Fernando Pinto “não terá cometido pecado de correr em pista dupla” na TAP, diz Pires de Lima

O antigo ministro da Economia afirmou na CPI à TAP que quando a Atlantic Gateway foi criada, em junho de 2015, o antigo CEO da companhia não constava da lista de administradores.

António Pires de Lima, ex-ministro da Economia do Governo PSD/CDS, afirmou aos deputados da comissão parlamentar de inquérito que não sabia que Fernando Pinto, ex-CEO da TAP, tinha surgido como administrador da Atlantic Gateway antes desta comprar 61% da companhia aérea. Mas considerou um “erro administrativo lamentável” e não acredita que tenha existido deslealdade.

“Não sabia e não quero acreditar”, respondeu Pires de Lima, questionado por Filipe Melo, do Chega, referindo-se ao período em que ainda era ministro, tendo deixado o cargo no final de outubro de 2015. “Sabia que isso foi público na altura, no dia 6 ou 7 de novembro, que o engenheiro Fernando Pinto apareceu como administrador da Atlantic Gateway, tendo logo de seguida pedido a renúncia por se tratar de um erro administrativo lamentável”, afirmou.

O ex-CEO foi simultaneamente gestor da TAP e da Atlantic Gateway quando esta estava a comprar a companhia aérea e depois de concluir a aquisição, afirmou Bruno Dias, deputado do PCP, durante a audição de Sérgio Monteiro, antigo secretário de Estado das infraestruturas na comissão parlamentar de inquérito à TAP. Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, insistiu no tema, referindo que num relatório da Ernst & Young Fernando Pinto consta como estando nos órgãos sociais desde 19 de junho.

“Suspeitava-se que Fernando Pinto podia figurar nos órgãos sociais da Atlantic Gateway em maio ou junho. Tive a oportunidade de ir ver os registos oficiais. A Atlantic Gateway foi constituída a 19 de junho de 2015. Foram nomeados os administradores a 22 de junho e Fernando Pinto não era um deles”, afirmou Pires de Lima.

O próprio Fernando Pinto assumiu na altura que isso aconteceu durante 48 horas devido a um “erro administrativo”. Pires de Lima assinalou que o antigo CEO mereceu a confiança de governos social-democratas e socialistas. “Era uma pessoa íntegra e com certeza não terá cometido pecado de ter estado a correr em pista dupla”.

“Seria de uma gravidade grande para o engenheiro Fernando Pinto e para a sua reputação, e não sei se para Humberto Pedrosa e David Neeleman, se tivessem entrado em contratualização de serviços com Fernando Pinto antes da privatização”, acrescentou.

“Digo perentoriamente que a afirmação do referido deputado está errada quando afirmou que Fernando Pinto tinha um vínculo com o consórcio Gateway previamente à privatização”, afirmou também David Neeleman, antigo acionista da Atlantic Gateway, em resposta a perguntas do ECO. A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) exigiu que isso viesse a suceder depois da privatização, acrescentou.

“No dia 4 de novembro, devido a um erro administrativo de escrita, a empresa indicou Fernando Pinto na lista de órgãos sociais como seu gerente (que eram exatamente os mesmos a indicar para a TAP), quando era suposto e estava previsto ser nomeado apenas para a administração da TAP“, garante o empresário de nacionalidade brasileira e americana.

(notícia atualizada às 17h33 com mais declarações)

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