Seguros: O que está a preocupar Margarida Corrêa de Aguiar

  • ECO Seguros
  • 5 Setembro 2021

A presidente da ASF alertou os deputados para os impactos do fim das moratórias, possível onda de falências e corrida a resgates de produtos de poupança.

O momento económico está a preocupar Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da ASF, entidade supervisora dos seguros em Portugal, levando a responsável a alertar, no início do verão, os deputados da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia da República.

Segundo Margarida Aguiar, a conjuntura apresenta riscos e vulnerabilidades para Estados, empresas e famílias que levam a especial atenção nos seus impactos na atividade seguradora. A presidente da ASF referiu concretamente o perigo de contração da atividade económica e dos rendimentos das famílias provocado por uma onda de falências de empresas e aumento do desemprego, dificuldades financeiras das empresas e famílias, em particular no phasing-out das moratórias de crédito e de outras medidas de apoio e o surgimento de novas estirpes mais infecciosas do vírus causador de Covid-19.

Elevados volumes de resgates de produtos de poupança, com impacto no perfil de liquidez das empresas de seguros, é uma das consequências temidas por Margarida Aguiar a par com o desenvolvimento adverso da sinistralidade, denotando impactos de longo prazo da pandemia e uma menor capacidade dos associados para o financiamento das responsabilidades de planos de benefício definido financiados por fundos de pensões. Do ponto de vista das seguradoras a ASF prevê um ressurgimento de pressões competitivas, aparentemente positivas para os consumidores, mas que exigem atenção dada a degradação que provocam na sustentabilidade técnica do negócio segurador.

Sem referir diretamente Portugal, Margarida Aguiar afirmou aos deputados estar preocupada com a sustentabilidade das finanças públicas de Estados Membros da UE e com fragmentação dos mercados financeiros, apesar do previsível prolongamento do ambiente de taxas de juro muito baixas, demonstrando receio quanto ao downgrade em massa da notação de crédito de emitentes privados de títulos, investimentos muito procurados por seguradoras, e até um risco de reversão abrupta dos preços dos ativos.

Reduzir o gap de proteção em riscos catastróficos é oportunidade

A presidente da ASF também explicou aos deputados a sua perceção sobre as principais tendências evolutivas do mercado e os desafios que estas colocam ao setor dos seguros e pensões.

As seguradoras, dado o ambiente de taxas de juro muito baixas aliado à ausência de estímulos à poupança condicionam a atividade, estão a adaptar o seu modelo de negócio através do aumento da oferta de produtos de Vida sem garantias enquanto nos fundos de pensões verifica-se a tendência de conversão de planos de benefício definido em planos de contribuição definida. Os novos produtos seguradores lançados têm-se orientado para objetivos concretos.

Quanto ao desenvolvimento da oferta, a ASF procura estimular soluções para reduzir protection gap para diversos riscos como catástrofes naturais (incêndios, tempestades e eventos sísmicos), pandemias e aumento da longevidade. Também importante é a preocupação de Margarida Aguiar com o desenvolvimento de oferta seguradora para dar resposta a necessidades emergentes e decorrentes dos novos padrões de consumo como área de riscos cibernéticos e de seguros de saúde de longo prazo.

Por último a Presidente da ASF confirmou aos deputados que está a existir o reforço da digitalização nas várias fases da cadeia de valor, com impacto no relacionamento com os clientes e prestadores e na maior eficiência de custos, através de plataformas tecnológicas mais integradas, open insurance, inteligência artificial, bigdata e data analytics. Deu ainda nota que as soluções relacionadas com a economia sustentável estão a avançar através da implementação de iniciativas no domínio da sustentabilidade, quer ao nível do investimento em projetos e infraestruturas “verdes”, quer na oferta de produtos de seguros com cobertura dos riscos associados à transição para o novo paradigma.

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