EUA anunciam suspensão da contribuição para a OMS por “má gestão” da pandemia

  • ECO e Lusa
  • 15 Abril 2020

Trump defende que se a OMS “tivesse feito o seu trabalho e enviado especialistas médicos para a China”, para averiguar a “situação no local”, a pandemia poderia “ter sido contida na fonte ".

O Presidente dos Estados Unidos anunciou esta terça-feira que vai suspender a contribuição do país à Organização Mundial da Saúde (OMS), justificando a decisão com a “má gestão” da pandemia de covid-19.

“Ordeno a suspensão do financiamento para a Organização Mundial da Saúde enquanto estiver a ser conduzido um estudo para examinar o papel da OMS na má gestão e ocultação da disseminação do novo coronavírus”, disse Donald Trump, citado pela AFP.

Donald Trump considerou que “o mundo recebeu muitas informações falsas sobre a transmissão e mortalidade” da doença covid-19.

O Presidente norte-americano falava aos jornalistas na Casa Branca, em Washington, onde referiu que os EUA contribuem com “400 a 500 milhões de dólares por ano” (entre 364 e 455 milhões de euros) para a OMS, em oposição aos cerca de 40 milhões de dólares (mais de 36 milhões de euros), ou “ainda menos”, que Trump estimou que fosse o investimento da China naquela organização.

Donald Trump advogou ainda que se a OMS “tivesse feito o seu trabalho e enviado especialistas médicos para a China”, para averiguar a “situação no local”, a pandemia poderia “ter sido contida na fonte com pouquíssimas mortes”.

O Presidente dos EUA tinha ameaçado, na semana passada, suspender esta contribuição financeira para a OMS, acusando a organização de ser demasiado “pró-chinesa”, nas decisões que toma no combate à pandemia.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que OMS não “agiu de forma correta desde o início” e pediu uma “mudança radical” na forma como opera. “Precisamos de garantir que o dinheiro que gastamos (com a OMS) – dólares de impostos pagos aqui nos Estados Unidos – é usado de forma sensata e para os objetivos pretendidos”, disse o chefe da diplomacia norte-americana.

Embora tenha afirmado que, “no passado, a OMS fez um bom trabalho”, Pompeo, repetindo a crítica sobre a tendência pró-chinesa da organização na esfera das Nações Unidas, acrescentou: “Infelizmente, desta vez, não fez o seu melhor e devemos garantir uma mudança radical.”

O secretário de Estado também reiterou as acusações ao Governo de Pequim, que, segundo Washington, não foi célere a partilhar avisos sobre os riscos de alastramento da epidemia, na fase inicial da crise sanitária.

“Não é o momento de reduzir” financiamento da OMS, diz Guterres

O secretário-geral da ONU afirmou que este “não é o momento de reduzir o financiamento das operações” da Organização Mundial da Saúde (OMS), em reação à suspensão de Washington da contribuição para a instituição.

António Guterres declarou que “este não é o momento de reduzir o financiamento das operações da Organização Mundial da Saúde ou de qualquer outra instituição humanitária que combata o vírus” responsável pela pandemia da covid-19.

“A minha convicção é que a Organização Mundial da Saúde deve ser apoiada por ser absolutamente essencial aos esforços do mundo para ganhar a guerra contra a covid-19”, salientou Guterres.

Também o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, lamentou esta quarta-feira “profundamente” a decisão dos Estados Unidos de suspender o financiamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), considerando que “não há razão que justifique” esta atitude, sobretudo no atual contexto da pandemia de Covid-19.

Numa mensagem publicada na rede social Twitter, o responsável deplora a medida anunciada pelo presidente norte-americano sustentando que “não há razão que justifique esta medida, numa altura em que os seus esforços são mais do que nunca necessários para ajudar a conter e mitigar a pandemia covid-19”.

Apenas juntando forças podemos superar esta crise que não conhece fronteiras”, completa o chefe da diplomacia europeia.

Portugal sublinha que “não é tempo de enfraquecer” a OMS

Ao mesmo tempo, o ministro dos Negócios Estrangeiros português sublinha que a luta contra a pandemia provocada pelo coronavírus exige que a OMS seja apoiada, e não enfraquecida, em reação à decisão dos EUA de suspender a sua contribuição para organização.

A luta contra a pandemia covid-19 exige o trabalho de todos e o reforço das organizações multilaterais”, lê-se numa mensagem publicada na conta oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros português no Twitter.Não é tempo de enfraquecer a Organização Mundial de Saúde, mas sim de apoiá-la”, acrescenta o texto.

Também, a Rússia apelidou a decisão dos Estados Unidos como uma “abordagem muito egoísta”. O anúncio feito ontem [terça-feira] por Washington da suspensão do financiamento da OMS é muito alarmante para nós. É a manifestação de uma abordagem muito egoísta das autoridades norte-americanas em relação ao que está a acontecer no mundo“, disse o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Riabkov, em declarações à agência de notícias pública TASS.

Nesse sentido, o representante russo reforçou que “este golpe” visando neste momento específico esta organização “é uma abordagem que merece ser denunciada e condenada”. Já a porta-voz da diplomacia russa disse que a decisão de Donald Trump mostra que os EUA continuam a precisar de “acusar alguém”.

(Notícia atualizada às 14h13 com mais informação)

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