BRANDS' ECO MODAPORTUGAL celebra excelência da indústria de confeção e vestuário

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  • 18 Abril 2023

Um concurso europeu de jovens criadores, a entrega dos Prémios de Excelência Empresarial 2022 e a certeza de que o setor da confeção, vestuário e moda está mais vivo e resiliente que nunca.

Assim se resume a oitava edição do evento MODAPORTUGAL, promovido pelo CENIT – Centro de Inteligência Têxtil e ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e de Confeção, que decorreu em dezembro, no Palácio da Bolsa, no Porto.

Luís Hall Figueiredo, Presidente do CENIT, descreve o evento MODAPORTUGAL como “um investimento na promoção do setor da confeção e vestuário português, mas também de toda a Indústria do Têxtil e Vestuário”. Esta é, nas suas palavras, “uma fileira industrial que é extremamente resiliente, que, apesar de estar a passar por muitas vicissitudes, vai, este ano, manter novamente o record de exportações”. Palavras essas confirmadas, mais tarde, no discurso de Pedro Cilínio, Secretário de Estado da Economia: “Em 2021, o setor teve o melhor ano de sempre ao nível das exportações e, durante o ano de 2022, não só as exportações estão acima do verificado no período homólogo, como deverão atingir o seu máximo histórico, contribuindo, desta forma, para uma meta global da economia que é superar os 50% do peso das exportações face ao PIB”.

“Este desempenho surge perante um conjunto de desafios, num contexto geopolítico complexo, que se traduziu em perturbações nas cadeias logísticas internacionais, com fortes pressões inflacionistas e com particular evidência no preço da energia”, parabenizou o Secretário de Estado da Economia. “A capacidade de resposta das nossas empresas, da qual esta fileira é exemplo, dá-nos a confiança para continuar a caminhar rumo a uma economia resiliente e empreendedora, assente em empresas competitivas no mercado global, suportada no conhecimento e na inovação, fortemente exportadora, renovada em contínuo por um ecossistema empreendedor dinâmico, aliciante para o investimento privado e atrativa para o talento português e internacional”, reforçou.

O porta-voz do CENIT concluiu que este “é um setor que está vivo, que está saudável e que vai continuar a enfrentar desafios difíceis, como já enfrentou no passado”. Referenciou ainda o exemplo das empresas premiadas, “que são empresas que têm feito um trabalho notável e que demonstram tudo aquilo de que somos capazes nesta fileira.” Ao todo, foram seis as empresas distinguidas na gala de entrega dos Prémios de Excelência Empresarial 2022, uma iniciativa que tem como objetivo destacar as melhores do ano em diferentes áreas de competitividade.

Com um modelo de negócio assente nos princípios de cocriação e circularidade, a Valérius venceu, pela segunda vez consecutiva, o reconhecimento na categoria Investimento. O projeto Valérius 360 (que teve início em 2019 e se prolongou até 2021) foi o principal beneficiário do total investido, que resultou no nascimento de um revolucionário centro de reciclagem que transforma resíduo têxtil e dead stocks em malhas renascidas. “Acreditamos que será um seguro de vida da nossa empresa, uma vez que as normativas que se avizinham estão relacionadas com o cuidado do fim de vida das peças e a Valérius 360 poderá ser uma solução para as marcas nos seus track back programmes”, referiu Patrícia Ferreira, CEO da Valérius. “Só através da inovação e do desenvolvimento de produtos com valor acrescentado se pode elevar o “made in Portugal” e continuar a ser uma indústria atrativa para os players internacionais”, concluiu Patrícia Ferreira.

A têxtil Sónix recebeu a distinção na área da Sustentabilidade. “Tentamos ser sempre o mais eficientes possível. Monitorizamos consumos de energia, apostamos em energias reutilizáveis, fazemos o reaproveitamento das águas pluviais e também das águas quentes da tinturaria para aquecimento das zonas administrativas”, começa por enumerar Samuel Costa, administrador da empresa. “Face à mudança de paradigma do consumidor, privilegiamos também o desenvolvimento de produto. Apostamos na tecnologia, nomeadamente recorrendo ao sistema de armazenamento automático ou da tricotagem 3D. Recorremos à modelagem 3D, com o objetivo de evitar desperdícios, evitar dead stocks e reduzir os custos de desenvolvimento”, continuou. “Temos como objetivo projetar a Indústria Têxtil e do Vestuário para o mundo, como referência na satisfação dos clientes, proativa no desenvolvimento de novos produtos e na linha da frente na pesquisa e oferta de produtos sustentáveis”, sublinhou.

