Adriano Moreira morreu aos 100 anos
Especialista em Relações Internacionais, antigo Ministro do Ultramar, deputado e presidente do CDS, Adriano Moreira faleceu aos 100 anos.
O jurista, político e professor universitário Adriano Moreira faleceu aos 100 anos, avança o Diário de Notícias. Inicialmente um opositor do regime de Salazar, acabou por se aproximar e tornar-se Ministro do Ultramar. Depois do 25 de abril, foi deputado e presidente do CDS.
Adriano José Alves Moreira nasceu em Grijó, concelho de Macedo de Cavaleiros, Trás-os-Montes, em 1902. Concluiu o curso de Direito na Faculdade de Direito de Lisboa em 1944. Começou a carreira como jurista no Arquivo Geral do Registo Criminal e Policial, saindo depois para o departamento jurídico da General Electric em Portugal. Mais tarde juntou-se a Teófilo Carvalho dos Santos, um advogado conotado com a oposição ao regime de Salazar, com quem ajudou à defesa da família do general José Marques Godinho, sendo responsável pelo primeiro habeas corpus em Portugal. Acabou acusado de “ofensa à dignidade do Estado” e detido na Prisão do Aljube.
Acabaria, no entanto, por se aproximar do Estado Novo, apoiando o lusotropicalismo e a política colonial. Foi primeiro subsecretário de Estado da Administração Ultramarina e depois ministro do Ultramar entre 1961 e 1963, período que coincidiu com o início da Guerra Colonial em Angola. Foi uma portaria assinada por si que reabriu o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, como “Campo de Trabalho de Chão Bom”. Como ministro, conseguiu que os habitantes das colónias pudessem aceder à cidadania portuguesa e desenvolveu o ensino.
Depois do 25 de Abril, tornou-se uma das personalidades de referência do Centro Democrático Social (CDS), a que presidiu entre 1986 e 1988 e interinamente entre 1991 e 1992. Foi deputado (1980-1985) e vice-presidente da Assembleia da República, entre 1991 e 1995.
Foi professor e presidente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, entre 1958 e 1969. Doutorado em Direito pela Universidade Complutense de Madrid é também doutor honoris causa por diversas universidades. Grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique, cavaleiro grã-cruz da Ordem de África, foi ainda condecorado com a Royal Victorian Order, a Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e a Grã-Cruz da Ordem de São Silvestre Magno. Em junho, foi condecorado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem de Camões.
É autor de vários livros, entre eles um compêndio de Ciência Política. Em 2020, lançou a obra “A Nossa Época – Salvar a Esperança”.
(notícia atualizada às 10h15)
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