“Horrores da guerra não podem ser tratados de forma seletiva”, diz Lula da Silva, ao lado de von der Leyen

  • Lusa
  • 12 Junho 2023

A União Europeia anunciou ainda um investimento de 10 mil milhões de euros no continente e no Caribe, dos quais dois mil milhões de euros serão alocados em investimento de hidrogénio verde no Brasil.

A presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen anunciou esta segunda-feira avultados investimentos no Brasil, em áreas como energia, indústria e Fundo da Amazónia. Lula da Silva disse ainda que “os horrores da guerra e o sofrimento que ela provoca não podem ser tratados de forma seletiva”.

Através da iniciativa europeia Global Gateway (Portal Global), a União Europeia (UE) pretende investir 10 mil milhões de euros no continente e no Caribe, dos quais dois mil milhões de euros serão alocados em investimento de hidrogénio verde no Brasil, com foco na “eficiência energética”.

O anuncio foi feito em Brasília, numa declaração à imprensa, no Palácio do Planalto, em que participaram Ursula von der Leyen e o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. O Brasil é uma “superpotência na energia renovável”, descreveu a presidente da Comissão Europeia, que aproveitou para elogiar os esforços do país em querer desflorestação zero até 2030.

Ursula von der Leyen anunciou ainda “20 milhões de euros para o Fundo Amazónia”, também através do Global Gateway e encorajou ainda os países da UE a alocarem mais dinheiro neste fundo, que tem cerca de 1.000 milhões de dólares de contribuição da Noruega e Alemanha e mais 500 milhões de dólares anunciados em abril pelo congresso norte-americano. Lula da Silva, em sintonia com a responsável europeia, frisou que “o caminho deve ser a formação de parcerias para o desenvolvimento sustentável”.

“O planeta não suporta mais as pressões de uma globalização predatória do ponto de vista ambiental, social e económico”, disse o chefe de Estado, relembrando que essa preocupação levou o Governo brasileiro a sediar em Belém, em agosto, a Cimeira dos Países Amazónicos.

“Unir capacidades em matéria de pesquisa, conhecimento e inovação é igualmente decisivo como resposta ao desafio de gerar empregos e distribuir renda. Queremos estabelecer uma efetiva parceria digital com a União Europeia, na área de tecnologias da informação, regulação do espaço digital, 5G e semicondutores”, afirmou.

Por outro lado, em relação à guerra na Ucrânia, as posições dos dois líderes não se alteraram, com Lula da Silva a reiterar que o Brasil condena a invasão territorial, mas que “não há solução militar para esse conflito”. “Precisamos de mais diplomacia e menos intervenções armadas na Ucrânia, na Palestina, no Iémen. Os horrores da guerra e o sofrimento que ela provoca não podem ser tratados de forma seletiva”, frisou.

Nesta matéria, Ursula von der Leyen afirmou que o “Brasil terá um papel importante a desempenhar como presidente do próximo G20” e recordou que esta guerra afeta todos, não apenas a Ucrânia. “O Brasil sentiu com a dificuldade em obter fertilizantes”, sentiu dificuldades com a inflação e com o aumento dos preços da matéria-prima, referiu, avançando que espera receber o Presidente brasileiro em Bruxelas. Van der Leyen está hoje no Brasil, na sua primeira paragem de uma viagem de quatro dias em que também se reunirá com os presidentes da Argentina, Chile e México.

Lula mostra preocupação sobre novas exigências no acordo UE-Mercosul

O chefe de Estado brasileiro demonstrou ainda preocupações, perante a presidente da Comissão Europeia, relativamente às novas exigências feitas pela UE no acordo comercial com o bloco Mercosul.

Expus à presidente Van Der Leyen as preocupações do Brasil com o instrumento adicional ao acordo apresentado pela União Europeia em março deste ano, que amplia as obrigações do Brasil e as torna objeto de sanções em caso de incumprimento”, afirmou Lula da Silva, no Palácio do Planalto, em Brasília, numa declaração ao lado da presidente da Comissão Europeia.

Lula sublinhou ainda que “a premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é a da confiança mútua e não de desconfiança e sanções”. “Em paralelo, a União Europeia aprovou leis próprias com efeitos extraterritoriais e que modificam o equilíbrio do Acordo. Essas iniciativas representam restrições potenciais às exportações agrícolas e industriais do Brasil”, disse.

Estas afirmações acontecem numa altura em que a UE aguarda contrapropostas do Mercosul (do qual fazem parte Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) ao instrumento de garantias ambientais proposto pelos europeus nas novas negociações do acordo comercial que ambos os blocos assinaram em 2019 e que está pendente de ratificação.

Enquanto a UE exige garantias de que não importará produtos do Mercosul que contribuam para a desflorestação ou para as alterações climáticas, alguns membros do Mercosul, como o Brasil, pedem para renegociar o que já foi acordado sobre compras governamentais. Por outro lado, Ursula van der Leyen afirmou que chegou a “hora de concluir o acordo”, sublinhando confiança numa conclusão no “mais tardar até final do ano”.

Mandámos uma carta como um instrumento adicional e aguardamos a sua resposta”, disse. “Esse acordo é mais do que um acordo comercial, é uma plataforma para diálogo”, é um compromisso a longo prazo, frisou a responsável europeia. Van der Leyen está hoje no Brasil, na sua primeira paragem de uma viagem de quatro dias em que também se reunirá com os presidentes da Argentina, Chile e México.

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