Está confusa a avaliação de riscos climáticos no setor imobiliário
Os gestores imobiliários utilizam dados climáticos conflituosos e suposições para avaliar os riscos climáticos, de acordo com relatório revelado pelo Urban Land Institute e LaSalle.
A forma como os gestores imobiliários estão a utilizar dados climáticos e software para avaliar os riscos climáticos não é clara, e nem unânime, de acordo com um relatório do UrbanLandInstitute (ULI) e da firma LaSalle Investment Management.
As conclusões surgem numa altura em que muitos investidores querem avaliar os riscos físicos, para as suas carteiras imobiliárias, de eventos climáticos como inundações, incêndios e o calor excessivo causados pelas alterações climáticas.
As inconsistências detetadas levaram os avaliadores de análises climáticas a chegar a “diferentes classificações de risco para o mesmo edifício”, diz o relatório, que se baseia em entrevistas com gestores imobiliários norte-americanos e globais, realizadas no segundo trimestre de 2022.
“A variação entre pontuações varia, de pequenas a grandes ordens de magnitude”, esclarece Elena Alschuler, Vice-presidente, Chefe de Sustentabilidade da LaSalle América.
Os executivos da ULI ou LaSalle que conduziram a pesquisa e redigiram o relatório observaram resultados díspares: um imóvel a ser avaliado como não tendo qualquer risco de danos causados por inundações ou furacões, enquanto outro avaliador assinalaria o mesmo imóvel como tendo um risco muito elevado de furacões e inundações.
Os executivos da ULI e da LaSalle alertam para o problema para promover o desenvolvimento de uma abordagem consistente às análises relacionadas com o clima.
A indústria precisa de uma “linguagem comum” para avaliar o risco das alterações climáticas e o impacto comercial desse risco climático, disse a chefe.
“Podemos avaliar o risco climático? A resposta é mais ou menos”, diz Billy Grayson, vice-presidente executivo de centros e iniciativas na ULI, numa das entrevistas do relatório.
“Os gestores imobiliários, investidores, promotores e outros na indústria precisam de ser capazes de aproveitar os dados das ferramentas de análise climática para tomarem decisões mais informadas”, explicou Billy Grayson. A análise do risco climático ainda não é tão “sofisticada e consistente” como outras previsões imobiliárias, disse.
Existe uma grande variação na forma como os gestores chegam ao valor-em-risco, “quantificando possíveis perdas financeiras decorrentes das alterações climáticas”, explicou Lindsay Brugger, vice-presidente de resiliência na ULI. “Os dados utilizados para calcular o valor em risco variam desde o valor de mercado até ao custo de substituição e custos de seguro. Os avaliadores de risco climático não são peritos imobiliários. Por outro lado, a indústria imobiliária não é especialista na ciência do risco climático”, disse a especialista.
“Alguns avaliadores têm resultados muito positivos que são construídos sobre metodologias que não são claras”, disse Brian Klinksiek, chefe da investigação europeia e estratégias de carteira global da LaSalle e chefe da investigação e estratégia global.
“Não estamos a pedir a todos os avaliadores que tenham a mesma opinião”, declarou Klinksiek numa das entrevistas. “O objetivo é que existam explicações claras sobre a metodologia e dados, para que os gestores e investidores possam ter esses pontos em consideração ao fazerem as suas próprias avaliações de risco”, disse o chefe de investigação.
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