Protestos no sul de Itália contra fim do subsídio anti-pobreza

  • Lusa
  • 31 Julho 2023

Do total de 169 mil famílias que receberam a mensagem da suspensão do direito ao subsídio anti-pobreza já em agosto, cerca de 43 mil residem na região de Campânia, e 22 mil na província de Napóles.

O sul de Itália foi esta segunda-feira palco de vários protestos depois de no fim de semana cerca de 169 mil famílias terem sido notificadas da supressão do rendimento de cidadania, por decisão do governo de Giorgia Meloni.

Um dos protestos teve lugar em Nápoles, capital regional da Campânia e uma das cidades onde mais famílias beneficiam do rendimento básico, com algumas dezenas de pessoas a concentrarem-se diante da sede do Instituto Nacional de Segurança Social para contestar a abolição das prestações, que lhes foi comunicada por mensagem de texto SMS.

Do total de 169 mil famílias que agora receberam a mensagem da suspensão do direito ao subsídio anti-pobreza já a partir de agosto, cerca de 43 mil residem na região de Campânia, e 22 mil na província de Nápoles.

Diversas outras localidades no centro e sul de Itália – a zona mais pobre do país – assistiram também a protestos, e na localidade de Terrasini, na Sicília, um homem de 60 anos notificado da perda do rendimento invadiu o gabinete do presidente da câmara local, com um bidão de gasolina, ameaçando deitar fogo ao escritório e imolar-se, tendo no entanto sido travado.

Muitos autarcas manifestaram-se, de resto, preocupados com a medida e pediram explicações ao governo, até porque é expectável que em agosto e setembro mais 80 mil famílias sejam notificadas da suspensão das prestações de rendimento de cidadania de que beneficiavam até agora, e a legislação prevê que as pessoas cujas prestações são suspensas sejam atendidas pelos serviços sociais do município.

Precisamente no Dia do Trabalhador, a 01 de maio último, a primeira-ministra Giorgia Meloni, que lidera um governo de uma coligação de direita e extrema-direita, anunciou o fim dos subsídios anti-pobreza introduzidos há quatro anos, denominados ‘renda de cidadania’ e que apoiaram financeiramente cerca de 4 milhões de pessoas em 2022.

Argumentando que a medida – adotada em 2019 pelo governo de Giuseppe Conte, líder do Movimento 5inco Estrelas (M5S) – era demasiado onerosa, pois custou cerca de 8 mil milhões de euros aos cofres do Estado no ano passado, e desencorajava pessoas fisicamente aptas, especialmente jovens, a procurar emprego, o governo de Meloni substituiu o rendimento básico, do qual beneficiaram em junho passado 895 mil famílias em toda a Itália, por dois outros instrumentos.

Um apoio é o “subsídio de inclusão”, que entrará em vigor em janeiro de 2024 e abrangerá as famílias mais carenciadas com pelo menos um menor, uma pessoa com deficiência ou uma pessoa com mais de 60 anos, e o outro é um “apoio à formação e ao trabalho”, dirigido a pessoas capazes de trabalhar e que terão a obrigação de procurar emprego.

A materialização da supressão do subsídio anti-pobreza promete provocar tensões sociais, sobretudo nas regiões mais empobrecidas em Itália, e o antigo primeiro-ministro Giuseppe Conte já reagiu à suspensão da ajuda, afirmando que a mesma é “uma vingança” do governo de Meloni contra o M5S e “uma guerra ideológica” declarada aos pobres, antecipando “um outono de tensões”. “Um SMS para dizer a 169.000 famílias ‘desenrasquem-se’”, deplorou esta segunda Conte, numa publicação na sua conta oficial na rede social X (ex-Twitter).

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