Riscos ESG: Cotadas nas bolsas mundiais desvalorizam custos financeiros e de reputação

  • ECO Seguros
  • 15 Março 2022

Empresas que negoceiam nas principais bolsas mundiais estão longe de dar prioridade às responsabilidades ESG. Euronext reúne mais cotadas preocupadas do que outras praças financeiras.

Fernando Chaves, Risk Specialist da Marsh Portugal: “As organizações correm o risco de ter terceiros a estimar a sua exposição aos riscos de ESG e às alterações climáticas, o que pode ter implicações financeiras e de reputação a longo prazo.”

Um número significativo de empresas mundiais ainda não prioriza o tema dos riscos ambientais, sociais e de governança (ESG), “o que está a criar lacunas preocupantes na avaliação e mitigação destes riscos crescentes”, adverte a Marsh num relatório que avaliou informação divulgada pelas cotadas de algumas das principais bolsas internacionais.

As empresas que integram índices acionistas da plataforma Euronext “são as mais preocupadas com a exposição a riscos de ESG, sendo que 90% da amostra refere que esta é uma prioridade fundamental nos seus relatórios anuais”, revela o estudo Evaluating ESG and pandemic risk reporting trends: FTSE 100 and global exchanges risk analysis 2021.

O trabalho da companhia líder mundial em consultoria de riscos e corretagem de seguros abrange relatórios anuais das empresas que compõem o Índice FTSE100, bem como de 60 empresas líderes listadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque, na Euronext e na Bolsa de Valores de Hong Kong, abrangendo os relatórios divulgados entre julho de 2020 e julho de 2021.

Além disso, apenas um quinto (21%) das empresas cotadas no FTSE100 consideraram o ESG como o principal risco nos seus relatórios anuais. Embora quase todas as organizações inquiridas tenham incluído os riscos ambientais nas principais secções de risco dos seus relatórios anuais, no geral, “a responsabilidade social foi pouco referida – o que aponta para um foco no aspeto ambiental da avaliação de ESG, transversal a todos os setores”, nota a Marsh.

“A crescente consciencialização do público e dos investidores em relação às questões ESG significa que os conselhos de administração são cada vez mais obrigados a dedicar mais tempo e recursos à gestão dos aspetos sociais e de governação dos riscos de ESG. Ao adotar uma abordagem mais proativa ao nível da direção, as organizações podem aproveitar a oportunidade para melhorar a sua capacidade de gestão deste tipo de riscos, obter um maior acesso a capital e ir ao encontro das expectativas dos investidores. Caso contrário, correm o risco de ter terceiros a estimar a sua exposição aos riscos de ESG e às alterações climáticas, o que pode ter implicações financeiras e de reputação a longo prazo,” observa Fernando Chaves, Risk Specialist da Marsh Portugal.

Enquanto o mercado Euronext reúne maior proporção de empresas preocupadas com a exposição a riscos de ESG, colocando esta questões como prioridade nos relatórios anuais, entre as empresas da Bolsa de Valores de Nova Iorque inquiridas, apenas 35% identificaram o ESG como um risco prioritário, e 30% das empresas cotadas na Bolsa de Valores de Hong Kong concordaram. Além disso, apenas um quinto (21%) das empresas cotadas no FTSE100, da bolsa de Londres, consideraram o ESG como o principal
risco nos seus relatórios anuais, conclui o trabalho que procurou identificar “tendências nos relatórios de ESG e avaliar o nível de preparação das empresas para dar resposta a futuros riscos relacionados com o ESG e com a pandemia”.

Entre as conclusões do estudo é salientado que menos de um terço (30%) da amostra do FTSE100 possui relatórios autónomos sobre o risco das alterações climáticas, de acordo com o TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures), que defende a realização de 11 divulgações recomendadas em torno dos quatro elementos centrais dos riscos relacionados com o clima. A partir de abril de 2022, a divulgação do TCFD será obrigatória para as 1.300 maiores empresas registadas no Reino Unido – incluindo empresas cotadas e privadas – com mais de 500 colaboradores e 500 milhões de libras de faturação, nota a Marsh Portugal.

 

 

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