Porta-voz destaca “diferença” que o PAN tem feito. Adversário diz que partido “merece mais e melhor”
IX Congresso do PAN arrancou hoje, em Matosinhos. Inês Sousa Real defendeu "a diferença que o partido tem feito no panorama político português". Adversário quer reforçar democracia interna.
O IX Congresso do PAN arrancou hoje, em Matosinhos, com a eleição da mesa, que será presidida por Alexandra Reis Moreira, e com o discurso da porta-voz, que destacou “a diferença que o partido tem feito no panorama político português”. Já o adversário, Nelson Silva, defendeu hoje que o partido “merece mais e melhor, muito melhor”.
A nona reunião magna do Pessoas-Animais-Natureza decorre na Escola Básica de Matosinhos, no distrito do Porto, com o lema “A natureza que nos une”. A eleição da mesa do congresso decorreu por voto secreto, enquanto os delegados iam chegando, a partir das 08:30.
Pelas 09:40, a comissão organizadora do congresso abriu os trabalhos formalmente, no auditório da escola, e anunciou que a lista A, a única candidata, contou com 71 votos, 20 brancos e oito nulos e os trabalhos passaram a ser conduzidos por Alexandra Reis Moreira, presidente da mesa.
Logo no início, a oposição reclamou um lugar na mesa, mas não foi atendida essa pretensão, o que levou a protestos na sala, e provocou uma votação aclamativa do regulamento do congresso, aprovado com 23 votos contra e 89 a favor.
O resultado provocou críticas, com um delegado a acusar os membros da mesa de “fascistas” e outro a subir ao púlpito para fazer uma declaração de voto e para criticar o regulamento interno e o facto de o congresso decorrer apenas num dia, o que, segundo aquele filiado, prejudica a “democracia interna” do partido.
A sessão de abertura do congresso contou também com uma intervenção da porta-voz do PAN, que realçou a “diferença que ao longo destes 13 anos o PAN tem feito no panorama político português”. Inês de Sousa Real elencou o trabalho que tem feito como deputada única na Assembleia da República na atual legislatura, onde apresentou 282 iniciativas, tendo sido aprovadas 23.
A recandidata a líder disse esperar que esta reunião magna seja “um espaço de reflexão e de ideias”. Apontando o atual “contexto bem diferente” daquele que existia quando foi eleita há dois anos, referiu que “em apenas 13 meses” a direção “foi chamada a apresentar-se a eleições autárquicas”, às quais apresentou um “número de candidaturas histórico” e conseguiu “o maior número de eleitos locais”.
A deputada única apontou também o “momento interno desafiante” que o partido atravessava e criticou também a desfiliação, em 2020, da ex-deputada Cristina Rodrigues e do eurodeputado que conseguiu eleger, falando numa “apropriação pessoal” do mandato por Francisco Guerreiro.
“Sabemos também que no momento em que o coletivo precisou que disséssemos presente, nem todo responderam ao repto que o partido clamava, de união, debate salutar, de construção de um partido mais forte para fazer face aos desafios internos e externos”, acrescentou.
Sobre as últimas eleições legislativas, salientou que o programa feito “em tempo recorde” foi “reconhecido por várias personalidades e entidades como o melhor da área ambiental, animal, saúde e até internacional, atestando qualidade dos quadros do partido”.
Sousa Real não se referiu diretamente à perda de votos e passagem de quatro deputados eleitos para um, mas reconheceu “erros” e indicou que o resultado obrigou a “uma reestruturação política e financeira do partido”.
A porta-voz apontou críticas também ao Governo, falando numa “maioria absoluta perdida em si mesma, perdida nas sucessivas crises políticas que têm minado a confiança dos cidadãos no poder político, nas instituições e na decência que aos governantes cabe promover”.
“Foi marcada por casos e decisões que inequivocamente fragilizam o Estado de direito e a legitimidade deste Governo. A vida dos portugueses tem estado em suspenso por conta de o Governo incapaz de dar as respostas que o país precisa, um Governo que está a deixar passar a oportunidade única de executar fundos comunitários que são absolutamente fundamentais” e se “tem esquecido que o relógio climático não para” e “deixado para segundo plano a proteção animal”.
Nelson Silva defende que partido “merece mais e melhor”
O candidato à liderança do PAN Nelson Silva defendeu hoje que o partido “merece mais e melhor, muito melhor” e afirmou que se for eleito porta-voz vai acabar com a “lógica de militantes de primeira e militantes de segunda”.
“A candidatura ‘Mais PAN’ pretende abrir o PAN às suas pessoas, à sociedade, e convida a um maior escrutínio das suas lideranças”, afirmou, durante a apresentação da moção global de estratégia que apresentou ao IX Congresso do PAN, que decorre hoje em Matosinhos (distrito do Porto).
O antigo deputado apontou que “o que realmente difere” na sua candidatura daquela protagonizada pela atual porta-voz, Inês de Sousa Real, “é o sentido de democracia que queremos que o PAN tenha, é o tipo de partido que queremos ser de hoje em diante”.
“Por mais propaganda interna que seja veiculada em forma de bolha com o objetivo de confundir, denegrir ou enganar, o que é diferente nas suas moções globais de estratégia não são linhas programáticas nem redefinições ideológicas do nosso partido”, considerou.
“Teremos uma real separação de poderes, maior fiscalização quer a nível político, quer a nível financeiro entre congressos, iremos dar igual voz a todas as pessoas do PAN, possibilitando eleições diretas a quem delas queira fazer parte e terminando com a lógica de militantes de primeira e militantes de segunda”, defendeu.
Nelson Silva indicou também que propõe “simplificar o processo de candidatura dentro do partido, para fomentar, incentivar a participação ativa” dos filiados, além da passagem de um para dois porta-vozes “de géneros diferentes”.
O candidato à liderança propõe ainda “mais fóruns de debate político interno”, abrir o partido “à participação das pessoas”, e “voltar a conquistar a credibilidade perdida e a confiança não só dos votos que perdemos, mas também a conquista de novos votantes que sintam a forte mensagem do PAN”.
“Iremos finalmente aplicar dentro o que defendemos para fora. O PAN merece mais e melhor, muito melhor, e para isso contarão com certeza com esta candidatura”, garantiu.
O antigo dirigente — que integrou a Comissão Política Nacional de Inês Sousa Real, mas saiu no passado com críticas à democracia interna — indicou igualmente que a sua direção irá “dar mais força às estruturas locais, recuperando a autonomia que a direção que agora cessa o seu mandato lhes roubou”.
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