Indústria de capital de risco contesta limites a buyouts no programa Consolidar

  • Lusa
  • 13 Julho 2023

"A decisão coloca em causa a vocação intrínseca do programa Consolidar, que é permitir a grupos empresariais portugueses modernizarem a sua gestão, ganharem escala", defende a APCRI.

A Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI) vai contestar a decisão do Banco Português de Fomento (BPF) de limitar as possibilidades de as sociedades gestoras de capital de risco comprarem participações (buyout) no âmbito do programa Consolidar.

A indústria de capital de risco considera que essa decisão coloca em causa a vocação intrínseca do programa Consolidar, que é permitir a grupos empresariais portugueses modernizarem a sua gestão, ganharem escala e instituírem novas forma de governação, com vista à criação de novos modelos de negócios mais competitivos capitalizando as sociedades com o dinheiro dos seus investidores e assegurar o sucesso do investimento”, sustenta a APCRI num comunicado divulgado esta quinta-feira.

Segundo a associação, numa reunião marcada para sexta-feira com o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, a direção da APCRI irá transmitir ao governante que “impedir os buyout coloca o próprio conceito de ‘consolidação’ empresarial em causa, uma vez que há um conjunto de medidas de gestão que só são possíveis concretizar com o controlo da maioria do capital”.

No encontro, os representantes da indústria de capital de risco pretendem ainda alertar Costa Silva para o facto de, “na maioria dos países da União Europeia, regulados pelas mesmas regras que Portugal, não existirem as entropias à aplicação de fundos europeus como as que estão a ser criadas pelo BPF”.

De acordo com a APCRI, a direção da associação solicitou também, há já três semanas, uma reunião à gestão do Banco de Fomento “para poder fazer a mesma demonstração e obter uma reversão da decisão tomada”, mas ainda não obteve resposta. Citado no comunicado, o presidente da APCRI, Luís Santos Carvalho, explica que esta situação “levanta dois tipos de paradoxos”.

“O primeiro tem a ver com a própria filosofia do programa Consolidar, o qual, como o próprio nome indica, tem como objetivo fazer crescer as empresas intervencionadas, consolidar o seu negócio e assegurar o sucesso do investimento”, afirma. “O segundo paradoxo – acrescenta – é que o programa Consolidar selecionou sociedades gestoras que tinham nas suas estratégias de investimento ‘buyouts’ que agora estão a ser proibidos”.

Segundo a associação, o principal argumento do Banco de Fomento para proibir os buyouts – transmitido numa carta que a instituição enviou às 14 sociedades de risco selecionadas para o programa Consolidar – “é que esse uso dado às verbas europeias não se trata de um investimento no beneficiário final – as empresas intervencionadas – conforme determinado nas fichas técnicas do programa”.

Contudo, na opinião do presidente da APCRI, “há ‘buyouts’ imprescindíveis para concretizar investimentos nas empresas beneficiárias, usando o controlo da maioria do capital para promover novos modelos de negócio”. “São estes aspetos que iremos transmitir, primeiro ao ministro da Economia, depois ao Banco de Fomento, para tentar chegar a uma solução de consenso”, afirma Luís Santos Carvalho.

Para o fundador da Vallis Capital Partners, “neste como noutros domínios, não faz sentido Portugal ter regras que criem maiores dificuldades ao investimento do que outros países europeus, sobretudo quando o seu tecido empresarial precisa tanto de medidas que promovam ganhos de escala e a consolidação de empresas”. A este propósito, o responsável salienta que “o peso dos buyouts em Portugal fica abaixo dos 20% nos investimentos das sociedades gestoras, o que é significativamente inferior à média europeia, que oscila entre os 60% e os 75%”.

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