Grupo Valérius já investiu 1,8 milhões de euros na revitalização da Dielmar
Do esforço de várias entidades públicas e privadas resultou a formação, requalificação e reintegração de perto de 200 colaboradores em situação de desemprego, referiu também o presidente da empresa.
O presidente da Dielmar afirmou esta quinta-feira que o grupo Valérius já investiu 1,8 milhões de euros no plano de revitalização da fábrica de Alcains e que só no final do ano haverá dados concretos sobre a nova vida económica da empresa.
“Visto que a empresa se encontrou em restruturação em 2022, só no final de 2023 é que teremos dados concretos sobre a nova vida económica da empresa e a faturação correspondente a estes tempos de profundas mudanças na Dielmar“, afirmou Alcino Rafael, numa entrevista à agência Lusa, após a aquisição da fábrica de confeções de Alcains pelo grupo Valérius, em 2022.
“Este plano de revitalização [da Dielmar], que já conta com um investimento de 1,8 milhões de euros, permitiu a implementação de técnicas de produção mais eficientes e concorrenciais, aproveitando, deste modo, o ‘know-how’ [conhecimento] e a motivação de uma equipa focada em conseguir o respeito e preferência de cada vez mais clientes” acrescentou, sublinhando que do esforço de várias entidades públicas e privadas resultou a formação, requalificação e reintegração de perto de 200 colaboradores em situação de desemprego.
Alcino Rafael realçou ainda a adaptação e modernização de equipamentos e instalações industriais realizadas na Dielmar, de forma a encarar as exigências do mercado atual.
O presidente da empresa sublinhou que a Dielmar está focada “naquilo que, ao longo de décadas, sempre fez com habilidade: Fatos de grande qualidade para homem, de alfaiataria, com tecidos exímios muito duráveis”.
“Para já, num ano de enorme esforço, a Dielmar procura conjugar a identidade de qualidades coesas com que nasceu com a essência jovial e dinâmica do homem atual”, disse.
A empresa já está presente em vários países, nomeadamente Espanha, França, Inglaterra, Austrália, Canada, EUA e Brasil.
Em termos estratégicos, Alcino Rafael disse que “o processo de rebranding da marca já começou mantendo o legado e valores da empresa cujas origens remontam a 1965 e o reforço da presença nos canais B2B (venda de produtos/serviços para outras empresas) e B2C (venda ao cliente final)” através de plataformas ‘online’ e ‘offline’ da empresa.
Adiantou também que brevemente vão “lançar uma nova e renovada coleção de cerimónia e a coleção de PV24, mas apostando sobretudo na qualidade e sustentabilidade dos materiais, como é tradição da marca”.
Sobre o futuro, o presidente da Dielmar salientou que 2023 é o ano para a empresa se reerguer “e retomar o seu legado de qualidade inigualável, caracterizada pela excelência e elegância de cada produto concebido, e elevando os conceitos de contemporaneidade e longevidade para um novo patamar”.
Alcino Rafael aborda a crescente procura por produtos têxteis sustentáveis e entende que essa sustentabilidade está intrinsecamente associada à diminuição da produção para que não haja excedentes que acabem em aterros, assim como na longevidade dos produtos.
“A Dielmar preocupa-se em encontrar matérias-primas que cumpram estes requisitos. Acreditamos que o made-to-measure e a personalização são fatores chaves para que um fato consiga ter um ciclo de vida mais duradouro”, reforçou.
A fábrica de Alcains está a utilizar atualmente tecnologia para melhorar a eficiência e a qualidade dos produtos.
“Neste momento estamos a utilizar o software CLO 3D, que nos permite elaborar as amostras em digital. Só quando estiverem perfeitas é que as passamos para a amostra final. Temos a última versão nos nossos softwares de modelação e equipamos toda a unidade com novas máquinas de forma a otimizar todos os processos e melhorar a qualidade dos mesmos”, destacou Alcino Rafael.
Este responsável disse que atualmente o mercado nacional começa a sentir a diminuição da inflação sentida há cerca de um ano relativamente ao preço das matérias-primas.
“Esperamos que estabilize, e sentimos que não irá para os níveis do passado, mas que ficarão no meio termo entre aquilo que eram os preços praticados e o máximo da inflação”, reforçou.
Quanto à concorrência, nomeadamente com empresas têxteis estrangeiras, Alcino Rafael firmou que um dos aspetos diferenciadores “está na construção do fato”.
“A Dielmar orgulha-se de ser uma das poucas empresas ativas que fabrica fatos semi-tradicionais, que permitem uma elevada qualidade e durabilidade do produto. Acreditamos que as pessoas que compravam e compram Dielmar conseguiam notar a qualidade dos produtos e, efetivamente, esse é o nosso principal fator de diferenciação: qualidade a preço justo para o nosso mercado“.
Alcino Rafael sublinhou ainda que a Dielmar tem uma grande responsabilidade social na comunidade em que se insere.
“É uma das empresas que mais emprega no distrito de Castelo Branco, um distrito com pouca indústria alternativa relevante. Manter os 200 postos de trabalho foi um esforço enorme de que muito nos orgulhamos“, realçou.
Quanto à escassez de mão-de-obra qualificada na indústria têxtil, o presidente da empresa explicou que os 50 anos da história da Dielmar mostram que têm “contribuído muito para a formação de equipas e novos profissionais”.
“Temos colaboradores de várias idades e muita experiência, aos quais queremos continuar a dar formação e a qualificar numa indústria que é tão importante para o concelho de Castelo Branco. Nesse sentido, temos uma parceria com a Modatex e uma sala de formação interna. Com esta parceria, esperamos, até ao final do ano, ter 250 postos de trabalho ativos“, concluiu.
Fundada em 1965, em Alcains, no concelho de Castelo Branco, por quatro alfaiates que uniram os seus conhecimentos, a Dielmar, que empregava mais de 300 trabalhadores, pediu a insolvência ao fim de 56 anos de atividade, uma decisão que a administração atribuiu aos efeitos da pandemia de covid-19.
O pedido de insolvência foi apresentado no dia 2 de agosto de 2021, tendo o Juízo de Comércio do Fundão da Comarca de Castelo Branco declarado a insolvência no dia seguinte.
Após o processo de insolvência da Dielmar em 2021, o grupo Valérius, de Barcelos, adquiriu a empresa em 2022.
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