A Be Simple foi distinguida na categoria Indústria 4.0. Um reconhecimento que surpreendeu Sílvia Leal, CEO da empresa que se dedica à produção de vestuário, com especialização em malhas técnicas desportivas, fatos de banho, yoga e lingerie. “O foco da Be Simple sempre foi estar à frente, fazer um produto distinto e este reconhecimento é mais uma prova de que estamos no caminho certo”, referiu. Entre as inovações que valeram a distinção, a responsável destaca o desenvolvimento de um “sistema interno integrado que permite a todos os intervenientes visualizar o processo de produção da peça em tempo real”. Destacou ainda que, “hoje, a Be Simple possui uma versatilidade de produto enorme, não só porque consegue produzir dentro de portas produtos tão distintos como uma camisa, umas calças e um biquíni, mas também porque está estruturada para satisfazer um cliente nas grandes quantidades e em pedidos mais pequenos”.

A Belisotex foi reconhecida por registar o maior aumento do Volume de Negócios, tendo fechado o ano de 2021 nos 34 milhões de euros. A tendência de crescimento que lhe valeu este prémio voltou a comprovar-se no ano seguinte, tendo a empresa terminado 2022 com um volume de negócios de aproximadamente 40 milhões de euros. “O objetivo é manter esta fasquia atual”, referiu Belmiro Jorge Oliveira, Diretor Financeiro desta fábrica especializada na produção de artigos em malha. “A principal estratégia foi reagir muito rapidamente a todas as alterações de mercado, de maneira a percebermos como é que poderíamos oferecer mais valor aos nossos clientes. Isso traduziu-se, quase sempre, na maior velocidade de planeamento e execução. A nossa disponibilidade nos prazos de entrega tornou-se ainda mais valiosa, num período de tanta incerteza, e foi uma das principais valências que nos ajudou a atingir estes resultados”, justificou.

No que toca ao aumento das exportações, a Becri foi a empresa portuguesa que se destacou. Um título recebido com “um enorme prazer” pelo CEO, José Costa, “que demonstra o reconhecimento dos resultados financeiros e o esforço de toda a equipa”. Dedicada ao fabrico de artigos em malha, nas suas mais variadas composições e complementados com diferentes tipos de bordados, estampados, lavagens ou tingimentos, a Becri foca o seu posicionamento na exigência e na diversificação. “Hoje, trabalhar na Indústria Têxtil e do Vestuário é trabalhar para uma indústria nobre e que exige arte por parte das pessoas. Já não vendemos minutos, hoje Portugal vende serviços com valor acrescentado”, explicou José Costa. “Prova disso é que, nos últimos dez anos, com menos mão-de-obra e com menor número de empresas, conseguimos crescer e aumentar as exportações. Atingimos um patamar de excelência da Indústria Têxtil e do Vestuário e da marca ‘made in Portugal’”, destacou o CEO.

A marca portuguesa “Isto.” destacou-se na área do E-commerce. O reconhecimento foi entregue a Pedro Palha, CEO da marca. “É um enorme reconhecimento para uma marca com cinco anos, ser distinguida por um júri com tamanha credibilidade e experiência”, comentou. Inicialmente sem qualquer ligação à indústria têxtil (os backgrounds da equipa fundadora são gestão, marketing e design), a “Isto.” depressa encontrou os fornecedores e produtos certos em Portugal. Aliás, “parte da existência da marca assenta precisamente na produção e na valorização da indústria têxtil portuguesa”, referiu o fundador. A estratégia é a mesma desde o primeiro dia: “criar produtos de qualidade, utilizar fibras naturais e de excelência, chegar a mais clientes e novas geografias, sempre com sustentabilidade financeira e muita honestidade”, comentou, sublinhando que “a transparência é o fator mais essencial e distintivo para o sucesso da marca”.

Nova meta a atingir até 2030

O Secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, aproveitou a cerimónia para comentar que o setor se depara “com exigentes desafios num contexto de competição global, que requerem importantes transformações estruturais, para que continue a ser um setor de referência da economia nacional”. Enumerou e destacou como apostas: a digitalização e a automatização dos processos produtivos; a sustentabilidade e circularidade dos produtos – que pode ser obtida através da reciclagem, da extensão da vida dos produtos, da utilização de materiais sustentáveis e de baixa pegada ambiental e a inovação dos produtos, com posicionamento em mercados e em segmentos cada vez mais sofisticados, gerando mais valor acrescentado.

“A moda rápida passou de moda!” e “O vestuário não deve ser descartável!” – são frases-chave do manifesto de César Araújo, presidente da ANIVEC, que, com a mesma convicção, afirmou que toda a Indústria Têxtil e do Vestuário se mantém “firme nos esforços para uma produção mais sustentável e circular.” Durante o seu discurso, anunciou uma ambiciosa meta até 2030: “Que todos os produtos de vestuário colocados no mercado da União Europeia sejam duradouros, reparáveis e recicláveis; fabricados, em grande medida, a partir de fibras recicladas; livres de substâncias perigosas e produzidos respeitando os direitos sociais”. O líder da ANIVEC referiu, ainda, que “Portugal deve posicionar-se como um dos principais fornecedores, a nível mundial, de produtos têxteis e de vestuário sustentáveis.”

