustentabilidade na regulação, apurar a supervisão de modelos e obrigações relacionados com sustentabilidade, promover modelos de flexibilidade nas políticas internas de recursos humanos nomeadamente flexibilidade de horários e teletrabalho, constituir um Comité Interno de Ética e Sustentabilidade, bem como integrar a Sustainable Finance Network da IOSCO e outras redes internacionais de conhecimento e intervenção sobre sustentabilidade.

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