“Nós empresários temos de sair da casca. Temos de ir para a rua”, diz Filipe de Botton

Empresários da Associação BRP criticaram o preconceito contra os lucros e assinalaram que a capitalização das empresas depende de serem rentáveis.

Filipe de Botton, presidente e CEO da Logoplaste, considera que medidas para controlar a inflação, como a fixação de preços, destroem o tecido económico. Diz mesmo que os empresários devem fazer-se ouvir e “ir para a rua”.

Quando vejo governos como o nosso a quererem controlar a inflação com instrumentos anacrónicos, vai destruir todo o tecido económico. Destrói a confiança e destruindo a confiança destrói tudo”, afirmou Filipe de Botton na conferência “Querer e Crescer: Acelerar o Crescimento de Portugal”, organizada pela Associação Business Roundtable, que reúne 42 grandes empresas.

Conferência "Querer e Crescer: Ideias para acelerar o crescimento de Portugal" - 20MAR23
Filipe de Botton na conferência “Querer e Crescer: Acelerar o Crescimento de Portugal”, organizada pela Associação BRP.Hugo Amaral/ECO

Se for preciso lá estaremos os 42 a fazer uma manifestação. Nós empresários temos de sair da casca, temos de ir para a rua. Nós é que arriscamos, criamos emprego. Há uma remuneração que tem de ser dada aos empresários e que tem de ser vista de forma positiva”, sublinhou o presidente da Logoplaste.

“Falamos sempre em Portugal que as empresas estão descapitatizadas. A única solução para ter empresas capitalizadas é ter empresas eficientes e rentáveis e não diabolizar a rentabilidade”, aduziu António Amorim, presidente da Corticeira Amorim.

Há um preconceito contra a dimensão, o sucesso e o facto de as empresas terem de ter lucros para terem capacidade de crescer”, concordou Nuno Amado, presidente do conselho de administração do Millennium BCP. “Temos estado em diálogo com o Governo. Se esse diálogo é frutuoso? Não é claro. Em áreas como a Justiça e a economia houve demora na resposta e não foi tão eficiente como gostávamos”, relatou.

Propostas feitas ao Banco de Fomento

Para António Amorim o Banco Português de Fomento “deve ter como missão suprir falhas no mercado”, como um financiamento a 10 ou 15 anos para a construção de uma fábrica, que a banca não concede. “Porque é que o Banco Português de Fomento (BPF) não ajuda a financiar fusões e aquisições ou a internacionalização das empresas?”

O CEO da Corticeira Amorim revelou que a Associação BRP fez já uma proposta ao BPF. “Saímos esperançados da primeiro reunião. Nada aconteceu. Não depende de nós, mas somos persistentes”.

Clara Raposo, vice-presidente do Banco de Portugal, destacou que é necessário criar alternativas aos empréstimos bancários. “O ponto mais importante tem a ver com um modelo de financiamento que passa não tanto pelo financiamento bancário mas pelo capital próprio e private equity [capital de risco], que é escasso em Portugal”, defendeu. É preciso “desenvolver o setor de private equity e venture capital, com apoios para a fase inicial”.

Filipe de Botton lamentou também a falta de respeito que existe pelas instituições. “Nós temos vindo a destruir o respeito pelas instituições, independentemente das pessoas que lá estão. Mostra o país que estamos a construir e a deixar aos nossos filhos e aos nossos netos”.

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