Poupe 20 euros por mês e pague a faculdade do seu filho

Prepare já a faculdade do seu filho, para quando chegar a hora de pagar as propinas não ter de “cortar a direito” o orçamento da família. Só precisa de colocar de parte uma nota de 20 euros por mês.

O maior investimento das famílias está longe de ser o carro, a carteira de ações ou mesmo a casa onde vivem. O seu principal investimento são os filhos. E por isso dedicam todas as suas forças, energias e poupanças ao seu crescimento e desenvolvimento, tendo como etapa final o pagamento de uma licenciatura.

Porém, para muitas famílias, esta etapa está cada vez mais longe de ser completada, pois a educação começa a ganhar contornos de um bem ao alcance de poucos, dado os elevados custos que acarreta ter um jovem a frequentar um curso superior tendo em conta o rendimento disponível médio das famílias portuguesas que, segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), é de 3.224 euros por mês.

De acordo com o Orçamento de Estado para 2023, a propina máxima paga no ensino superior público para o ano letivo 2022/2023 não sofre alterações face ao valor estipulado no ano anterior, fixando-se em 697 euros. Contudo, é provável que as propinas aumentem ao sabor da inflação, como aconteceu no passado. Tomando como exemplo uma taxa de inflação média anual de 2% (meta do Banco Central Europeu para a inflação, no médio prazo) até 2040, significa que dentro de 18 anos o custo de uma licenciatura de três anos numa faculdade pública deverá superar os 3.000 euros.

Para um investimento de longo prazo, como seja a preparação de um plano universitário, as ações são de longe o ativo que oferece maior potencial de alcançar as metas desejadas com o menor esforço de poupança mensal.

Para as famílias mais “poupadinhas”, trata-se de um valor que facilmente pode ser alcançado seguindo um plano disciplinado desde o primeiro dia de vida do petiz. Assim, para garantir que dentro de 18 anos tem dinheiro suficiente para pagar as propinas de um curso superior, só é necessário arranjar um mealheiro e seguir à risca uma poupança mensal de 20 euros desde o nascimento do futuro licenciado.

Mas se a criança tiver hoje cinco, dez ou mais anos e o “plano universitário” for ainda uma miragem, nada está perdido. Será apenas necessário que os progenitores desembolsem um valor mais elevado, colocando no mealheiro 25 e 40 euros, respetivamente, todos os meses.

A poupança planeada e disciplinada é assim a resposta para que a entrada na universidade não seja uma uma dor de cabeça para o orçamento familiar. E a “poupança do mealheiro” é um bom ponto de partida para alcançar esse objetivo. Porém, dificilmente chega para garantir um plano universitário suficientemente robusto, sobretudo se além das propinas for necessário acomodar o pagamento de uma renda de uma casa.

Quanto custa tirar um curso superior?

Um plano universitário não se resume ao pagamento das propinas. Sobretudo se a entrada na faculdade pressupor também a saída de casa dos pais para uma cidade nova. Neste caso, o agregado familiar terá de engordar o orçamento universitário com o intuito de alcançar um montante capaz de acomodar despesas com o alojamento e uma mesada que dê para o estudante pagar as suas contas do dia-a-dia.

Em 2018, oito investigadores do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa realizaram um trabalho centrado nos custos dos estudantes do ensino superior português no ano letivo 2015/2016. De acordo com os investigadores, estudar no ensino superior (privado e público) traduzia-se num custo médio anual de 6.445 euros, sendo que 73% desta despesa estava associado ao custo de vida do estudante — alimentação, alojamento, transportes e despesas pessoais (roupa, entretenimento, roupa, etc.).

Partindo dos dados deste estudo, significa que aos preços de hoje, um curso superior de três anos traduzir-se-ia numa fatura de 19.980 euros. Porém, só tendo em conta o preço do arrendamento praticado nas três cidades com mais universitários (Lisboa, Porto e Coimbra), facilmente se chega a uma fatura de 25 mil euros (8.200 euros por ano) somente contabilizando as despesas com o alojamento.

De acordo com dados recolhidos pelo ECO junto do portal imobiliário Idealista a 29 de outubro, estavam disponíveis para arrendamento na área de Lisboa, Porto e Coimbra 528 quartos ou apartamentos com uma área até 60 metros quadrados. Todas as ofertas foram publicadas no Idealista há menos de um mês e exibiam um preço mediano de 378 euros por mês para os quartos e 1.040 euros para os apartamentos. De uma forma geral, as 528 soluções de alojamento recolhidas nas três cidades apresentava um preço mediado de 663 euros por mês.

