Conferência Q-Day 2022: um dia de muitas lições sobre o futuro

  • ECO
  • 14 Novembro 2022

“Inovação a partir de dentro” foi o mote da 13.ª edição do Q-Day: eis o que importa saber sobre o encontro mais aguardado da área

Existem várias formas de falar sobre o futuro: há quem atire bitaites para o ar, há quem faça projeções certeiras sobre o dia que ainda não chegou, há quem preveja com mais ou menos propriedade para fazê-lo, mas o que muitas vezes falta é pensar o presente com vista a integrar as tendências do momento que constroem o nosso amanhã: é essa a proposta da Q-Day Conference, que há 13 anos acontece em Portugal.

Foram mais de 500 as pessoas que se juntaram, presencialmente e online, via live streaming, no Q-Day 2022, que decorreu no passado dia 21 de setembro em Lisboa, no auditório Emílio Rui Vilar, espaço da Culturgest. Mais do que destacar o futuro, os painéis de conferencistas convidados para partilhar a sua experiência e conhecimento revelaram o que pode ser feito já hoje, no presente. A partilha de boas práticas com vista a fomentar o talento dentro das empresas e organizações é o primeiro passo rumo ao sucesso.

A 13.ª edição da Q-Day Conference, evento anual organizado pela Quidgest – empresa tecnológica multinacional de origem portuguesa, aconteceu este ano sob o mote “Inovação a partir de dentro”. Pioneira na geração automática de software, a empresa reuniu ao longo de quatro painéis conferencistas que debateram aquelas que são as principais tendências desta área: o impacto da cultura da inovação no desenvolvimento económico e na competitividade das nações; o papel da transformação e da inteligência artificial na inovação; e casos de estudo que fomentam a inovação de dentro para fora, transformando as competências de cada colaborador em vantagens competitivas no mercado.

A conferência foi marcada pela sessão de abertura, conduzida em primeiro lugar por João Neves, Secretário de Estado da Economia. Segundo o político, “há um mundo por desbravar” e Portugal precisa de “multiplicar a sua capacidade de gerar conhecimento”, destacou, bem como desenvolver mais a sua Ciência, proteger as suas patentes e “cruzar essa produção de conhecimento com o valor económico”. Também David Xavier, Secretário-Geral da Presidência do Conselho de Ministros surpreendeu a audiência quando surgiu em palco dentro de uma caixa de papelão para ilustrar um dos pontos principais do seu discurso: antes de pensar fora da caixa, devíamos pensar “dentro da caixa”, porque é lá, no analógico, que continuam a estar os desafios e as pessoas, referiu.

Os convidados presentes nos quatro painéis, referências no setor público e empresarial, deram continuidade à agenda do dia, motivando o debate de ideias entre todos os participantes.

A proposta do primeiro painel “Fórmulas de sucesso para a Inovação a partir de dentro” propunha a exploração das “fórmulas mágicas” associadas ao sucesso: existem? Como medir o sucesso? A transformação digital, a modelação e a inteligência artificial têm um papel importante na inovação?

Para responder a estas questões subiu ao palco João Paulo Carvalho. O Co-fundador e Senior Partner da Quidgest falou de revolução digital, referindo que o futuro passa pelo aumento dos “produtores digitais”, os citizen developers ou business technologists, bem como os inovadores internos ou intraempreendedores, capazes de criar a inovação a partir de dentro. Também Hélder Sousa Silva, Presidente da Câmara Municipal de Mafra, partilhou com a audiência um caso de estudo de inovação aplicado à gestão educativa. Por seu turno, Gloria Guimaraes, Presidente do Ayo Group, referiu-se à inovação como “uma ação que agrega valor ao que já existe”, facilita e melhora os processos tanto para as pessoas que fazem essa inovação como para as que vão beneficiar dela.

Já Miguel Amado, Partner da EY, frisou que “Inovar por inovar não vale a pena”, explicando que é preciso evitar o “teatro da inovação”, prendendo-a aos fatores errados. Por fim, José Crespo Carvalho, Presidente da Comissão Executiva do ISCTE, abordou a importância da liderança organizacional, destacando que a prioridade passa por nos conhecermos a nós próprios e conhecermos os outros, para uma melhor gestão e compreensão do relacionamento interpessoal que está na base da criação da inovação.

O evento prosseguiu para o segundo painel do dia, “A Inovação a partir de dentro como força competitiva”, e neste ponto foram apresentados exemplos de organizações que mobilizam e otimizam a inovação a partir de dentro, transformando esse foco em vantagem competitiva sustentável.

