Projeto transforma plástico PET em sensores óticos para detetar poluentes na água
A equipa de investigadores da Universidade do Porto está a desenvolver novos materiais para sensores óticos, com propriedades fluorescentes, a partir do plástico PET recolhido nas zonas costeiras.
Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto estão a transformar o plástico PET recolhido na costa, que por norma vai para aterro, em novos materiais para sensores óticos com o objetivo de detetar poluentes ambientais na água.
Em comunicado, a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) esclarece hoje que a equipa de investigadores está a desenvolver novos materiais para sensores óticos, com propriedades fluorescentes, a partir do plástico PET recolhido nas zonas costeiras, como garrafas, que por estarem mais degradadas, por norma não vão para os aterros e não são recicláveis.
“O objetivo é detetar contaminantes e poluentes ambientais na água”, refere a instituição.
Nesse sentido, os investigadores estão a desenvolver um “processo inovador de transformação”, usando a água como solvente (via hidrólise) do plástico associado ao aquecimento óhmico, “uma tecnologia muito usada para o processamento de alimentos, conservando as suas propriedades”.
Citada no comunicado, a líder da investigação, Ana Margarida Silva, esclarece que o propósito é “usar métodos amigos do ambiente para a transformação do plástico, selecionando matérias-primas de fontes renováveis”.
O sal presente nestes resíduos vai funcionar como um “catalisador natural e potenciar a síntese”, tornando o processo “mais eficiente”.
Neste momento, o plástico PET já “lavado, cortado e moído” é transformado em ácido tereftálico, sendo que para poder ser integrado em sensores óticos, estes materiais são novamente modificados por aquecimento.
Deste processo, associado a estruturas tridimensionais de monómeros, resulta um material de “valor superior e de grande interesse”, uma vez que é “mais poroso e por isso pode juntar-se a um pigmento fluorescente e resultar num efeito de fluorescência necessário para detetar contaminantes e poluentes ambientais”.
“É também mais estável a nível químico, o que nos ajuda a chegarmos a sensores robustos”, destaca Ana Margarida Silva, investigadora do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE).
A equipa espera, ao fim de um ano e meio do projeto Plas2Nano, testar os sensores óticos a uma escala laboratorial.
Além de detetar contaminantes e poluentes nas águas, os sensores podem vir também a ser usados noutros contextos, como para encontrar substâncias nocivas nos alimentos, assegura a FCUP.
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, o projeto conta com vários investigadores da FCUP, uma investigadora da Universidade de Liverpool (Reino Unido) e com a parceria da Câmara Municipal de Ílhavo e dos agrupamentos de escolas daquele município do distrito de Aveiro para a recolha de plástico nas praias e zonas costeiras, atividade já implementada entre os alunos.
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