Sindicatos acusam TAP de incoerência e falta de bom senso na indemnização paga a Alexandra Reis

Os sindicatos acusam a gestão da companhia aérea de só aplicar restrições e rigidez financeira aos trabalhadores e criticam "promiscuidade" de nomeações e indemnizações.

Os sindicatos acusam administração da TAP de incoerência e falta de bom senso na atribuição de uma indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis, que deixou a comissão executiva da companhia aérea em fevereiro, cerca de dois anos antes de terminar o mandato. Os pilotos consideram que “todos os limites toleráveis já foram ultrapassados”.

“A ser verdade o que diz a notícia, é claro que coloca a TAP e a tutela numa situação de grande incoerência na medida em que, por um lado reprime tanto quanto pode os custos com pessoal e, por outro, parece não existir qualquer bom senso em relação a este tipo de questões”, refere o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), em resposta ao ECO.

“O SITAVA tem colocado na empresa uma proposta de reposição do poder compra dos salários perdido com a inflação, que passa de entre outras coisas pela diminuição do corte nos salários de 25 para 20%. Esperamos que não venha agora a TAP, depois desta notícia, argumentar com a necessidade de reduzir custos de pessoal. Essa seria uma posição insustentável e de grande cinismo“, refere ainda o sindicato.

“A pergunta que fica no ar, o Plano de Restruturação só tem restrições, rigidez financeira com os trabalhadores? Não abarca a a Administração da Empresa?”, questiona também Ricardo Penarroias, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).

Ricardo Penarroias, presidente do SNPVAC. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

“Esta é apenas mais uma decisão lamentável por parte do Conselho de Administração da TAP e que surge no seguimento de tantas outras, como a renovação e upgrade da frota automóvel, ou a mudança de instalações (pensamos que, entretanto, revertida), lesivas do interesse da TAP e dos contribuintes portugueses”, reage ao ECO o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil.

O Correio da Manhã noticiou no dia 24 que Alexandra Reis deixou o cargo executivo na administração da TAP com uma indemnização de cerca de 500 mil euros, tendo em conta que auferia um salário bruto de 17.500 euros por mês e faltavam cerca de dois anos para o final do mandato. O montante foi acordado entre a gestora e a TAP.

A companhia aérea comunicou ao mercado a “renúncia” de Alexandra Reis a 4 de fevereiro, com efeitos a partir de dia 28, salientando que tinha sido nomeada pelos anteriores acionistas, altura em que o empresário David Neeleman e a Azul ainda estavam no capital. A 30 de junho, Alexandra Reis foi nomeada presidente da NAV por despacho do Ministério das Infraestruturas, liderado por Pedro Nuno Santos. Cargo de onde saiu para assumir a secretaria de Estado do Tesouro no ministério de Fernando Medina, a 2 de dezembro.

“Como diretor sindical e como trabalhador do Grupo TAP, acaba por ser frustrante a promiscuidades de valores, de nomeações, de indemnizações. Ao longo destes meses, temos sido confrontado por uma feroz rigidez financeira quando o assunto é a melhoria das condições de trabalho, ou no mínimo do regresso do status pré-pandemia e uma total anarquia ou de decisões discutíveis quando os assuntos são do foro administrativo”, acrescenta o dirigente sindical.

Conferência de imprensa do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil - 16FEV22
Tiago Faria Lopes, presidente do SPAC.Hugo Amaral/ECO

O SITAVA lembra também a passagem de Alexandra Reis pela gestão da companhia, onde teve o pelouro dos Recursos Humanos. “Fazemos notar ainda que a prestação da antiga gestora, se pautou sempre por algum clima de confrontação nomeadamente quando teve o pelouro dos recursos humanos onde, de uma forma sistemática desenvolveu uma política de restrição de direitos e de condições de trabalho. Ironicamente, no momento da saída, alegadamente, parece não ter tido a mesma atitude“.

“Não nos podemos esquecer que, segundo fontes internas da TAP, a CEO é a única administradora cujo vencimento não tem o corte de 30% que vigorava para todos os membros da anterior Administração (nem corte de qualquer espécie)”, refere o SPAC. “Até quando vai o acionista Estado deixar vigorar esta situação na TAP? Acreditamos que todos os limites toleráveis já foram ultrapassados e que é necessário tomar uma posição firme que defenda a TAP, os seus trabalhadores e todos os contribuintes portugueses”, acrescenta o sindicato dos pilotos.

(notícia atualizada às 20h43 com reação do SPAC)

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