Governo inglês antecipa falta de alimentos, medicamentos e combustível em caso de “hard brexit”

Deputados exigem a Boris Johnson que reabra o Parlamento depois de conhecido um relatório oficial que antecipa o caos no caso de um hard brexit. Pode falta comida, fármacos e combustível.

A oposição britânica exigiu este domingo ao primeiro-ministro Boris Johnson que ponha fim às férias parlamentares e que os deputados sejam convocados imediatamente para que possam acompanhar os trabalhos que devem culminar com a saída do Reino Unido da União Europeia a 31 de outubro. Em causa está um relatório oficial, divulgado este domingo, que antecipa o caos no Reino Unido caso a saída da União Europeia aconteça sem acordo.

Numa carta enviada este domingo ao líder do governo britânico, deputados de vários grupos parlamentares exigem ser informados sobre os trabalhos que estão a ser conduzidos pelo executivo e surge depois de conhecidos novos detalhes sobre as potenciais consequências de um Brexit sem acordo, avança este domingo o Financial Times (acesso condicionada, conteúdo em inglês).

De acordo com os documentos divulgados pelo Sunday Times, o plano de contingência do Governo para uma saída sem acordo antecipa três meses de caos nos portos e estradas britânicas, escassez de alimentos, medicamentos e combustível, distúrbios em todo o país e dificuldades na fronteira da Irlanda. A Operação Yellowhammer, como é designado o plano de contingência, antecipa um país mal preparado para um hard brexit em resultado do que chamam de “fadiga na saída da UE”, consequência do adiamento da data de saída por duas vezes.

Mesmos documentos indicam que entre 50% e 85% dos camiões com destino a França não chegariam a Calais devido à falta dos documentos necessários. Isso reduziria o fluxo de transportes para 40% a 60% dos níveis atuais com reflexos no abastecimento de alimentos frescos ou medicamentos. O governo estima ainda que possam ainda ser afetados os fornecimentos de combustível, que existam perturbações na atividade dos barcos de pesca britânicos e que sejam necessários “recursos policiais significativos” para controlar os protestos que devem surgir em todo o país.

Deputados consideram “inaceitáveis” férias parlamentares

Na carta enviada a Boris Johnson, cujos subscritores incluem deputados independentes, mas também Trabalhistas, Democratas Liberais, e os nacionalistas escoceses e galeses, lembram outros momentos em que o Parlamento foi chamado em “tempos de grave emergência económica e ameaças à segurança nacional”, como as crises das Malvinas e do Suez, ou a crise energética de 1974. “Isto não é altura para as atiividades do parlamento estarem suspensas. Esperar até 3 de setembro, quando o prazo do Brexit está apenas a algumas semanas, é inaceitável“, lê-se na carta, citada pelo FT.

“Estamos perante uma emergência nacional e o Parlamento deve ser chamado agora em agosto e manter-se em permanência até 31 de outubro, para que a voz das pessoas possa ser ouvida, e para que possa existir o devido escrutínio do seu governo.”

O Financial Times considera pouco provável que o Downing Street recuse a proposta dos deputados, já que o Governo britânico está essencialmente focado em concretizar o Brexit.

 

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