Mali anula autorização de voos da Air France
A suspensão da Air France devia prolongar-se até esta sexta, mas a Air France anunciou que prolongou a suspensão dos seus voos até 18 de agosto "na sequência do golpe de Estado no Níger".
O Mali anulou a autorização da Air France para operar entre Paris e Bamaco, depois da companhia aérea ter suspendido os voos de e para o país, anunciou esta sexta-feira a autoridade da aviação civil.
Em 7 de agosto, a Air France suspendeu os seus voos para o Mali (sete ligações semanais) e para o Burkina Faso (cinco por semana), após o encerramento do espaço aéreo no vizinho Níger, onde uma junta militar depôs em 26 de julho o Presidente eleito, Mohamed Bazoum.
A suspensão da Air France devia prolongar-se até esta sexta, mas a Air France anunciou que prolongou a suspensão dos seus voos até 18 de agosto “na sequência do golpe de Estado no Níger e devido à situação geopolítica na região do Sahel”.
As autoridades do Mali, cuja liderança ascendeu ao poder igualmente com um golpe de Estado, já tinham tomado medidas contra a companhia aérea antes do prolongamento da suspensão, qualificando-a de “violação notória” das condições da sua autorização de exploração.
Segundo a agência France-Presse, numa carta enviada à companhia aérea, a Agência Nacional da Aviação Civil critica a Air France por não ter avisado previamente e ter causado “incómodos aos passageiros”. “Este incumprimento tem como consequência a anulação da vossa autorização de efetuar voos”, lê-se na carta. Este cancelamento aplica-se à “época de verão” da Air France, acrescenta. Este período deverá prolongar-se até outubro.
“O seu slot poderá ser atribuído a outra companhia aérea que o solicite”, afirma a agência, que pede à Air France que apresente um novo programa de voos antes de retomar o serviço. Um porta-voz da Air France confirmou este último pedido à agência noticiosa.
A Air France afirma que está “em contacto com as autoridades francesas” para “acompanhar constantemente a evolução da situação geopolítica nas zonas servidas e sobrevoadas pelos seus aviões” e sublinha que “a segurança dos seus clientes e tripulações é a sua prioridade absoluta”.
As relações entre a França, a antiga potência colonial empenhada militarmente ao lado do exército maliano contra o terrorismo islâmico desde 2013, e o Mali deterioraram-se acentuadamente desde que os coronéis tomaram o poder pela força em Bamaco, em agosto de 2020.
A junta expulsou as forças francesas em 2022 e virou-se política e militarmente para a Rússia, tendo ainda expulsado o embaixador francês. Esta semana, a França e o Mali suspenderam a emissão de vistos para os cidadãos da outra parte pelos respetivos serviços consulares em Bamaco e Paris.
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