BRANDS' ECO “Avançamos para pagamentos cada vez mais imediatos”

  • BRANDS' ECO
  • 1 Junho 2023

David Brito, diretor-geral da Ebury, revelou, em entrevista ao ECO, os impactos da Inteligência Artificial e da Big Data no setor dos pagamentos e, concretamente, nas transações internacionais.

No cenário atual de negócios internacionais, a tecnologia tem desempenhado um papel fundamental na evolução dos pagamentos e das soluções financeiras. Com a ascensão da Inteligência Artificial (IA) e da Big Data, surgem oportunidades sem precedentes para otimizar processos, aumentar a eficiência e melhorar a experiência global de transações financeiras.

Em entrevista ao ECO, David Brito, diretor-geral da Ebury, explorou este tema e partilhou o impacto que a IA e a Big Data teve nos pagamentos internacionais, ao mesmo tempo que apresentou algumas das soluções financeiras mais relevantes para empresas que operam em contexto global.

Além de explorar a forma como a IA e a Big Data estão a transformar a forma como as empresas gerem as suas transações internacionais, David Brito também analisou os desafios e as oportunidades desta nova era financeira, destacando as ferramentas e estratégias que podem impulsionar o sucesso dos negócios num ambiente global cada vez mais conectado.

A Ebury é especialista em soluções financeiras para negócios internacionais. De que forma a Inteligência Artificial e a Big Data têm agilizado os processos de transações internacionais?

A Ebury tem no seu DNA investir e fazer o melhor uso das tecnologias disponíveis, de forma a tornar a experiência do utilizador final o mais positiva possível. E tanto Inteligência Artificial como a Big Data têm vindo cada vez mais a ser utilizadas nos nossos processos.

Posso dar três exemplos práticos: I) melhoria dos sistemas de deteção de fraudes, operações suspeitas e sancionadas; II) modelos que fazem uso da IA e Big Data para uma gestão de risco mais precisa; III) utilização de ferramentas desenvolvidas pela Ebury que nos permitem, de forma mais eficiente, contactarmos possíveis clientes, uma vez que, com suporte IA e Big Data, é possível aumentar a probabilidade de o cliente contactado ter real necessidade dos nossos produtos.

O que é que ainda precisa de ser melhorado para que as transações internacionais sejam mais imediatas e com menos custos associados?

Sem dúvida que tornar os pagamentos internacionais imediatos e com custos reduzidos deve ser uma prioridade. Temos visto alguns desenvolvimentos importantes, como, por exemplo, as transferências imediatas dentro do espaço SEPA. Na Ebury, já há vários anos que conseguimos, na maioria das divisas internacionais, fazer uma operação cambial em que o pagamento e respetivo recebimento acontece no mesmo dia. Também já temos capacidade de fazer um pagamento em divisa estrangeira de forma imediata, mas apenas quando quem envia e quem recebe o pagamento são ambos clientes Ebury.

No caso dos pagamentos internacionais em moeda estrangeira, existe ainda um caminho a percorrer para que esses pagamentos possam ser imediatos de forma generalizada. Por exemplo, um pagamento em dólares tem sempre de passar por um banco correspondente nos Estados Unidos, além de ter de respeitar uma série de regras, que podem ser diferentes de moeda para moeda. Adicionalmente, em cada pagamento, é também necessário verificar se existe alguma entidade sancionada ou se existe alguma restrição da própria moeda ou de algum Banco Central envolvido. Muitas destas verificações exigem a intervenção humana, o que dificulta a implementação de um sistema de pagamentos imediatos.

De que forma os novos modelos de negócio têm afetado o vosso setor?

Os novos modelos de negócio, na realidade, têm trazido mais oportunidades ao setor financeiro e são catalisadores de inovação e de novos produtos. A título de exemplo, o crescimento do online e do e-commerce abriu oportunidades de mercado e de internacionalização que, no passado, apenas estariam disponíveis para empresas de maior dimensão. A esse nível, e como exemplo, vemos cada vez mais clientes interessados em ter Ebury Accounts (contas locais em divisa estrangeira) na Austrália, Polónia ou Reino Unido porque têm um negócio online e recebem nessas divisas.

Quais têm sido os maiores desafios que têm atravessado e como os superam?

Um dos principais desafios com que uma fintech como a Ebury se tem vindo a deparar acaba por ser o pouco conhecimento que o mercado tinha (e, em alguns casos, ainda tem) sobre a possibilidade de uma empresa poder trabalhar a gestão cambial e os pagamentos internacionais com uma fintech e não apenas com um banco tradicional. Diria que, ao longo destes últimos anos, temos trabalhado com sucesso para passar a mensagem de que a gestão de pagamentos internacionais pode ser feita de forma eficiente, segura e regulada, através de uma empresa especializada.

Por outro lado, outro dos desafios passa por manter a inovação e agilidade de processos no meio de um setor que tem (e bem) muita regulação e alguma burocracia. Temos vindo a fazer um forte investimento em tecnologia para que os nossos processos mantenham os controlos e requisitos regulatórios com a menor burocracia possível.

Como serão as transações internacionais do futuro? O que vai mudar?

De forma mais geral, vemos cada vez mais as transações internacionais a irem de encontro a uma experiência de consumidor mais digital, ágil e desburocratizada. A preocupação com fraudes e com aspetos regulatórios será algo que estará sempre muito presente. Por fim, também é um facto que avançamos para pagamentos cada vez mais imediatos.

Por outro lado, existe muita tecnologia ligada ao blockchain, que será – a meu ver mais lentamente que rapidamente – aplicada nos sistemas de pagamentos internacionais. De referir, também, os desenvolvimentos que os bancos centrais, nomeadamente o BCE, têm feito nas moedas digitais. A fase de estudo e discussão do euro digital deve terminar em outubro de 2023, portanto, devemos ter novidades em breve.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

“Avançamos para pagamentos cada vez mais imediatos”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião