Investimentos na rede de gás de olhos postos no hidrogénio

Esta terça-feira foi debatido no Parlamento o Plano de Desenvolvimento e Investimento na Rede de Transporte de Eletricidade (PDIRTE) e o Plano de Desenvolvimento e Investimento na Rede de Gás Natural.

A necessidade de investimento nas redes de gás de forma a acomodar a injeção de hidrogénio verde foi questionada esta terça-feira pelos deputados, mas o regulador da energia, a Direção Geral da Energia e Geologia (DGEG) e a REN – Redes Energéticas Nacionais foram unânimes acerca da relevância destes investimentos, apesar da imaturidade atual da tecnologia.

Esta terça-feira foi debatido no Parlamento o Plano de Desenvolvimento e Investimento na Rede de Transporte de Eletricidade (PDIRTE) e o Plano de Desenvolvimento e Investimento na Rede de Gás Natural, elaborados pela REN. O operador da rede propõe um investimento de 831 milhões de euros na rede elétrica entre 2022 e 2031 e o PDIRG pressupõe investimento de 124 milhões de euros.

O presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, Pedro Verdelho, afirmou que o regulador teve uma “atitude de prudência” em relação a estes planos, em particular no que diz respeito ao gás natural, já que, no que diz respeito a esta fonte, “perspetiva-se que as necessidades tenderão a diminuir”. Nesse sentido, afirmou procurar investimentos “à prova do futuro”, ou seja, preparados para gases descarbonizados, como o hidrogénio verde. E deixou do lado do operador de rede o planeamento das necessidades.

No PDIRG, conta-se que a adaptação das redes de gás ao hidrogénio verde custe 40,3 milhões de euros até 2031, um número que pode cair para os 16,1 milhões caso estes investimentos sejam subsidiados por fundos europeus, em particular o Fundo para a Inovação, lê-se no plano.

Verdelho reforçou que o hidrogénio verde não exige a construção de uma nova rede, mas sim a adaptação da já existente, um processo com um “custo menor”. Um ponto reforçado pelo presidente da REN, Rodrigo Costa, considerando este um dos “pontos-chave” dos projetos em discussão.

O líder do regulador defende que os planos climáticos dos vários países europeus deverão estar alinhados “para assegurar que através desta discussão possamos ultrapassar as incertezas que a metamorfose tecnológica nos oferece”.

O presidente da DGEG, João Bernardo admite que “o gás natural é um complemento a prazo” no mix energético, mas acredita que este ainda terá um papel “fundamental”. E avisa, admitindo a opinião como pessoal: “Do ponto de vista da segurança de abastecimento, depender de apenas energia elétrica, deixa-nos muito vulneráveis”. O presidente da ERSE já havia apontado também que uma dificuldade da eletrificação é a obtenção dos metais raros que são necessários, apontando o hidrogénio verde como uma alternativa neste sentido. Isto, ressalvando que o hidrogénio deve ser dirigido a setores onde a eletrificação não seja uma solução.

João Bernardo afirma que “faz todo o sentido fazer mais uma caverna ou duas no Carriço”, onde estas estruturas foram construídas para armazenar gás, e indica que “depois podem servir para armazenar hidrogénio ou metano”.

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