TAP recua e mantém frota da Peugeot para administradores e diretores

A companhia aérea irá "manter a atual frota durante um período máximo de um ano, enquanto reavalia a política de mobilidade da empresa", afirma em comunicado.

A TAP vai manter a frota atual de automóveis das chefias por mais um ano, enquanto reavalia a sua política de mobilidade, afirma a companhia, em comunicado. É a reação à polémica desencadeada pela notícia de que iria comprar cerca de meia centena de viaturas de marca BMW para administradores e diretores.

“A Comissão Executiva da TAP compreende o sentimento geral dos portugueses e, apesar da decisão que tomou quanto à frota automóvel ser a menos onerosa para a Companhia nas atuais condições de mercado, a TAP procurará manter a atual frota durante um período máximo de um ano, enquanto reavalia a política de mobilidade da Empresa“, afirma a empresa num comunicado divulgado esta tarde, apenas com este parágrafo.

A CNN/TVI noticiou na quarta-feira que a TAP encomendou 50 viaturas BMW para a administração e diretores para substituir a frota de Peugeot ao abrigo de um contrato de renting operacional. Segundo a mesma fonte, os novos veículos têm um valor de mercado a partir dos 52 e dos 65 mil euros, são híbridos plug-in e começarão a chegar no início do próximo ano.

A administração justificou o novo contrato com a obtenção de uma poupança de 630 mil euros face à alternativa de manutenção do atual, que se iniciou em 2017. “Esta opção representa uma poupança de 20% do valor mensal da renda e tributação relativamente a novos contratos de renting para viaturas com características semelhantes às atuais (gasóleo)”, afirmou a companhia, que alegou também razões ambientais.

A notícia foi mal recebida pelos sindicatos. “Foi com enorme estupefação e uma boa dose de vergonha alheia que os Sindicatos, os Trabalhadores do Grupo TAP e os contribuintes portugueses foram confrontados com uma notícia que pode até ter uma rebuscada justificação económica, mas que é ética e moralmente condenável”, afirmou o SNPVAC, que representa os tripulantes de cabine, em comunicado.

“A direção do SNPVAC não pode deixar de confrontar a própria Tutela, que deverá interrogar-se quanto à imagem passada aos Contribuintes. Como se justifica que uma Empresa intervencionada se dê a estes luxos”, questionou ainda a estrutura sindical.

Os sindicatos alegam também que se existe dinheiro para a renovação da frota nestes termos, também tem de existir disponibilidade financeira para acabar com os cortes nos salários. Foi o caso do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil: “Seguindo o racional da justificação por parte de quem optou por adquirir viaturas nesta altura tão sensível, que tem como fundamento uma miraculosa poupança, sugerimos a mesma lógica de ‘gastar mais, para poupar’ para a reposição de dignidade aos trabalhadores”.

O Presidente da República também se pronunciou, sublinhando que “num período de dificuldade deve fazer-se um esforço para dar o exemplo de contenção”. Marcelo Rebelo de Sousa considerou que se trata de “um problema de bom-senso”.

A atribuição de carros de luxo aos administradores e diretores da TAP foi também criticada pelos partidos. André Ventura considerou-a “absolutamente imoral” e afirmou que o Chega vai questionar o Ministério das Infraestruturas. Já o Bloco de Esquerda considerou a decisão “um insulto” ao país e defendeu que a situação “deveria merecer um enorme reparo” por parte do Governo.

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