Clima: “Não temos mais tempo para discutir dúvidas”

  • Lusa
  • 27 Julho 2021

"Temos de nos preparar para vários cenários, e alguns podem ser francamente maus", avisou ainda Miguel Miranda, presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

O presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera disse hoje, numa referência às alterações climáticas, que não há mais tempo para “discutir dúvidas” e que há que preparar a sociedade para cenários que “podem ser francamente maus”.

Não temos mais tempo para discutir dúvidas, e se calhar vamos ter que ter políticas e perspetivas que sejam um bocadinho precaucionárias. Temos de nos preparar para vários cenários, e alguns podem ser francamente maus”, avisou Miguel Miranda, numa mesa-redonda na conferência “Alterações climáticas: que desafios para o setor agroflorestal nos próximos anos?”, que se realizou no auditório da reitoria da Universidade Nova de Lisboa.

Segundo Miguel Miranda, as atividades do setor primário, como a agricultura, “têm de começar a preparar-se para situações que podem ser de alguma disrupção”.

“Vamos ter problemas de água doce e de solos, temos é que adaptar a nossa capacidade de utilização do solo aos recursos do meio natural”, frisou, defendendo, no caso da agricultura, o uso “muito mais inteligente da água” a par de “técnicas sofisticadas de cultivo”.

“As soluções são baseadas em ciência, seguramente, na tecnologia, seguramente, têm de respeitar o meio natural, seguramente, mas não podem depender dele”, assinalou.

Para o especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos, é preciso apostar e incentivar a agricultura de precisão, “uma agricultura com muito maior atenção à gestão eficiente da água”, uma vez que, em Portugal, “a média de precipitação anual está a decrescer”.

Por outro lado, invocou que, no caso das florestas, responsáveis pelo sequestro de carbono, “vai ser necessário um grande esforço de reflorestação e prevenção de incêndios” para se cumprir as metas europeias de descarbonização, de reduzir 55% das emissões até 2030, cerca de 3% das quais por sequestro florestal, e atingir a neutralidade carbónica em 2050.

Para a economista Filipa Saldanha, subdiretora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Sustentável, a adoção de novas tecnologias “é absolutamente essencial” para aumentar o uso eficiente da água na agricultura, mas é preciso “capacitar os agricultores” para “as melhores práticas” sensibilizando-os para “os ganhos, benefícios” da utilização dessas tecnologias.

O presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência, António Costa e Silva, que também participou na mesma mesa-redonda, apontou como caminhos para a sustentabilidade a alteração da dieta alimentar, a introdução de culturas agrícolas que consumam menos água ou a substituição do plástico por materiais de origem biológica.

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