Laliga perdeu 892 milhões de euros na época 2020/2021

  • Servimedia
  • 10 Maio 2022

Durante a época 2020/2021, a temporada mais atingida pela Covid-19, a Laliga apresentou perdas de receita no valor de 892 milhões de euros. 60% deste prejuízo foi causado por apenas um clube.

O Relatório Económico da liga espanhola para a época completa de 2020/21 mostra, pela primeira vez nos últimos anos, perdas de receitas no valor de 892 milhões de euros. Estas perdas coincidem com a fase mais aguda da pandemia, noticia a Servimedia.

Apesar do prejuízo, a LaLiga reconhece que o impacto só não foi maior devido à força financeira da competição e à responsabilidade dos clubes, e acredita, por isso, que vão conseguir uma sólida recuperação nas próximas épocas.

No seu conjunto, os clubes que compõem a liga espanhola alcançaram um rendimento total de 3818 milhões de euros na época 20/21, menos 24,1% do que em 19/20, com quedas nos ‘Matchday’ (-53%) e nos preços de venda para transferências de jogadores (-52%), que tiveram o maior impacto nas receitas.

Ainda assim, as perdas são substancialmente inferiores às previstas pela PwC no relatório de previsão Covid-19 de janeiro de 2021 e correspondem a uma redução mais ligeira do que a verificada pelo futebol profissional europeu como um todo.

De acordo com a UEFA, o declínio do volume de negócios normal ascendeu a sete mil milhões de euros ao longo das duas épocas com Covid-19. Com as receitas das transferências de jogadores, o gasto total das receitas no futebol profissional europeu ascendeu a mais de 10 mil milhões de euros.

No caso da LaLiga, existe um único clube que concentra 58% das perdas em termos de EBIT, 56% das perdas em termos de resultado líquido e 26% da dívida financeira bruta (DFB). Contudo, do total das perdas registadas por esta entidade, cerca de 50% correspondem a convenções contabilísticas associadas à amortização extraordinária do seu balanço, sem impacto financeiro imediato.

Clubes conseguem reduzir a dívida no meio da crise

Embora 71% dos clubes tenha um resultado líquido negativo, a verdade é que a maioria deles tem um Ebitda positivo (62%) e, mesmo nos piores momentos de crise, ainda conseguiram reduzir o seu nível de DFB (55% dos clubes).

Dentro de todas as despesas que uma competição implica, os maiores gastos são com o pessoal desportivo (46%), seguido da amortização do jogador (16%). No entanto, pela primeira vez, as despesas diminuíram -5,4%, fruto do esforço operacional feito pela maioria dos clubes, onde se destaca a amortização de jogadores (-6,6%) e a diminuição de outras despesas operacionais (-13,4%).

Para além da contenção no nível de despesas correntes, vale a pena destacar a ativação efetiva de um ‘estabilizador automático’, derivado do Controlo Económico da LaLiga, nomeadamente o abrandamento do nível de investimento no plantel de jogadores (assinaturas), o que preservou os balanços dos clubes.

No entanto, em termos de resultados, o efeito não é simétrico. As vendas mais baixas têm um impacto negativo direto e imediato nos resultados da época, enquanto as compras só o farão gradualmente nos próximos anos devido às amortizações. Mas, em termos de consumo de liquidez e pressão sobre o endividamento, ou seja, em termos de dinheiro, o saldo já foi sentido de uma forma muito positiva.

No que diz respeito ao grau de capitalização, os acionistas dos clubes têm demonstrado um forte empenho ao subscreverem aumentos de capital de cerca de 215 milhões de euros. Sem considerar o impacto negativo associado à deterioração do capital próprio da liga espanhola (com um património líquido de cerca de -450 milhões de euros), o Rácio de Capital Próprio agregado da LaLiga seria de 28,8%.

Durante a época 2020/21, e para fazer face à crise, a liga espanhola promoveu vários acordos transformacionais (alguns formalizados na atual época 21/22) – entre os quais se destaca o Plano Impulso, a LaLiga Tech, as extensões de joint ventures internacionais, a venda de direitos audiovisuais e os patrocínios fechados durante a pandemia – que permitem ao futebol profissional espanhol avançar de uma só vez o que normalmente só seria possível em 20/30 anos.

A LaLiga espera, por isso, que este seja o ano em que a recuperação terá início, com receitas a ultrapassar, mais uma vez, a barreira dos quatro mil milhões, bem como um aumento previsto de +180% em Ebitda e de +66% em termos de EBIT e de resultados líquidos.

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