Da origem das matérias-primas às condições dos trabalhadores, Citeve quer peças de roupa com BI

ITV alerta que consumidores mais novos exigem mais transparência e que é imprescindível criar indicadores que melhorem a transparência, rastreabilidade e avaliação do ciclo de vida das peças.

O diretor geral do Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário (Citeve), Braz Costa, alerta que o “sistema de etiquetagem das peças de roupa está completamente obsoleto” e que é imprescindível transformar este sistema numa espécie de currículo ou bilhete de identidade.

Para o diretor do Citeve, a sustentabilidade ainda tem um longo caminho a percorrer e uma das prioridades é “conseguir objetivar a medição e criar um mecanismo que permite acumular toda a informação sobre a história de vida de determinada peça”, destaca Braz Costa, na 25ª edição do Simpósio da indústria têxtil e vestuário (ITV) com o mote “Regenerar o setor, ganhar o futuro – Uma visão estratégica para a década”.

Braz Costa começa por questionar “como se mede a sustentabilidade de um produto” e que “existe um problema técnico de medir o grau de sustentabilidade ou insustentabilidade de determinados produtos”. Face ao problema, adianta que o Citeve está, neste momento, com um “mega projeto” em mãos, que tem como objetivo “desenvolver métodos analíticos que permitam identificar determinados características, entre elas se determinado produto é reciclado ou não”.

“A minha grande ambição é que dentro de cinco anos sejamos capazes de etiquetar uma peça de vestuário como se fosse um currículo. Que toda a informação esteja acumulada: quanto foi gasto em energia, água, se foram utilizados pesticidas, se o algodão é geneticamente alterado ou não, se houve trabalho escravo, saber se determinada matéria-prima foi produzida em solo onde existe penúria de bens alimentares, entre outros”.

O presidente da ATP, Mário Jorge Machado, corrobora a ideia do diretor do Citeve e destaca que “os consumidores mais novos exigem mais transparência às marcas. Exigem saber como os produtos são fabricados. Temos que criar indicadores que sejam transparentes para o consumidor na questão da sustentabilidade”.

Para além de resolver o problema da etiquetagem, Braz Costa alerta ainda que do lado político é necessário encontrar formas “de legislar esta forma de etiquetar”. O diretor do Citeve acrescenta ainda que “não há nenhuma razão para a Europa deixar entrar no seu espaço produtos têxteis que contenham substâncias que acabam por poluir o nosso ambiente e que acabam por ser introduzidas nos nossos sistemas de reciclagem perpetuando esse tipo de compostos dentro dos nossos produtos reciclados”.

Para a indústria têxtil e do vestuário (ITV) portuguesa uma das prioridades estratégicas é apostar na sustentabilidade e adotar uma nova postura em toda a cadeia de valor. Apostar em energias limpas, utilização inteligente dos recursos, estratégias para reduzir o desperdício e melhorar a transparência, a rastreabilidade e avaliação do ciclo de vida de determinado produto.

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