“A taxa de execução do PRR tem ficado muito abaixo do previsto”, critica Centeno

O governador do Banco de Portugal aponta o dedo à baixa taxa de execução dos fundos europeus, sobretudo no plano da bazuca europeia.

“A taxa de execução dos fundos europeus tem sido dramaticamente baixa”, refere Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, durante a conferência “O Orçamento do Estado para 2023”, organizada pela Ordem dos Economistas, que está a decorrer esta quarta-feira no ISEG, em Lisboa.

Centeno recorda que apesar de três quartos do investimento ser da responsabilidade do setor privado, o Orçamento de Estado tem uma palavra a dizer. Porém, o governador do Banco de Portugal aponta o dedo para que atualmente menos de 20% do investimento público ser realizado por via de fundos europeus, sublinhando que “a taxa de execução do PRR tem ficado muito abaixo do previsto”, muito por conta do aumento considerável dos custos dos projetos, em função da subida da inflação ao longo do último ano.

De acordo com contas do ECO, publicadas esta quarta-feira, Portugal já recebeu cerca de 20% do total dos 16,6 mil milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas apenas mil milhões chegaram efetivamente ao terreno.

Recorde-se que a proposta Orçamento do Estado para 2023 do Governo prevê um crescimento de 37% do investimento público para cerca de 3,5% do PIB, mais dois pontos percentuais do que em 2022, para o nível mais elevado desde 2011. Um aumento que será suportado por fundos europeus.

Na sua intervenção por videoconferência, Centeno reforça ainda a ideia de se recuperar a forte coordenação entre instituições na União Europeia que se assistiu em 2020, destacando na sua intervenção a necessidade de fortalecer os laços “de coordenação entre a política orçamental e a política monetária.”

No campo da política monetária, onde Centeno hoje atua como membro do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), o governador do Banco de Portugal refere que a “inflação começou como um fenómeno do lado da oferta e está a caminhar para o lado da procura”, e isso está a justificar o BCE a atuar de forma agressiva no combate à subida dos preços na zona euro para mantar a taxa de inflação nos 2% a médio prazo.

“Ainda que as expectativas em relação à inflação se mantenham ancoradas no médio prazo, urge tomar medidas para baixar a inflação para 2%”, refere Centeno. Os analistas estão a antecipar que próxima reunião do Conselho do BCE, a última do ano, que será realizado em dezembro, o BCE deverá volta a subir as taxas de juro em 75 de base, atualmente em 1,5%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

“A taxa de execução do PRR tem ficado muito abaixo do previsto”, critica Centeno

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião