Que velocidade atingem os carros de Fórmula 1?

  • Jorge Girão
  • 5 Outubro 2020

Eis alguns números impressionantes que dão uma ideia do potencial dos monolugares que estarão no Autódromo Internacional do Algarve no final do mês.

Os carros de Fórmula 1 são verdadeiras bestas da velocidade, capazes de performances inimagináveis para os comuns dos mortais, mas alguns números dão uma ideia do potencial dos monolugares que estarão no Autódromo Internacional do Algarve no final deste mês de outubro.

As atuais bólides que competem no pináculo do automobilismo são máquinas infernais e não é apenas a velocidade que atingem, que varia de circuito para circuito, que impressiona.

É claro que a velocidade máxima é alvo de muito interesse da parte dos adeptos e curiosos, mas isto deve-se ao facto de ser algo facilmente mensurável e com o qual todos os condutores se conseguem relacionar.

Na Fórmula 1 não se fala de velocidade máxima, mas antes de velocidade de ponta, dado que o máximo que um monolugar pode alcançar depende das exigências de cada um dos circuitos. Monza por exemplo – formado por longas retas e poucas curvas – é a velocidade de ponta que é mais importante, mas em Monte-Carlo, com as suas 19 curvas de baixa velocidade em 3,337 quilómetros, as equipas favorecem a velocidade em curva, sacrificando a velocidade de ponta.

Em Monza — 5,793 quilómetros para apenas onze curvas — este ano, Valtteri Bottas, em Mercedes, atingiu os 360 Km/h, ao passo que em 2019, em 2020 o Grande Prémio do Mónaco não se realizou, Sérgio Pérez em Racing Point Mercedes, registou 291,9 Km/h em Monte-Carlo, tendo estas sido as velocidades mais elevadas observadas pela FIA durante as respectivas corridas.

No fundo, um carro afinado para o Mónaco seria penosamente lento em Monza, sendo o contrário igualmente verdadeiro.

A potência de um carro de Fórmula 1 é, basicamente, a mesma de circuito para circuito, portanto, não será este o fator que leva à diferença da velocidade de ponta registada entre pistas, sendo antes a aerodinâmica a limitar essa variável.

Desde há décadas que as equipas têm vindo a usar a deslocação do ar para ganhar mais aderência em curva e maior capacidade de travagem.

O princípio é o mesmo do dos aviões, mas enquanto estes usam o ar para descolarem, no automobilismo o ar é usado para empurrar os pneus contra o asfalto e, assim, descreverem as curvas mais rapidamente.

Para dar uma ideia, em Mugello, onde este ano se disputou o Grande Prémio da Toscânia, alguns monolugares atingiram os 6G de aceleração lateral. Isto significa que a força descendente gerada pelas superfícies aerodinâmica – asas dianteira e traseira, extratores, derivas, etc – era seis vezes superior ao peso do carro. Ora se levarmos em consideração que um monolugar de Fórmula 1 com piloto pesa no mínimo 740 kg, concluímos que é sujeito a uma força de quase 4 toneladas e meia.

O apoio aerodinâmico tem também reflexo na capacidade de travagem, podendo os Fórmula 1 exercer uma força de desaceleração de 5,2G, o que lhe permite reduzir dos 300 Km/h para os 60 Km/h em apenas sessenta metros.

Claro que na Fórmula 1 tudo tem um preço e quanto maior o apoio aerodinâmico, maior o arrasto e menor a velocidade de ponta, explicando-se a diferença de velocidade de ponta entre Monte Carlo, circuito de carga máxima, e Monza, traçado de carga mínima.

No campo da aceleração também os números são impressionantes, demorando um Fórmula 1 dos 0 aos 100 Km/h menos de 2,6 segundo, mas são os 10,6 segundos que leva dos 0 aos 300 Km/h que verdadeiramente espanta. Para colocar estes números em perspetiva, um carro de estrada de gama média alcança os 100 Km/h em cerca de 10 segundos. Portanto, se aproveitar o potencial do seu automóvel para arrancar, quando chegar aos 100 Km/h, já um Fórmula 1 se aproxima dos 300 Km/h.

No centro de toda esta performance está um motor de 1600 c.c. V6 turbo e com dois sistemas híbridos capaz de desenvolver cerca 1000 cv de potência, que é o propulsor de combustão interna mais eficiente da história do automóvel.

Todas estas características criam números impressionantes, mas vê-los ao vivo é ainda mais fascinante, tendo inclusivamente o nosso cérebro dificuldades em perceber o que se passa quando se depara pela primeira vez com um Fórmula 1 no máximo das suas capacidades. A informação que nos passa é a de um acidente iminente que se está a desenvolver à nossa frente. Precisamos de nos ajustar à informação que estamos a processar, tal a dinâmica do que observamos.

No Autódromo Internacional do Algarve espera-se que os monolugares mais rápidos do mundo descrevam a última curva a mais de 250 Km/h, chegando ao final da recta de meta a bem mais de 300 Km/h, sensações que serão inesquecíveis e só ao alcance de um Fórmula 1.

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