Chega diz que ministros “violaram a lei” da incompatibilidade. Governo rejeita

  • Lusa e ECO
  • 21 Outubro 2022

Chega questionou o PS se está disposto a mudar o regime de incompatibilidades. Ana Catarina Mendes diz que "o Governo cumpre a lei, e cumpre-a com conforto, respaldado nos pareceres da PGR”.

O presidente do Chega considerou esta sexta-feira que os ministros envoltos em casos polémicos nas últimas semanas “violaram a lei” e questionou o PS, que tem maioria absoluta, se está disposto a mudar o regime de incompatibilidades.

Na abertura de uma interpelação ao Governo, no parlamento, sobre “os sucessivos casos de alegadas incompatibilidades e conflitos de interesses que envolvem vários ministros do executivo”, André Ventura afirmou que estes governantes “violaram a lei hoje em vigor” e insistiu que “devem ser demitidos das suas funções”.

Na sua intervenção, o líder do Chega fez “o resumo” dos casos que foram conhecidos ao longo das últimas semanas e que envolvem, por exemplo, o ministro das Infraestruturas, a ministra da Coesão Territorial e o ministro da Saúde, e apontou que se trata de um “rol de situações que não dignificam a República e violam a lei de forma expressiva”. E quis saber “o que vai o Governo fazer para corrigir estes casos”.

“Estamos perante um emaranhado legislativo”, afirmou André Ventura, considerando, no entanto, que “a lei é clara nestes casos, nem os governantes, nem os seus familiares que detêm mais de 10% [de uma empresa] podem fazer negócios com o Estado”.

Lembrando que o Chega já propôs alterações ao regime do exercício de funções de titulares de cargos políticos e altos cargos públicos, na sequência do apelo do Presidente da República ao parlamento, o líder do partido perguntou diretamente ao PS se está “disposto a mudar esta lei” e “clarificar o que envergonha os portugueses em matéria de negócios públicos”. Ventura apontou também críticas a PSD e Iniciativa Liberal, que acusou de “fugir deste tema como o diabo foge da cruz”.

Governo rejeita violação da lei das incompatibilidades e repudia comportamento do Chega

A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares defendeu hoje que “não há nenhuma violação da lei” das incompatibilidades por membros do Governo e repudiou o comportamento do Chega, que acusou de “lançar a desconfiança” generalizada sobre as instituições.

“O Governo repudia o comportamento do Chega que lança o manto de suspeição habitual, diário, sobre as instituições democráticas para gerar ‘soundbytes’”, criticou Ana Catarina Mendes, na abertura da interpelação parlamentar marcada pelo Chega sobre as situações de alegadas incompatibilidades e conflitos de interesse que envolvem vários membros do Governo.

A ministra começou por afirmar que “não há, nos casos que nos trazem aqui hoje, nenhuma violação da lei” e defendeu que os políticos estão “sujeitos a uma apertada malha de registos de impedimentos e conflitos de interesses” à luz da legislação atual. “É assim que se constrói a democracia” e “mais transparência”, sublinhou.

Ana Catarina Mendes referiu que, quando surgiram dúvidas sobre a lei que regula estes impedimentos, o Governo suscitou um parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República, que considerou “manter toda a atualidade”, apesar de ter sido emitido antes da vigência da legislação atual, de 2019, e ser relativo ao diploma de 1993.

“A lei em vigor mantém as soluções jurídicas à luz das quais o parecer foi emitido. O Governo cumpre a lei, e cumpre-a com conforto, respaldado nos pareceres da PGR”, disse.

Já o Presidente da República, questionado pelos jornalistas sobre casos por exemplo dos contratos entre a Câmara de Lisboa e ex-ministro Pedro Siza Vieira, escusou-se a comentar casos concretos. Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que a questão deve ser vista no plano dos princípios”, em declarações transmitidas pelas televisões.

“Um desafio que se põe ao Ministério Público, juízes e sociedade é de permanentemente estar a afirmar os valores da Constituição e da lei”, reiterou o Presidente, acrescentando que é necessário investigar “o que há a investigar e depois sendo caso disso aplicando a justiça de forma igual para todos”.

(Notícia atualizada às 13h10)

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