Para que o plano universitário de 2040 fique completo só falta adicionar às propinas e ao alojamento uma mesada. A partir daí as contas são fáceis de fazer: uma mesada de 250 euros aos preços de hoje (com o efeito da inflação a 2% por ano serão 357 euros em 2040) e uma renda de 663 euros (947 euros em 2040), facilmente a fatura de um curso superior de três anos numa faculdade pública ultrapassa os 50 mil euros. É muito dinheiro para qualquer família, sobretudo se chegando ao primeiro dia de aulas nada tiver sido planeado com tempo.

Efeito demolidor da inflação no preço de um curso universitário

Assumindo os preços praticados hoje atualizados à taxa de inflação de 2%, dentro de 18 anos, em 2040, um plano universitário para três anos que englobe propinas numa faculdade pública, o pagamento da renda de uma casa e uma mesada para as despesas do dia-a-dia do estudante, supera a barreira dos 50 mil euros. Mas se a inflação média ao longo deste período for de 4%, o plano universitário dispara para os 73 mil euros.

Fonte: ECO. Valores em euros em 2040, 2041 e 2042, atualizados à respetiva taxa de inflação.

Poupar no presente para não hipotecar o futuro

Seguir uma estratégia de investimento ultraconservadora, baseada somente na engorda do porquinho mealheiro, para construir um plano universitário pode revelar-se numa tarefa muito espinhosa: seria preciso realizar uma poupança mensal de 202 euros desde o primeiro dia de vida do petiz até ao dia de celebração da Benção das Fitas. Felizmente, as famílias podem dar-se ao luxo de tirar proveito da força mais poderosa do universo matemático: os juros compostos ou a capitalização do capital e dos juros.

Ao contrário do que acontece com o mealheiro, os produtos financeiros como os fundos de investimento permitem que a poupança mensal e os ganhos gerados ao longo do período sejam capitalizados ao longo do tempo, fazendo com que o dinheiro cresça a um ritmo muito superior.

Assim, caso o produto escolhido para garantir o financiamento do pacote triple play do ensino superior (propinas, renda da casa e mesada) fosse um fundo conservador que remunerasse o investimento a uma taxa média anual de 2%, o esforço mensal dos pais passaria para os 169 euros.

Mas se a opção fosse um fundo de investimento de ações europeias como o BPI Europa, um dos fundos portugueses mais antigos e que desde o seu lançamento, a 11 de junho de 1991, tem oferecido aos seus subscritores ganhos anuais médios de 5,2%, a poupança mensal sofreria um corte de 39% face à poupança do mealheiro, levando os pais do futuro licenciado a contribuírem com 124 euros todos os meses até ao último dia de aulas na faculdade.

Tendo em conta o desempenho das ações no último ano é provável que a ideia de investir no mercado acionista as poupanças da para pagar a universidade do petiz não seja fácil de encaixar, mas os números não deixam dúvidas. De acordo com um trabalho académico desenvolvido por Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton, da London Business School, que tomam como referência o desempenho de 35 mercados mundiais (o português incluído) durante 122 anos desde 1900, as ações tendem a apresentar uma rendibilidade média anual de 5,3% acima da inflação. Nenhum outro ativo chega sequer perto.

Na construção do plano universitário para 2040 completo, uma estratégia assente no investimento disciplinado e regular num portefólio de ações diversificado, como o que é oferecido pelo fundo cotado iShares Core MSCI World, que replica o desempenho de mais de 1500 empresas mundiais, reflete-se num esforço de poupança mensal de 100 euros.

Para um investimento de longo prazo, como seja a preparação de um plano universitário, as ações são de longe o ativo que oferece maior potencial de alcançar as metas desejadas com o menor esforço de poupança mensal. “Acreditamos que as ações oferecem os melhores retornos de longo prazo apesar da sua volatilidade”, escreveram Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton.

Plano de investimento universitário

Construir um plano universitário completo (propinas, alojamento e mesada) recorrendo apenas à poupança do mealheiro traduz-se num esforço de poupança mensal duas vezes superior ao exigido por uma estratégia de investimento em ações.

Fonte: ECO. Valores em euros.

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