RTP lança mais cinco telefilmes “contados por mulheres”
No total são já assim dez os telefilmes realizados por mulheres ao abrigo deste projeto, algo inédito no audiovisual português e que visa corrigir "um profundo desequilíbrio no mercado português".
De volta para uma segunda temporada, “Contado por Mulheres” traz mais cinco telefilmes feitos através do olhar de cinco realizadoras tendo por base histórias de autores portugueses. Os filmes vão passar em horário nobre, na RTP, a partir de 3 de maio, e ficam disponíveis na RTP Play.
Serpentina (realizado por Laura Seixas), Jogos de Enganos (Rita Barbosa), O Pio dos Mochos (Diana Antunes), Há-de Haver uma Lei (Anabela Moreira) e A Hora dos Lobos (Maria João Luís), são os cinco telefilmes que a segunda temporada do projeto vai dar a descobrir aos portugueses. Em comum, está o facto de todos serem realizados por mulheres.
No caso de Serpentina, a película foi gravada em Oliveira do Hospital, e remonta ao ano de 1995, em que a falta de dinheiro faz com que um argumentista à procura de inspiração e um ator fracassado se vejam envolvidos numa história de gangsters. E há uma mala de dinheiro escondida na chaminé. O filme baseia-se na obra de Mário Zambujal.
Já Jogos de Enganos desenrola-se em Alcobaça, no ano de 1943, e é “uma comédia de maus costumes e boas famílias”. Na trama, uma família de posses entra em crise depois de o seu extenso pomar de maçãs ter ficado arruinado. Quando um suposto rico industrial nortenho chega à vila, o Major e D. Lúcia tentam aliciá-lo com um rico dote para casar com a sua filha Cilinha, mas as aparências podem enganar. O livro “Pequenos Burgueses”, de Carlos de Oliveira, é a fonte de inspiração.
Miranda do Corvo, em 1933, é o cenário de O Pio dos Mochos, no qual um jovem operário que não consegue deixar o passado para trás é escolhido para uma luta sindical contra o Estado Novo. Entre a repressão policial e os fantasmas do seu passado, Tomé vai seguindo a sua luta num confronto moral constante. O filme é inspirado no livro “Contos Vermelhos”, de Soeiro Pereira Gomes. Resiliência, a luta de um povo perante diferentes injustiças, relações humanas, erros e conquistas: está tudo presente na trama.
Embora decorra na cidade templária de Tomar, este não é um filme sobre os cavaleiros da Ordem. Há-de Haver uma Lei é antes um filme de mistério e assassinato. Adotada por um casal de posses, Luizinha vê morrer Ercília, a mulher que a adotou, para depois ver Berta – a nova madrasta – também ser assassinada. “Entre mães, madrastas, empregadas ou enteadas, numa família não existe uma só verdade. E quando cai o primeiro cadáver, e vão todos a tribunal, tudo se complica”, revela-se na sinopse. Da autoria de Maria Archer, foi o livro “Há-de Haver uma Lei” o que esteve na base do filme.
Em A Hora dos Lobos, Leandro e a filha Mariana vivem do que o mar lhes dá. Mas quando Mariana é violada, Leandro resolve fazer justiça pelas próprias mãos, matando o culpado. Obrigado a tornar-se num homem em fuga, Leandro acaba a deambular pelos campos, sendo acolhido por um bando de saltimbancos “que, apesar de ladrões, se encontram no lado certo da história”. Gravado em Catanhede, o filme inspirou-se no livro “Alcateia” de Carlos de Oliveira.
“Encontrar pequenas histórias que representassem a realidade portuguesa dos últimos 100 anos. São estas obras que nos ajudam a identificar mudanças na nossa sociedade, com as suas características regionais, fazendo-nos sentir os dramas de uma época ou os detalhes da atualidade”, lê-se na apresentação do projeto.
A produção é da Ukbar Filmes e RTP, em coprodução com a Krakow Film Klaster (Polónia), e as filmagens decorreram entre março e agosto de 2021 em diversos locais da região Centro, contando com o apoio das câmaras municipais, do PIC Portugal e do programa Garantir Cultura.
No total são assim dez os telefilmes realizados por mulheres ao abrigo deste projeto, algo inédito no audiovisual português e que visa corrigir “um profundo desequilíbrio no mercado português”, revelou-se na sua apresentação.
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