Até 720 mil pessoas podem estar em isolamento no dia das eleições
Cenários traçados pelo Instituto Ricardo Jorge indicam que 3% a 7% da população pode estar em isolamento a 30 de janeiro. Vacinação de reforço e das crianças vai determinar evolução epidemiológica.
Entre 3% e 7% dos portugueses poderão estar em isolamento devido à pandemia de Covid-19 no dia das eleições legislativas, altura em que a incidência de infeções deverá estar mais baixa, indicam os cenários do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
“Relativamente aos indivíduos em isolamento ou quarentena, a verificarem-se os cenários traçados, já deveremos estar em fase descendente nessa altura e, de acordo com as nossas simulações, esse valor a 30 de janeiro poderá estar entre 3% a 7% da população”, adiantou à Lusa Baltazar Nunes, investigador do INSA.
Segundo o responsável pela Unidade de Investigação Epidemiológica do INSA, se o máximo tiver sido alcançado nos últimos dias e o país não ultrapassar os 40 mil a 50 mil casos diários, o cenário para o final do mês é de que o número de isolamentos estará “mais próximo dos 3% do que dos 7%”.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a população residente em Portugal é de cerca de 10,3 milhões de pessoas, o que quer dizer que poderão estar isoladas ou em quarentena no dia das eleições entre cerca de 310 mil e 720 mil pessoas.
Relativamente aos indivíduos em isolamento ou quarentena, a verificarem-se os cenários traçados, já deveremos estar em fase descendente [no dia das eleições].
Baltazar Nunes salientou ainda que a situação epidemiológica a 30 de janeiro, dia em que os portugueses são chamados a eleger os 230 deputados, será, em grande parte, determinada pela eficácia das medidas de contenção implementadas durante a última semana de dezembro e as primeiras de janeiro deste ano.
Além disso, a situação da pandemia no final do mês depende do desenrolar da vacinação de reforço e das crianças dos 5 aos 11 anos, adiantou o especialista, ao avançar que, “quanto maior for a cobertura vacinal destes grupos, melhor será a situação epidemiológica a 30 de janeiro”.
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De acordo com investigador do INSA, a incidência de infeções deverá começar o seu “processo descendente nas próximas semanas” e, caso se verifiquem os cenários previstos, no dia das legislativas é provável que o país esteja “com níveis de incidência acumulada mais baixos do que os atuais e que o índice de transmissibilidade (Rt) esteja abaixo ou perto de 1”.
Segundo avançou a Direção-Geral da Saúde na sexta-feira, a incidência por 100 mil habitantes está nos 3.813,6 a nível nacional e o Rt – que estima o número de casos secundários de infeção resultantes de cada pessoa portadora do vírus – registou uma descida, passando para 1,19.
Cuidados intensivos no máximo na primeira quinzena de fevereiro
Relativamente à pressão sobre os serviços de saúde, que tem aumentado gradualmente nos últimos dias, Baltazar Nunes adiantou que, também de acordo com os cenários, o máximo de ocupação de camas em unidades de cuidados intensivos (UCI) será registado entre a primeira e a segunda semana de fevereiro.
“Se os cenários delineados se verificarem, na semana de 30 de janeiro, estaremos próximos ou a atingir o máximo de camas em enfermaria e em unidades de cuidados intensivos. Os nossos cenários projetavam máximos em enfermaria que podem variar entre 1.300 e 3.700 e em UCI entre 184 a 453”.
Na sexta-feira, 1.699 doentes com covid-19 estavam internados em enfermaria e 162 nas unidades de cuidados intensivos dos hospitais de Portugal continental. Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.237 pessoas e foram contabilizados 1.814.567 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
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