Itália avisa que bloqueio de cereais na Ucrânia poderá matar “milhões de pessoas”
Luigi Di Maio alertou que o bloqueio da Rússia aos portos ucranianos está a impedir as exportações de trigo, avisando que tal situação poderá desencadear a morte de “milhões” de pessoas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália, Luigi Di Maio, disse esta quarta-feira que o bloqueio da Rússia aos portos ucranianos está a impedir as exportações de trigo, avisando que tal situação poderá desencadear a morte de “milhões” de pessoas.
“As próximas semanas serão cruciais para desbloquear a situação. Esperamos sinais claros e concretos da Rússia, porque bloquear as exportações de trigo significa manter reféns e condenar à morte milhões de crianças, mulheres e homens”, disse Di Maio.
O chefe da diplomacia italiana falava em Roma no final de uma conferência ministerial sobre segurança alimentar nos países mediterrânicos, com a participação de vários países, bem como da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), que tem sede na capital italiana.
A Ucrânia, um importante exportador mundial de cereais, viu as suas colheitas serem bloqueadas nos portos, por causa da invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro. Kiev exportava mensalmente 12% do trigo do mundo, 15% do milho e 50% do óleo de girassol.
Na mesma reunião em Roma, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Líbano, Abdallah Bou Habib, explicou que o aumento dos preços dos combustíveis e de outros produtos básicos estão a amplificar a crise que se vive no seu país.
“A guerra na Ucrânia deve terminar a todo o custo”, disse o chefe da diplomacia do Líbano, acrescentando que, se tal não for possível, “as partes envolvidas (…) devem ser pressionadas a permitir a exportação de cereais e de outros produtos básicos, sem demora”.
O Líbano está desde 2019 mergulhado numa crise económica classificada pelo Banco Mundial como a pior do mundo na história moderna (desde 1850), com uma desvalorização inédita da moeda (95%9), um aumento dos preços superior a 200% e a queda na pobreza de cerca de 80% da população.
Também esta quarta-feira o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, informou que a Ucrânia cultivou 75% dos terrenos de cultivo de cereais, no ano passado, apesar dos “desafios sem precedentes” que o país enfrentou com a presença russa no seu território. O primeiro-ministro acrescentou ainda que os agricultores ucranianos estão a preparar-se para a próxima colheita de cereais.
De acordo com Shmyhal, o Governo de Kiev está a “trabalhar em medidas para aumentar a capacidade de produção na fronteira ocidental da Ucrânia”, que é a menos afetada até agora pelos bombardeamentos russos.
O Ministério da Política Agrária está a ponderar a possibilidade de criar armazéns móveis de cereais, o que permitirá à Ucrânia aumentar a sua capacidade de armazenamento em mais 10 a 15 milhões de toneladas.
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