Fashion Design Competition: Suíça conquista primeiro lugar

A iniciativa MODAPORTUGAL reconheceu também os novos talentos da moda, através de uma nova edição do concurso europeu de jovens criadores. O Fashion Design Competition contou com a participação de 20 designers, provenientes das mais conceituadas escolas de moda de seis países europeus (Finlândia, França, Itália, Portugal, Reino Unido e Suíça). Norman Mabire-Larguier, finalista da Universidade Head Genève, foi o grande vencedor da noite. Mas “foi muito discutido”, explicou Eduarda Abbondanza, presidente do júri internacional composto por representantes provenientes dos países a concurso. O estudante da Suíça conquistou o consenso, “não só pelo seu lado conceptual, mas, sobretudo, pela sua capacidade de construção ao nível do vestuário”, partilhou.

“Estou muito feliz por a minha coleção ter sido premiada no MODAPORTUGAL Fashion Design Competition, é um grande reconhecimento do meu trabalho”, afirmou Norman Mabire-Larguier. O designer de moda descreve a coleção como “o resultado de uma busca e de um processo que é tão íntimo e pessoal” que prefere que “sejam as peças a falar por si”. [UNTITLED] explora “o trágico e exaustivo caminho que é a auto-aceitação”, através do uso de preto total, transparências delicadas e silhuetas que se apertam como camisas-de-força ou autoabraços, lembrando casulos prestes a rasgar. O aluno da Universidade Head Genève não foi, no entanto, o único vencedor, já que o MODAPORTUGAL atribui também um prémio por país.

As propostas a concurso foram apresentadas em formato desfile, ao qual se seguiu o jantar durante o qual, a apresentadora Sílvia Alberto anunciou os nomes premiados: da Suíça foi também vencedora Zoé Marmier, com a sua marca Agapornis. De Itália, destacou-se Fengqin Yue, estudante da Polimoda. Zoé Gerolymos, aluna do Institut Français de la Mode, foi a premiada de entre os representantes da França. Taneli Ukura, da Aalto University, foi a galardoada da Finlândia. O eleito do Reino Unido foi Dayoung Jang, estudante do London College of Fashion. Já a portuguesa a levar o reconhecimento para casa foi Andreia Reimão, finalista do Modatex.

Fábricas portuguesas surpreendem

Nos dias que antecederam a apresentação das coleções ao júri internacional, os estudantes e respetivos tutores tiveram a oportunidade de visitar fábricas têxteis e de vestuário portuguesas, como a Adalberto, a Calvelex, a Petratex, a Riopele, a Valérius 360 e o Citeve. Foram dois dias intensivos, com um objetivo comum: aproximar o sangue novo da moda à Indústria Têxtil e do Vestuário portuguesa. Na vanguarda da produção sustentável, as empresas que partilham a forte aposta na inovação, transparência e responsabilidade social, surpreenderam e conquistaram os seus possíveis futuros clientes.

César Araújo, Presidente da ANIVEC e CEO da Calvelex, esclareceu que “o evento MODAPORTUGAL traz ao nosso país o que chamamos de ‘semente’, que são os jovens que aportam não só novas perspetivas do negócio da moda, como ajudam a pensar o futuro da indústria, já que são eles também os seus futuros clientes e colaboradores”, referiu. “A indústria portuguesa do têxtil, do vestuário e do calçado é uma das melhores do mundo, mas precisamos de reforçar esta ponte com os jovens designers de moda. Esta união entre a indústria e a ‘semente’ tem de ser uma constante para todo o ecossistema”, acrescentou.

Luísa Lírio, Comercial da Petratex, reiterou que “é sempre bom trocar ideias com as novas gerações, absorver opiniões diferentes e mais frescas”.

Também Cristina Castro, Relações Públicas do Citeve – Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário, aplaudiu a iniciativa e sublinhou a importância da sua realização. Nas suas palavras, “esta é uma ótima forma de mostrar e comprovar a possíveis novos utilizadores a qualidade e os processos inovadores do setor”.

Ângela Teles, Gestora de Produto Sustentável e Projetos de Inovação da Riopele, concordou que este evento “permite a troca de impressões entre a indústria e os jovens designers de moda, sendo bastante educacional para ambas as partes”.

Por sua vez, Joana Girão Oliveira, Diretora de Marketing da Adalberto, reforçou a importância de “apoiar os recém-designers neste mercado tão dinâmico que é a moda, vê-los crescer e crescer com eles”.

Eugénia Teixeira, Head of Sustainability & Circularity do Grupo Valérius, realçou ainda que é fundamental motivar os novos criadores “a pensar em todas as fases do processo e conceção do produto moda, assim como a analisar o seu ciclo de vida e o impacto das diversas fibras no momento de escolha de matérias-primas”. Surpreendidos com toda a fileira da Indústria Têxtil e do Vestuário portuguesa, “estes jovens chegam sem conhecer a realidade das nossas fábricas e saem apaixonados e com a certeza de que Portugal é um excelente território de desenvolvimento e de produção de vestuário!”, concluiu César Araújo.

 

 

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