Explosões no aeroporto de Cabul podem ter feito 60 mortes

  • Lusa e Carolina Bento
  • 26 Agosto 2021

Pentágono confirma 27 mortos, incluindo 12 militares, e mais de 50 feridos nas duas explosões em Cabul. Mas total de vítimas mortais pode chegar às seis centenas.

Havia ameaças, mas acabaram por se concretizar. Houve uma primeira explosão junto ao aeroporto de Cabul, que terá feito 27 mortos. Foi seguida de uma outra, num local próximo onde muitos tentam embarcar para fugirem ao regime talibã. Entre as vítimas, encontram-se crianças, cidadãos afegãos e militares norte-americanos. O ataque já foi reivindicado pelo Estado Islâmico, avança a Reuters (acesso pago)

A primeira explosão foi revelada por John Kirby, do Pentágono. A explosão aconteceu junto aos portões de entrada do aeroporto, onde muitas pessoas se juntam, à espera de poderem sair do país. Recorde-se que nos últimos dias várias autoridades ocidentais tinham avisado para o risco de uma explosão no aeroporto de Cabul.

“Podemos confirmar uma explosão no exterior do aeroporto de Cabul”, escreveu Kirby na rede social Twitter, acrescentando não dispor, por enquanto, de informações claras sobre a existência de vítimas.

Segundo a BBC, que cita fontes norte-americanas, a explosão foi provocada por um bombista suicida e aconteceu minutos depois de um avião italiano, que descolava do aeroporto, ter sido atingido por tiros.

Logo depois, foi confirmada por John Kirby uma nova explosão, que decorreu “no ou perto do Baron Hotel”, que fica a uma curta distância do portão Abbey, onde ocorreu a primeira. E há cidadãos norte-americanos entre as vítimas, tanto militares como civis.

Uma terceira explosão ocorreu esta quinta-feira em Cabul, após o duplo atentado que fez dezenas de mortos e feridos no exterior do aeroporto, onde as forças internacionais tentam retirar do Afeganistão milhares de cidadãos estrangeiros e afegãos.

A terceira explosão na capital afegã foi ouvida por muitos cidadãos e jornalistas locais, que logo partilharam nas redes sociais, e ocorreu poucas horas depois do duplo ataque bombista no aeroporto internacional de Cabul, embora, por enquanto, não haja pormenores sobre a magnitude da nova explosão.

O Pentágono confirma 27 mortos, incluindo 12 militares, mas o número de vítimas mortais a lamentar ainda está em aberto. A BBC, de acordo com fontes médicas, avança com 60 mortos e pelo menos 140 feridos, mas não especifica quantos são norte-americanos e quantos são afegãos.

O Centro Cirúrgico de Cabul, citado pelo The Guardian, confirmou que chegaram às urgências cerca de 60 feridos, elevando o número anteriormente avançado pelo próprio jornal, que minutos antes reportava serem, sensivelmente, 50 o número de pessoas feridas nos ataques. Entre os feridos, estão sobretudo mulheres e crianças e há registos de cinco militares norte-americanos.

Não há registos de baixas junto dos militares portugueses, segundo o Ministro da Defesa. Contactado pela TSF, o ministro diz que os quatro militares portugueses no Afeganistão se encontram bem. O Ministério de Defesa do Reino Unido também confirmou que nenhum dos seus militares ficou ferido e que as forças britânicas estão a tentar dar assistência médica no local.

Os Estados Unidos têm fortes evidências que sugerem que o principal suspeito dos ataques é o Estado Islâmico da Província de Khorasan (ISKP), segundo o The Guardian. Fundado em 2005, é constituído por pessoas vindas de países como o Paquistão, Uzbequistão e o Tajiquistão. Este grupo já era considerado uma ameaça “grave” e “persistente”, de acordo com o conselheiro de defesa de Joe Biden.

O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, disse que o seu grupo “condena veementemente” o ataque no aeroporto de Cabul, “cuja segurança está nas mãos das forças americanas”, e disse que o Emirado Islâmico está a prestar “muita atenção à segurança e proteção do seu povo”. O porta-voz dos talibãs prometeu ainda que os autores do ataque “serão severamente dissuadidos”.

Joe Biden está a ser informado sobre sucedido e desenvolvimentos seguintes, segundo a Casa Branca. O presidente norte-americano está na “sala de crise”, disse um funcionário do seu gabinete, citado pela agência France Presse sob a condição de não ser identificado. Não existem, até ao momento, indícios que Biden pondere alterar o prazo até 31 de agosto para retirada, segundo disse fonte da Casa Branca à Reuters.

Deste lado do Atlântico, Ursula von der Leyen condenou os ataques “cobardes e inumanos” que vitimaram e feriram dezenas de pessoas. “É essencial fazer tudo para garantir a segurança das pessoas no aeroporto. A comunidade internacional tem de trabalhar em proximidade para, juntos, evitarmos o ressurgimento do terrorismo no Afeganistão”, disse a Presidente da Comissão Europeia.

(Notícia atualizada às 20h22 com número de mortos atualizados)

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