Miguel Mira da Silva, Professor de Sistemas de Informação no Instituto Superior Técnico, mencionou que os alunos são um espelho da sociedade do futuro e que por aí podemos prever que aprender e trabalhar online é uma realidade sem volta atrás. O futuro é interativo, inclusivo, digital e vai acontecer fora de salas e escritórios. Já Inês Relvas, Chief Strategy Officer no Universo – Grupo SONAE, destacou o tema do sucesso. “O que nos trouxe 1 milhão de clientes no passado não é o que nos vai trazer 1 milhão de clientes no futuro”, partilhou a conferencista, sublinhando que “se fosse fácil inovar, todas as empresas seriam inovadoras”. Isabel Ventura, Digital Innovation and Deputy Director no Luz Saúde Group, partiu da sua experiência profissional, ao nível da inovação interna, para comentar os desafios na implementação de mudanças de alta velocidade.

O terceiro painel do dia, conduzido em inglês, “Innovation from within and from scratch”, foi uma lição importante acerca da criação de valor empresarial dentro das organizações a partir do zero. Jonathan Littman, Fundador da RedBridge Lisbon e co-autor de vários bestsellers, incluindo “The Ten Faces of Innovation” e “The Art of Innovation”, explicou que “A inovação é como as flores selvagens” e precisamos de “sair da nossa bolha” para fazer diferente e inovar. De seguida, Carolina Rendeiro, CEO e Fundadora da Connect2Global, referiu que a força de trabalho de hoje é cada vez mais multigeracional, multicultural e multidisciplinar e “nem todas as empresas estão preparadas para aceitar e incorporar esta realidade”. Luísa Baltazar, Fundadora da SOMA Services, explicou que, para se criar valor a partir do zero, primeiro será preciso encontrar o “market fit”, sob o risco de criarmos produtos que não têm outro destino que não o fracasso. Seguiu-se André Marquet, Cofundador da Beta-i e da PRODUCTIZED, que partilhou algumas técnicas úteis para qualquer empreendedor, nomeadamente a “5 whys technique”, usada para aferir se estamos perante “um problema real” e “uma solução adequada”. A encerrar o painel, Julian Herbstein, Managing Director & Investment Committee Member do CGN Private Equity Fund Management Beijing Co, identificou as três palavras-chave essenciais a “todos os inovadores que não são o Steve Jobs”: “Build, Measure and Learn”.

O quarto painel do dia, “Business technologists lead the Innovation from within”, debateu o futuro das profissões, a requalificação de competências e a democratização de ferramentas digitais. A apresentação de Chakib Rifi, Fundador da SGPP Europe, destacou que o papel do ser humano ganha hoje uma nova dimensão provocada pela crescente simbiose homem-máquina, que permite aos profissionais aperfeiçoar competências essenciais, como a liderança ou a programação, para fazer face a um futuro eminentemente digital e inteligente. Baseado na sua própria experiência profissional, George A. Polisner, Fundador da CivicWorks, confessou que o “medo é o maior obstáculo à inovação dentro das organizações” e pode sufocar as ideias e ações das equipas. A encerrar o painel, Alberto Carvalho, Superintendente Geral do Distrito Escolar Unificado de Los Angeles, recordou como a pandemia foi um catalisador de mudança na educação a vários níveis.

No encerramento deste último painel do Q-Day, falou ainda João Nobre, Growth Manager na Quidgest, que deixou nota positiva sobre a existência de uma “nova geração de inovadores internos capacitados para criar soluções digitais” com a ajuda de ferramentas como o Genio, uma plataforma ágil para geração automática de software.

Um dos pontos altos da 13.ª edição da Q-Day Conference foi sem dúvida a entrega dos 12 prémios de Co-Inovação, que reconheceram os projetos dos clientes e parceiros da Quidgest que estão na vanguarda da tecnologia em áreas como Transformação Digital (IEFP), Agilidade (IMPIC), Inovação Contínua (NAOS), Clientes com História (Instituto Hidrográfico e ICNF), Comunidade Genio (Marinha Portuguesa), Privacidade Digital (Lusoponte) ou Desporto (IPDJ). A nível internacional, foram reconhecidos os parceiros EY (Europa), Baker Tilly (LATAM) e SGPP Europe (Formação Genio).

A próxima edição da Q-Day – a 14.ª, regressa no próximo ano, com um novo tema atual e pertinente. Se não conseguiu acompanhar o evento, fique a saber que a gravação integral está disponível no canal de YouTube da Quidgest. Pode também assistir ao vídeo com os melhores momentos da Conferência Q-Day 2022.

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