Super Bock avança com aumentos de 1,5% e trabalhadores dizem que valor é “arbitrário”
A proposta da empresa "representa um valor absoluto muito abaixo dos 25 euros e 25 dias de férias", contesta a Comissão Negociadora Sindical.
A administração da Super Bock avançou com um aumento de 1,5% nos salários dos trabalhadores, um valor que a Comissão Negociadora Sindical da empresa contesta e considera “arbitrário”, segundo um comunicado divulgado esta sexta-feira.
“Foi com grande surpresa que os sindicatos tomaram conhecimento da comunicação remetida pela Administração da Super Bock aos seus trabalhadores, dando conta da decisão em aplicar um aumento salarial fora do âmbito da negociação”, lê-se na nota.
“A atribuição arbitrária de um aumento salarial de 1,5%, apesar de a empresa, de forma ardilosa e enganadora, o identificar como equivalente à sua última proposta rejeitada pelos trabalhadores (e não pelos sindicatos), representa um valor absoluto muito abaixo dos 25 euros e 25 dias de férias em que assentava, de facto, essa última proposta”, garantem.
Contactada pela Lusa, fonte oficial da empresa referiu que, “não obstante todos os esforços feitos pelo Super Bock Group para chegar a acordo com os sindicatos quanto à revisão da tabela salarial do ACT [acordo coletivo de trabalho]”, lamenta “não só o insucesso negocial, bem como os processos a que os sindicatos recorreram, depois de inviabilizado o acordo, e que implicaram inevitáveis prejuízos para a empresa e para os seus trabalhadores”.
“O Super Bock Group assumiu a sua responsabilidade com todos os trabalhadores e decidiu aplicar o montante equivalente àquela que foi a sua última proposta apresentada e novamente rejeitada pelos sindicatos”, referiu, destacando que, “num ano que continua atípico e a condicionar a atividade da empresa, o Super Bock Group avançou com um aumento de 1,5% na remuneração base de cada trabalhador, minorando os efeitos decorrentes da inflexibilidade negocial dos sindicatos”.
No mesmo comunicado, as estruturas sindicais referiram que “os sindicatos que constituem a Comissão Negociadora Sindical enviaram, no passado dia 20 de agosto, um pedido de agendamento de reunião, dando conta da abertura para ajustamento de posições, a que a Super Bock não deu, até hoje, resposta”
“Não pode agora, por isso, vir a empresa acusar os sindicatos de inviabilizar o acordo quando deram, precisamente, o último passo no sentido positivo”, garantiram.
Segundo a Comissão, “não faz qualquer sentido afirmar que a empresa teve uma “evolução muito concreta e significativa das suas posições negociais” quando uma das suas propostas foi ‘zero’.
“A empresa mantém uma estratégia de culpabilização dos sindicatos, em tom de diabolização dos seus representantes que, não sendo original, representa um claro ataque aos próprios trabalhadores, já que todas as ações de luta promovidas brotaram de decisões genuínas deles mesmos”, lê-se na mesma nota.
Segundo a Comissão, “os trabalhadores saberão posicionar-se a preceito na defesa dos seus direitos e no reforço dos seus salários”.
Os trabalhadores da Super Bock estiveram em greve entre 5 e 10 de agosto, tendo sido esta a quarta paralisação desde dezembro.
Depois das paralisações em dezembro, março e junho, os trabalhadores da Super Bock fizeram greve em agosto, com paragens parciais em todos os turnos, por aumentos salariais, pela valorização do trabalho, pela “projeção da riqueza criada” pelo empregador, e contra “a posição irredutível da administração em não evoluir a sua proposta no sentido de a aproximar à dos trabalhadores, respeitando a lógica negocial que se exige”.
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